Opinião

Não tivemos uma ditadura em 2019: as boas notícias do velho ano - por Felipe Nunes

Era 01 de janeiro de 2019 quando abri as redes sociais e me deparei com inúmeros profetas do caos anunciando que a ditadura estaria voltando ao Brasil. Uma das publicações daquele dia era uma foto de “Feliz 1964!”

Era 01 de janeiro de 2019. Abri as redes sociais e me deparei com inúmeros profetas do caos anunciando que a ditadura estaria voltando ao Brasil. Uma das publicações daquele dia era uma foto de “Feliz 1964!” e um fundo musical com a canção ‘Pra não dizer que não falei das flores’, de Geraldo Vandré. Em outro post, a letra era a bela ‘Roda Viva’, de Chico Buarque: ‘Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu’.

Ouvi, naquele início de ano, que haveria um genocídio em massa de mulheres, gays, índios negros e pobres, que a violência e o sangue tomaria conta das ruas como nunca visto. Ouvi que eu seria co-responsável pelo gatilho apertado e que assistiria, a partir dali, o fim da democracia. Ouvi que haveria um retrocesso social e que a economia do país entraria em colapso generalizado. Profecias teneboras para o futuro.

Bem, olhando para trás, hoje, em 31 de dezembro, é verdade que o ano de 2019 não foi um dos mais agradáveis, afinal, foram doze meses de tensionamentos entre as instituições, provocados por uma ruptura da política ora implementada; houve exageros no debate público, de um lado e de outro, declarações infelizes de personagens do Governo Federal e sim, alguns dos problemas que aconteceram em épocas passadas. Nada, porém, que se possa comparar a uma ditadura.

2019 termina com a democracia brasileira mais forte e mais equilibrada. Pela primeira vez em anos, vimos um Congresso Nacional mais independente – que agiu com autonomia, embora ‘amuado’ com o fim do ‘toma lá, dá-cá’ tão habitual. Sem mensalão, a aprovação da Reforma da Previdência foi o feito mais notável. Sem limitação de poderes, o Congresso teve autonomia para modificar pautas governistas que tinham amplo apoio popular, como o Pacote Anticrime e a o projeto que ampliava a posse de armas.

O Judiciário também não viu a sombra da ditadura. Pelo contrário: em muitas ocasiões, foi este poder que agiu para limitar feitos dos poderes executivo e legislativo: derrubou nomeação de secretários do Governo Federal, liberou verbas na canetada, decidiu sobre costumes (prerrogativa do Congresso) e até, vejam só, sob influência de mensagens roubadas e vazadas por hackers, tornou possível o Lula Livre – mesmo após condenação em três instâncias e provas incontestes contra o petista. Que ditadura é esta?

No campo da Segurança Pública, o genocídio em massa que fora profetizado também não se comprovou, apesar do aumento em mais de 20% na quantidade de armas vendidas a pessoas comuns. Segundo dados do Ministério da Justiça, os homicídios caíram em 22%. Foram 300 toneladas de drogas apreendidas (um recorde), isolamento de líderes criminosos e redução de 40% a menos no roubo de cargas (por onde circula nossa economia). Também houve reduções nos casos de estupros, lesão corporal seguida de morte e latrocínio.

E por fim, na economia, o Brasil obteve resultados incontestáveis: o desemprego ainda é alto, mas parou de crescer. Foram criadas 948.344 novas vagas. A selic, taxa básica de juros, é a menor da série histórica: 4,5%. A bolsa acumula alta de 33%, o que significa mais investimentos e mais otimismo com o futuro do país. A inflação já não é vilã do bolso dos brasileiros, apesar do preço da carne, que subiu em decorrência do mercado chinês e tende a cair nas próximas semanas. Há um longo caminho a se percorrer na economia, porém muito já foi alcançado e o mundo já vê o Brasil com olhos de futuro.

O Governo Federal terá uma responsabilidade imensa no próximo ano. O sucesso de 2020 vai depender de respostas que, a preço de hoje, são apenas interrogações. Investigações em curso ditarão o ritmo dos acontecimentos. E é dever dos brasileiros cobrar que as coisas caminhem e sejam transparentes. Bem diferente do quanto pior, melhor, dos que se apegam ao passado.

Enfim, chegamos ao fim de 2019 ainda com muitos problemas, mas longe de uma ditadura. Bem mais distante do que estávamos há alguns anos, quando imperava na política nacional o financiamento de ditaduras externas, a compra do apoio político, a supressão da liberdade de pensamento e o aparelhamento do Estado.

Para a tristeza dos profetas do caos, não tivemos uma ditadura em 2019.

E feliz ano novo a todos!

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Felipe Nunes