Opinião

“Nominata” do PSB e chapa majoritária: os desafios de Azevêdo - Por Nonato Guedes

Foto: reprodução
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A formação da “nominata” de candidatos do PSB às eleições proporcionais do próximo ano e a solução do “imbróglio” entre aliados políticos de diferentes partidos que reclamam protagonismo na chapa majoritária, ao Executivo e ao Senado, compõem o rol de desafios a serem equacionados pelo governador João Azevêdo, principalmente por estar investido no comando estadual do seu partido e por ser saudado como condutor das decisões para o pleito vindouro. A questão da “nominata” virou impasse, principalmente para a disputa à Câmara Federal, pelo receio da ausência de quadros competitivos que possam garantir pelo menos uma ou duas vagas na próxima legislatura. Ressalte-se que este é um problema comum a outros partidos, mas, no caso do PSB, adquire cores de dramaticidade para a sobrevivência da legenda.

Nos meios políticos cogita-se que o próprio deputado federal Gervásio Maia, até então presidente do Partido Socialista no Estado, esteja motivado a examinar outras opções partidárias para ter segurança sobre suas chances de reeleição ao Parlamento. Em tese, ele seria o beneficiado prioritário se houvesse uma “cauda” de candidaturas com certa densidade para fortalecer o cacife da legenda na disputa à Câmara. Com as postulações da ex-deputada e atual secretária de Desenvolvimento Humano Pollyanna Werton e do ex-prefeito de Sousa, Fábio Tyrone, bem como do presidente da Companhia Docas do Porto de Cabedelo, Ricardo Barbosa, e da secretária Rafaela Camaraense, o PSB teria condições de entrar no jogo em posição vantajosa, fortalecido pela repercussão ou efeito colateral positivo das ações desenvolvidas pelo governo João Azevêdo, que continua sendo bem aprovado em parcelas influentes do eleitorado paraibano.

Ocorre que não há certeza de confirmação dessas candidaturas no âmbito do PSB em virtude do cenário de instabilidade sobre posse de vagas na próxima eleição, um fenômeno que tem preocupado vários outros partidos, às voltas com cálculos e calculadoras para potencializar estimativas de votos que possam ser despejados nas urnas, numa batalha que promete ser particularmente acirrada devido ao ambiente de polarização política-ideológica que opõe bolsonaristas a lulistas.

Em última análise, há a concorrência de candidaturas em partidos que atuam no mesmo espectro do PSB, a exemplo do PT, onde o deputado federal Luiz Couto diz-se obstinado em concorrer à reeleição e o ex-governador Ricardo Coutinho, direto de Brasília, onde está “acampado”, anuncia intenção de conquistar uma vaga na Câmara. Também no PT há dúvidas sobre se o partido elege mais de um representante federal, o que prenuncie emulação entre seguidores de Luiz Couto, inflexível na pretensão, e de Ricardo, sequioso por voltar a ocupar mandatos eletivos depois de duas derrotas majoritárias (ao Senado e à prefeitura de João Pessoa). Apurou-se que o governador João Azevêdo tem promovido reuniões no seu círculo político para agitar o debate em torno dessas questões, sensibilizado com a marcação cerrada que é exercida por pré-candidatos, ávidos por uma definição ou por um lugar na chapa em situação mais ou menos confortável.

Analistas políticos estão vaticinando que a disputa de 2026, tanto para o governo do Estado como para os mandatos parlamentares, será uma das mais acirradas da história política recente da Paraíba, pela variedade de ambições em jogo e pelo conflito de interesses, bem como pela precipitação do próprio processo, cuja largada ocorreu com bastante antecedência, mais precisamente desde que foram lacradas as urnas das eleições municipais de 2024.

O quadro partidário, por sua vez, tem passado por reconfiguração que implica em mudanças na política de alianças, produzindo, nos municípios, situações curiosas e inimagináveis que prenunciam pulverização de acordos acima de lealdades partidárias.

Um último problema colocado na mesa do governador, que talvez fosse o primeiro e mais importante, é a definição sobre sua candidatura ao Senado ou sobre sua permanência no exercício do cargo até o último dia do mandato. Dessa decisão depende todo o quadro político-eleitoral para 2026, e a própria oposição dá sinais de que está refém dessa expectativa. O que se afirma é que o cenário com João no governo é um, e com ele fora do poder é outro, completamente diferente, o que dá margem ao festival de especulações de toda ordem. O chefe do Executivo tem mil motivos para se candidatar ao Senado, inclusive, um apelo direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que concorra. Mas tem deixado claro que só dará o passo depois que construir a unidade do esquema que lidera, e que por enquanto se mantém disperso na fogueira das ambições dos aliados do entorno governista. O tempo urge, e é isto que pode ser determinante para apressar decisões, para o bem ou para o mal.