OPINIÃO

O perdão a eleitores de Bolsonaro não tem renovação automática! - Por Marcos Thomaz

Podem se chocar, até indignar, mas eu admito que consigo entender alguns dos milhões que votaram em Bolsonaro na última eleição presidencial!
Por mais contrassenso que pareça, compreendo a escolha irracional, não de todos, mas de boa parcela desses milhões. E sem necessidade de fazer grande esforço para isso.

E veja bem, estou absolvendo, sem sequer terem apresentado defesa, ou justificativa. Me disponho a interpretar essa escolha caótica voluntária, humildemente, ou apenas para buscar conforto para alguns arrependidos, que seja…

A questão que, eu e uma Bahia inteira sabemos, é que brasileiro médio tem relação rasa, ou mesmo desinteressada, com a política, aliás com tudo, infelizmente. É como se estivesse em nossa gênese, assinatura, DNA.

Nunca fomos lá muito estimulados a senso crítico, exercício analítico além da superfície, questionamentos estruturais etc e tal. Nos embriagamos com o “lugar comum”.

Imagina esse repertório limitado em um cenário de política demonizada em todos os espaços??

Sim, justa e injustamente, afinal os agentes da política brasileira tem sua enorme parcela de descrédito, somadas a uma justiça venal, imprensa parcial e mercado avarento. Pronto. Está montado o banquete dos calhordas.

Nesse ambiente perfeito para surgimento de oportunistas, aparece a aberração personificada chamada Jair. Um completo, total inepto para esta e outras funções.

E é em meio a desilusão e descrença geral dos brasileiros, onde cria-se este cenário de desgosto generalizado, que ele emerge das profundezas, literal e estrategicamente.

Cheio de frases genéricas de efeito, tocando em temas caros a sociedade (segurança, corrupção etc e tal) e “arrotando” moral e valores como Deus, família etc.

Prato cheio para a “fome” de respostas rápidas, remédios urgentes e mágicos contra os males da nação. Sim, porque no Brasil ainda acredita-se na equação simples de que métodos radicais e simplórios, bravatas e hipocrisia resolvem questões nacionais.

Fazer o quê? É o “jeitinho brasileiro” institucionalizado, com ares de método.

Aí irrompe a onda, a arrastar os incautos, espalhando a sujeira da desinformação e contagiando os que estão a flutuar.

Popularmente, a essa movimentação coletiva em bloco, insensata e humana, dá-se o nome pejorativo de rebanho. Mas em respeito à metáfora da onda, aqui fica cardume mesmo.

Embora, um ou outro, a conotação de ação em manada persista.

O povo, “feito merda n’água” foi empurrado pela correnteza em direção a Bolsonaro, anunciado erroneamente como o pretendido outsider, o homem que iria quebrar o sistema, romper com as estruturas!!

Sim, essas pessoas à margem da essência do debate, não enxergavam o óbvio e caíram nessa falácia. Bolsonaro não só é, sempre foi sistêmico, como é o retroalimentador dessa estrutura podre, carcomida. Um ultradireitista parasitário, que mama dos cofres públicos há três décadas e fez do Estado a mamata familiar.

Pois bem, digo ruim, péssimo, trágico…

A questão é que a magia, catarse, hipnose coletiva pela profecia do falso Messias e seus arroubos retóricos de “tiozão do zap” tem prazo de validade. E expirou faz tempo…

A complacência, olhar mais brando com o absurdo de ter escolhido Bolsonaro, se restringem a 2018, apenas diante do que já foi exposto aqui. Mar revolto, turvo e impróprio aos que não sabem nadar em meio aos tubarões.

Bolsonaro, venceu, assumiu e, mais do que mostrar tudo o que os observadores minimamente astutos viam como poluição,lixo tóxico a boiar, fez pior, muito pior.

O atual presidente fez de um laranjal, chorume. Transformou o país em uma enorme pocilga. Fazendo passar boiada, porcada e nos deixando chafurdar no chiqueiro.

Não há um único setor de destaque nesta gestão. Todos os serviços básicos, exorbitantemente, mais caros. Obras estruturantes à míngua. Desemprego galopante, Miséria a olho nu. Todo dia uma mentira, a cada declaração uma estupidez.

Agora, mesmo vivendo em sua bolha, tudo está mais que escancarado, flagrante e na prática.

Se você ainda apóia esta anomalia, não há indulto. Não há explicação, não tem perdão.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Polêmica Paraíba