Acompanho atentamente no Supremo Tribunal Federal o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus, acusados de tentativa de golpe de Estado. Pela primeira vez em muito tempo, voltei a nutrir esperança na Justiça. Como advogado, confesso que me projetei na tribuna daquela Corte, imaginando a defesa em minhas próprias mãos.
Entre tantas sustentações, duas se destacaram: a de um dos advogados de Bolsonaro, Celso Vilardi e a do advogado de Braga Netto, José Luis de Oliveira Lima, este último, com serenidade e firmeza, reduziu a pó a delação de Mauro Cid, um dos pilares da acusação. Seus argumentos foram tão sólidos que se tornaram incontestáveis. A cada frase, parecia ecoar a batida dos corações dos ministros, em silêncio constrangido.
E é impossível não refletir sobre o relator, ministro Alexandre de Moraes. Ali, diante da Corte, pairou sobre ele a acusação mais grave que um julgador pode carregar: o cerceamento de defesa. A história poderá registrar que, antes mesmo da sentença final, o verdadeiro derrotado desse julgamento já estava definido.