opinião

O fantasma do natal passado de João Azevedo - por Anderson Costa

Nesta última semana, vimos duas figuras diferentes da política paraibana tentarem aludir a existência de uma ligação do governador, João Azevedo, com o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho.

Nesta última semana, vimos duas figuras diferentes da política paraibana tentarem aludir a existência de uma ligação do governador, João Azevedo, com o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho. Primeiramente, foi o pré-candidato à Prefeitura Municipal de João Pessoa, Nilvan Ferreira (MDB), quem afirmou que João e Ricardo nunca teriam se separado e que a aliança do Cidadania e o do Progressista, em João Pessoa, com o governador apoiando a pré-candidatura seria apenas o terceiro ato de uma grande encenação que vem enganando o povo. Em seguida, foi a vez do ex-governador, Cássio Cunha Lima.
Cássio que desde a sua saída do Congresso Nacional, quando não conseguiu se reeleger para o cargo de Senador, vinha adotando uma postura muito comedida e evitando falar sobre política também fez questão de falar sobre a união. E assim como Nilvan, Cássio fez questão de acusar o governador de estar com um conluio secreto com Ricardo e tramando para, apesar de não mais pertencer ao PSB, manter o projeto girassol no comando da política estadual.
É evidente que a busca dos adversários para associarem João Azevêdo a uma possibilidade de uma aliança por debaixo dos panos com Ricardo Coutinho é na realidade uma grande estratégia para tentar minar a força do governador que vem em seu primeiro mandato. Após desvincular-se de Ricardo Coutinho, depois da crise entre os dois que gerou um grande racha dentro do PSB paraibano e que resultou na sua ida ao Cidadania, João Azevedo vem conseguindo, com o seu estilo único, recompor e construir toda a sua base de alianças própria dentro da Paraíba. Uma base tão sólida e mais numerosa do que aquela que ele havia herdado de Ricardo Coutinho, João vem desde que assumiu o governo se mostrando uma figura muito mais aberta ao diálogo e menos centralizadora do que o seu antecessor e isso vem lhe permitindo, principalmente após ter mudado de partido, costurar parcerias em cada região e em cada cidade como poucos.
Com todo este fortalecimento de João neste último ano e principalmente nos últimos meses é natural que aqueles que pensam em serem seus adversários busquem de alguma forma fragilizar sua imagem diante do eleitorado. Por João ser uma figura voltada ao diálogo que não pode ser acusado de autoritarismo e nem sua condução da máquina estadual não apresentou até o momento nenhum motivo para que pudesse ser criticada, a solução mais óbvia é buscar mantê-lo ligado no imaginário popular ao seu antigo aliado e que hoje se encontra enfraquecido diante da série de escândalos nos quais está envolvido.
Ricardo é como o fantasma do natal passado, traz lembranças que João Azevêdo deseja esquecer. João se pudesse apagaria da sua memória e principalmente da memória do eleitorado paraibano que ele já foi aliado, secretário e indicado como pré-candidato por Ricardo. Ricardo Coutinho, em meio de tantos processos envolvendo a Operação Calvário e outros escândalos políticos envolvendo sua gestão da máquina pública estadual, simplesmente deixou de ser o símbolo de bom gestor que ele fora um dia. Portanto, associar alguém a Ricardo é buscar aproximar deste todos os pecados dos quais o ex-governador é acusado. Na ausência de argumentos gerados pelo próprio João, seus adversários usam como arma conta ele os argumentos dados por Ricardo.
João precisará afastar-se cada vez mais de Ricardo para poder vir forte em 2022 numa disputa pela reeleição e ele sabe disso. Os seus adversários tem igual conhecimento e por isso que buscam não deixar que estas imagens se desvinculem.

Fonte: Anderson Costa
Créditos: Anderson Costa