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Os grandes investidores do mercado político paraibano - Por Anderson Costa

Assim como no mercado de ações, em que vemos muitas pessoas investirem em uma ação buscando colher frutos apenas anos no futuro, assim também é no mercado da política.

Assim como no mercado de ações, em que vemos muitas pessoas investirem em uma ação buscando colher frutos apenas anos no futuro, assim também é no mercado da política. Muitos investem numa eleição buscando receber o seu pagamento dois anos depois. A verdade é que é muito valioso para alguns lançar candidaturas que sejam derrotadas, mas pulverizem o seu nome dentre a população para facilitar uma disputa. São verdadeiros agricultores de pleitos, lançam a semente dos seus nomes na mente dos eleitores com a paciência para que possam brotar no futuro.

A realidade é que a política é uma mistura de War, Monopoly e Dungeons and Dragons. Assim como no War, a estratégia é fundamental, é necessário ir conquistando os espaços do mapa para garantir-se como uma força e se catapultar para um novo nível. Tal qual no Dungeons and Dragons e muitos outros RPGs é necessário que o jogador, digo o político, vá derrotando adversários com sabedoria buscando lutar contra aqueles que estão no seu nível e ir ganhando aliados que o possibilitem enfrentar os grandes desafios tão almejados. Por fim, assim como no Monopoly, é necessário deter um espaço para si que lhe dará poder de negociação com aliados e calibre para enfrentar adversários, portanto ter um partido pra chamar de seu e recheado de aliados com presença política forte para avolumar o seu nome é essencial para quem deseja ocupar os principais espaços da política no estado.

É analisando estes fatores que podemos observar, e fazendo uma espécie de jogo de adivinhação que se pode imaginar quem são os nomes da política na Paraíba, que estão plantando alguma coisa em 2020 já pensando nos frutos que poderão ser saboreados em 2022. A realidade é que o cenário que se apresenta neste momento é que a disputa pelo governo do estado e pela vaga da Paraíba no senado federal daqui a dois anos serão verdadeiras brigas de facão. Além do candidato mais óbvio e que deverá estar na disputa, que é o atual governador, João Azevêdo, há muitos outros nomes que deixaram de disputar as eleições em oportunidades anteriores e que agora se apresentam sedentos para conseguirem uma das duas cadeiras.

Os dois primeiros que estão no segundo grupo dos que já podiam ter disputado, mas não foram, são os prefeitos de João Pessoa e Campina Grande, Luciano Cartaxo e Romero Rodrigues, respectivamente. Ambos demonstram um grande desejo de conseguirem eleger um sucesso aliado. Mais do que fortalecer seus próprios partidos, o que ambos realmente buscam é a oportunidade de se manter como lideranças fortes o bastante para disputarem o governo estadual e dessa vez sem terem de lidar com o dilema de arriscar anos de mandato garantidos em troca de uma disputa eleitoral. Mas Romero e Luciano sabem, portanto, que para isso ambos necessitam conseguir eleger aqueles que darão continuidade as suas gestões nas cidades em que atualmente governam. Até mesmo por isso ambos hesitam tanto em lançarem em definitivo o nome de seus candidatos. Pois sabem que no momento que fizerem isto terão que, tal qual Júlio César, dizerem: alea jacta est e partirem para a guerra.

Também enxergo que de dentro do clã Ribeiro poderá nascer em 2022 uma candidatura sincera ao governo do estado. Aguinaldo Ribeiro está preparando sua legenda para a tempestade perfeita neste sentido. Sua irmã Daniella atualmente é senadora e terá mais quatro anos garantidos no senado, ele poderá já ser presidente da Câmara dos deputados até então, o ex-governador Cícero Lucena que é filiado ao seu partido poderá ser prefeito da Capital. Nada melhor ao PP do que lançar o nome de Daniella, que caso saia derrotada mantém sua cadeira no Senado, para a possibilidade de ser a primeira governadora do estado da Paraíba.

Há também aqueles que sabem que precisam criar terreno suficiente para poder disputar a vaga ao senado federal que estará disponível daqui a dois anos. O primeiro interessado na cadeira obviamente será o atual dono dela, o inoxidável senador José Maranhão. Maranhão este ano abriu mão de sua estratégia de disputar a prefeitura de João Pessoa até mesmo por saber que dessa vez possui um aliado forte e que lhe dá chances reais de ter o prefeito da Capital ao seu lado daqui a dois anos. Maranhão não é bobo, sabe da força de Nilvan e sabe que um bom começo de gestão para Nilvan o capacita para garantir sua vaga no senado, ou quem sabe ousar e disputar novamente o governo do estado contra João Azevêdo.

Um nome que deverá vir babando para tentar tomar a vaga de Maranhão em Brasília é o ex-senador e ex-governador, Cássio Cunha Lima. Apesar das fotos felizes no instagram, das lives tranquilas em que relembra a memória do poeta Ronaldo Cunha Lima e a imagem de homem realizado com este período vivendo da advocacia em Brasília, Cássio é inerentemente um político. Como um bom político que ele é, não o vejo se isolando e aposentando-se totalmente da vida pública, mas acredito que ele realmente buscará voltar ao Senado Federal, ambiente em que ele consegue agir de forma confortável, ao qual é bem adaptado e no qual tem bom trânsito, inclusive já tendo sido vice-presidente da Casa.

Além de Cássio, o seu herdeiro natural e maior seguidor político, seu filho Pedro deve estar com um olhar mais do que especial sobre esta eleição. O deputado federal além de presidente estadual do PSDB é apontado como continuidade do clã. Continuidade esta que muitos acreditam que poderá efervescer em Campina Grande, mas que pode apresentar-se através de um salto numa repentina disputa pelo governo do estado, caso Pedro se veja diante de condições que o favoreçam. Um pai disputando forte o senado, um prefeito aliado em Campina Grande, uma boa distribuição de prefeituras do PSDB pelo estado podem ser o que Pedro espera para tentar seguir dando continuidade aos passos do avô e se tornar o novo governador da Paraíba.

Há ainda aqueles que buscam gabaritar-se este ano para poderem facilitar suas vidas como deputado na hora da reeleição, são estes o deputado federal Julian Lemos e o deputado estadual Anísio Maia. Julian conseguiu eleger-se bem na última eleição, mas ficou sob a pecha na visão de alguns que apenas teria sido eleito por ser considerado o candidato de Bolsonaro no estado. Conseguir se reeleger e, principalmente, se reeleger bem é a missão de Julian para ganhar força dentro do PSL. Já do outro lado da moeda, há Anísio Maia que ficou apenas como suplente nas últimas eleições. Duvido que o petista tenha ficado feliz com a situação, acredito que ele venha buscando renovar seu nome e sua imagem diante da população da grande João Pessoa para poder garantir uma cadeira somente sua em 2022.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba