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O tudo ou nada de Bolsonaro: O presidente arrisca todas as fichas e aparenta ter o domínio do jogo - Por Francisco Airton

Apenas para que a gente não se esqueça do que nos diz o dicionário: Genocídio - substantivo masculino que significa extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso.

Apenas para que a gente não se esqueça do que nos diz o dicionário: Genocídio – substantivo masculino que significa extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso. Destruição de populações ou povos.

O jogo fica a cada dia mais visceral na mesa verde desse enorme cassino chamado Brasil. Nas esferas mais altas do governo as apostas são, também, astronômicas. Assistindo do lado de fora, uma torcida meio a meio dividida. E a medida que crescem as apostas, mais perigosa fica a vida aqui fora!

É bem verdade que o governo Bolsonaro, de longe, é o mais desastrado que já passou por aqui! Não me arrisco a comparar tal forma, com “o homem da vassoura” por que eu estava nascendo quando o Jânio foi eleito para um mandato a partir de 1961, – o que não justifica não ter me debruçado sobre os livros para tal – mas sobre isso me cobrarei depois. Eleito em 1960, o seu mandato só durou sete meses. Precisaria me aprofundar em pesquisas para fazer tal comparação. Mas, de qualquer forma, não conheço outro governo por aqui para tentar tal comparação.

Acho que o tempo do Dr. Jânio foi muito curto, talvez, para que o país pudesse notar e qualifica-lo como um governo desastroso ou não. Mas a questão é que, das trapalhadas deste governo, do primeiro ano até agora, o Capitão foi se aprimorando nas artes de se equilibrar na corda que divide o cenário votante do país e foi descobrindo que, se não conseguia se projetar como um governante bem-feitor, aclamado por fazer o certo – pois não sabia e nunca soube como fazê-lo – poderia entrar para a história como um atrapalhado malvado-favorito de uma horda de adeptos do mal que não chegou a ter a mesma sorte de governar um país/continente, mas que poderia se ver projetada em sua liderança.

Genocida – substantivo masculino e feminino que é atribuído à pessoa que ordena ou é responsável pelo extermínio de muitas pessoas em pouco tempo.

O Brasil cavalga acelerado e, nesta terça-feira, 30, atingiu as quase 318 mil mortes por coronavírus, mal que o presidente continua teimando em desconhecer por que não é “coveiro”!

Mas até para realizar um desgoverno, é preciso ter talento. Pois fazer “mal feito” esse governo sabe fazer “muito bem feito”! Começo a desconfiar, sinceramente que, tudo o que foi praticado desde o começo, foi sendo, de certa forma, aprimorado ao longo do tempo e a cada palavra, cada piada de mal gosto, cada desdém, Bolsonaro foi sendo cada vez mais aplaudido e imitado Brasil a fora. De certa forma o Sistema Bolsonaro de Governar, foi fazendo escola e ganhando adeptos. Ou teria sido o contrário? A horda incapacitada de ascender ao poder, é que o encorajou a prosseguir com os descasos para com o resto do povo mais pobre, a ter uma única preocupação, defender a própria família e abraçar o obscurantismo? Vai saber!

Ser homofóbico, misógino, não gostar de negros, quilombolas e índios são características próprias e o Capitão não precisou de ninguém para que o ensinasse. É uma coisa nata. O então candidato – que não acreditava muito no próprio projeto – disseminou as práticas que acabaram virando programa de governo. Por não entender muito do ofício de governar, ao que parece, a saída foi mesmo pôr em prática tal bagagem que acabaria virando uma densa cortina de fumaça que encobriria todo o desastre. Em dando tão certo, por que não sair plantando desafetos, se cercando de militares para impor o medo e construindo um outro cercadinho para juntar os mais chegados? Nunca se viu tanta subserviência!

Ao sentir que o seu sistema de administrar estava, por fim, consolidado, Bolsonaro sentiu-se, também, mais encorajado para desafiar e arriscar até o poder absoluto. Arriscou de tudo. Desprezou uma pandemia que devastou o mundo e continua nos destruindo, matando milhares a cada dia, desdenhou das famílias destruídas pela Covid, incitou a discriminação dos setores menos favorecidos, impregnou e instigou ainda mais a prática do racismo, armou a população concedendo um salvo-conduto para matar e promoveu junto aos despreparados o fortalecimento da prática da carteirada, bem como o uso abusivo da famigerada frase: Você sabe com quem está falando?

Nunca esteve tão em voga destratar alguém que não lhe pareça do mesmo nível social! Então, para se construir uma escola tão grande, é preciso se ter talento. Lhe parece hoje tão claro de que pode tudo que, os aliados que lhe pareciam sua fortaleza para um governo absolutista – os militares – deixaram de ser apenas aliados. Então só para ter uma certeza, resolveu testar o seu poder desafiando as forças que o seguram até hoje no palácio. Bolsonaro usa generais como se fossem meros soldadinhos de chumbo. E bota e tira e faz e diz… Será que é esse mesmo, o papel das Forças Armadas em uma nação? Há militar que não concorda com o joguete e se insurge contra o atual governo. O desafio maior é pegar essa insurreição, antecipar-se a ela e demitir os descontentes! Quer prova de força maior?

O episódio em que Bolsonaro manipula um general da reserva no ministério da Saúde e o desautoriza em rede nacional, é ao mesmo tempo hilário e deprimente. O papel do general Pazuello enquanto ministro da saúde com a frase que se tornou célebre por ser proferida numa hierarquia inversa –  “É simples assim: um manda e outro obedece”. O cúmulo da servidão! Sua gestão, considerada desastrosa, estimulou o uso de medicamentos sem eficácia comprovada cientificamente e está sendo investigada por omissão durante a escassez de oxigênio hospitalar em Manaus, em janeiro deste ano.

Tanto desgaste poderia minar o extremado apoio que Bolsonaro assegura ter, quando diz: “minhas forças armadas”? Está parecendo que não. De acordo com matéria publicada pela BBC, em que traz a manchete: Demissão de comandantes não tira apoio militar a Bolsonaro, dizem cientistas políticos. Um dia após a demissão do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, substituído pelo general Walter Braga Netto, que estava até então na Casa Civil, os comandantes Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa Junior (Marinha) e Antonio Carlos Bermudez (Aeronáutica) deixaram o comando das instituições. Para Juliano Cortinhas, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), a saída dos comandantes, não deve ser interpretada como um “desembarque” das Forças Armadas do governo Bolsonaro.

Estima-se que cerca de 6 mil militares tenham cargos em diferentes áreas do governo Bolsonaro, como cadeiras em ministérios e na chefia de empresas estatais.

Por tanto, naquele jogo em que trato no primeiro parágrafo deste artigo, Bolsonaro sai ganhando de lavada! O que só prova que a estratégia a que me refiro em que o Capitão se utiliza das práticas mais hediondas para governar a nação só tem dado certo para ele. E enquanto se aguarda o revés da história e a oposição sonha com um julgamento popular mais justo, o cavaleiro segue em seu cavalo, de chicote em punho e desafiando a tudo e a todos como se não houvesse amanhã!

 

 

 

Fonte: Francisco Airton
Créditos: Francisco Airton