Opinião

O batom golpista - Por Ronaldo Cunha Lima Filho

O batom golpista - Por Ronaldo Cunha Lima Filho

Paraíba - Vamos falar sobre o 8 de janeiro de 2023.
Por mais que eu me esforce, não consigo vislumbrar naquela baderna coletiva uma tentativa de golpe de Estado. Foi um ato deplorável, sim — condenável sob todos os aspectos, repulsivo — mas nem de longe um movimento capaz de virar o jogo político.

No direito penal, chamamos de crime impossível, aquele cuja consumação, como o próprio nome diz, é impossível.

Artigo 17 do Código Penal:
Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.”

Ora, qual a chance — por mais remota que fosse — daquela quebradeira insana resultar na deposição do democraticamente eleito presidente Lula e em seu lugar colocar o derrotado presidente Bolsonaro? Um golpe não se faz pichando com batom um monumento triste e solitário; faz-se com militares, com tanques, com armas, com canhões — não com um batom vermelho.

Será que o batom escondia um artefato nuclear capaz de pulverizar a sede do Supremo Tribunal Federal?

Vejam que o ato que mais ganhou espaço na mídia e na opinião publica, foi exatamente a pichação carmim. Os batons, daqui pra frente, nunca mais terão paz. Esse foi o golpe mais esquisito que já se viu no planeta terra: o golpe do batom.

A infeliz cabeleireira, autora da pichação “escandalosa”, foi condenada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, a 14 anos de prisão, dos quais já cumpriu dois anos em regime fechado, longe de seus dois filhos menores. Nunca vi nada parecido.

Já não estou me posicionando nem à esquerda nem à direita. Estou mais pra contramão. A contramão me permite errar e corrigir o erro. Dar ré ou seguir em frente.

Ando macambúzio. Pra onde se olha há graves anomalias acontecendo simultaneamente. A mais recente e estarrecedora delas aponta para o escândalo do INSS, que vem se revelando o maior já visto em nossa história. Maior até que o petrolão, o que parecia impossível.

A julgar pelos precedentes, o STF irá anular todas as provas, soltar os envolvidos e como prêmio, irá aposentar compulsoriamente os ladrões dos velhinhos e desvalidos.

A essa altura já existem empresas sendo abertas para ensinar os aposentados a mexerem no aplicativo do INSS no celular. Essa turma é esperta, rouba o próprio roubo.

Antes, contudo, das aulas de manejo tecnológico começarem estas mesmas empresas já estão abrindo uma linha de crédito pra venda de celulares e computadores ( do Paraguai), já que a maioria dos roubados são completos analfabetos digitais. Os bandidos são inventivos: gostam de roubar o próprio roubo.