Eleições 2026

Nabor “decola” rumo ao Senado com o apoio declarado de João - Por Nonato Guedes

Nabor “decola” rumo ao Senado com o apoio declarado de João - Por Nonato Guedes

   A pré-candidatura do prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos) a uma vaga ao Senado nas eleições de 2026 ganhou impulso, ontem, no meio político paraibano, em meio a eventos administrativos e festas juninas na Rainha das Espinharas. O governador João Azevêdo, que já foi lançado pelo PSB para a corrida senatorial, declarou apoio ao virtual colega de dobradinha e pai do deputado Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados. De acordo com o governador, Nabor tem tradição política, serviços prestados à região e à Paraíba e é nome qualificado para representar o Estado no Congresso Nacional. Por sua vez, desde cedo, falando a jornalistas, o prefeito admitiu que está preparado para qualquer desafio, deixando claro que não há imposição de seu nome e que a confirmação da candidatura está condicionada ao diálogo com outros partidos da base.

        O lançamento do prefeito de Patos sinaliza que o Republicanos começou a avançar na sua própria estratégia para participar da chapa majoritária no pleito do ano vindouro em sintonia com o esquema liderado pelo governador João Azevêdo. Nas falas de ontem, o deputado Hugo Motta chegou a cogitar a hipótese do partido examinar lançamento de chapa própria à disputa, pelo poderio que alcançou nos últimos anos, tanto na Assembleia Legislativa como na Câmara Federal e no controle de prefeituras municipais. Mas Hugo acabou se fixando na tese de que o Republicanos deverá, mesmo, reivindicar duas vagas na chapa ao esquema com quem estará coligado, sendo elas a de vice-governador e a de senador. No caso da vice, voltou a ser cogitado o nome do deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, que insiste, de forma monotemática, em se dizer pré-candidato ao governo, recebendo afagos do próprio Hugo Motta pela sua importância no contexto político estadual.

          Na campanha de 2022, o Republicanos atuou em duas frentes, apoiando a reeleição de João Azevêdo ao governo e, ao mesmo tempo, a eleição de Efraim Filho, do União Brasil, que é oposição, ao Senado – ambos vitoriosos. É um partido que, conforme já demonstrou, preza a condição autonomista, evitando vir a reboque de outras forças, embora não feche o diálogo com tais segmentos. Hugo Motta costuma dizer que a característica maior que diferencia o Republicanos é a de cumprir a palavra, ou seja, atender a compromissos firmados, o que lhe dá credibilidade na mesa de negociação, tanto com o agrupamento governista como com facções oposicionistas. Hugo dá o exemplo, como presidente da Câmara, comportando-se de forma independente, que foca mais na valorização do Poder Legislativo do que no interesse de agradar chefes políticos que exercem esferas maiores de poder e que tentam impor seus projetos a partidos e filiados com mandatos.

           A ambição de reivindicar duas vagas na chapa majoritária que vem sendo articulada pelo governador João Azevêdo é encarada como uma compensação natural e legítima pelo fato de o partido ter renunciado a compor cargos relevantes em 2022. O investimento feito na ocasião foi nas eleições proporcionais, o que resultou na conquista de três cadeiras na Câmara dos Deputados, e além da ocupação de secretarias de Estado o partidopleiteou o comando da Assembleia Legislativa, onde o deputado Adriano Galdino vem batendo recorde de permanência no cargo de presidente, com o apoio de maioria expressiva de parlamentares. O próprio Adriano tem sido peça fundamental da chamada governabilidade, e foi decisivo, em oportunidades difíceis, para conseguir a aprovação de projetos e matérias de interesse do Executivo que tinham viés polêmico. Foi essa condição de co-gestor, aliada à sua habilidade política pessoal, que fez Adriano sonhar com voos maiores, como o da candidatura à chefia do Executivo, tendo feito mais um movimento nos últimos dias ao defender ardorosamente o governo do presidente Lula, somando pontos junto ao PT e à esquerda.

          Abstraindo pretensões pessoais de filiados que estão no radar político, a estratégia do Republicanos parece ser a de apoiar a candidatura do vice-governador Lucas Ribeiro (Progressistas) ao Executivo e ampliar seus próprios espaços avançando para o Senado Federal e para a vice-governança, espécie de ante-sala do Poder. O deputado Hugo Motta já esteve em pauta para ser candidato ao governo, e é fora de dúvidas que concorreria com chances, como reconhecem expoentes da própria oposição. Mas o parlamentar tem outros planos, como o de continuar na Câmara, com a perspectiva de candidatar-se à reeleição à presidência daquela Casa. Por isso é que põe em prática uma estratégia que valoriza os espaços do partido no âmbito local e, ao mesmo tempo, prioriza a ocupação de espaços no plano nacional, dentro de um projeto de poder do que ele já faz parte e que poderá – quem sabe? – vir a ser alternativa num cenário de polarização ideológica que já encheu o saco de grande parte do eleitorado brasileiro. Sobre Nabor: está pronto, preparado e querendo ser senador.