
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorna da exitosa viagem à China com uma agenda de ações para tentar recuperar a popularidade do seu governo, que voltou a ser abalada, agora pelo escândalo do INSS.
Segundo o jornalista Thomas Traumann, da “Veja”, há um “pacote de bondades” em gestação para reverter o desgaste, incluindo isenção do pagamento de luz, distribuição de botijões de gás, concessão de crédito a motociclistas e lançamento de empréstimos com o Pix como garantia.
Líderes políticos da base de Lula não escondem a preocupação com a queda de credibilidade do governo e temem que isto se reflita na campanha pela reeleição em 2026.
No retorno do Uruguai, onde participou do velório de Pepe Mujica, Lula assina a Medida Provisória que concede gratuidade de energia elétrica para quase 60 milhões de inscritos no Cadastro Único, que inclui todos os que recebem programas sociais como Bolsa Família e BPC (Benefício de Prestação Continuada). A partir de junho, essas famílias não pagarão a conta de energia elétrica se tiverem consumo de 120 kWh por mês.
Uma proposta produzida pelo Ministério de Minas e Energia prevê que a conta da benesse virá por um aumento de 1,5% nas contas dos demais consumidores e pelo corte de benefícios concedidos para consumidores de energia eólica e solar. Avalia-se que o escândalo do INSS interrompeu o crescimento da aprovação do governo, de acordo com pesquisas internas em poder do Palácio do Planalto.
O governo entrou em parafuso desde a operação da Polícia Federal que descobriu um rombo bilionário das contas dos aposentados em 23 de abril. Demorou semanas para finalmente anunciar na terça-feira, 13, um sistema para que os aposentados possam reclamar de descontos ilegais em suas contas.
O INSS ainda não tem, porém, um cronograma de quando o dinheiro desviado será integralmente devolvido. Nas redes sociais, a repercussão da roubalheira dos aposentados foi pior do que os rumores de taxação do Pix no início do ano.
Este é um caso de corrupção mais tóxico do que os anteriores – informa Traumann, pois as vítimas são pessoas pobres, com nome e endereço, algumas delas deficientes e analfabetas, não o etéreo “caixa do governo” atacado frequentemente por políticos e empresários
A demora do governo em responder à crise terá custos reais na campanha eleitoral e a gratuidade da conta de luz dos mais pobres é a primeira da série de medidas de Lula. Ainda este mês o presidente anuncia o novo Vale Gás, a distribuição de botijões através de vouchers de R$ 110 a serem entregues pela Caixa Econômica para os inscritos no Bolsa Família.
A proposta inclui ainda o fracionamento do enchimento de botijões, permitindo compras de R$ 50 em glp. Nas próximas semanas o governo lança uma nova modalidade de crédito, tendo o Pix como garantia dos empréstimos junto aos bancos.
A pedido do presidente Lula, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil preparam uma linha de crédito para a compra de motocicletas direcionadas a entregadores de aplicativos. Enquanto isso, o Ministério da Saúde trabalha para entregar nas próximas semanas um programa de troca de dívidas federais dos hospitais e planos de saúde pelo uso da estrutura para cirurgias do SUS a fim de diminuir as filas para tratamentos de câncer, problemas cardíacos e ortopedia.
O programa do Ministério da Saúde tem similaridade com o Prouni, que trocou dívidas das universidades privadas por bolsas de estudo para os pobres. Já o Ministério do Desenvolvimento Social prepara proposta para reajustar o Bolsa Família de R$ 600 para R$ 700 a partir de janeiro de 2026.
Os projetos se somam às duas maiores novidades de Lula este ano: linha de crédito consignado para empregados de empresas privadas e isenção do imposto de renda até R$ 5 mil a partir do próximo ano, dentro da lógica lulista de que o dinheiro do bolso dos mais pobres retorna como consumo e crescimento. Falta conferir o efeito dessas medidas populistas.
Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba