Opinião

Lucas é "convocado" a ter participação mais ativa no debate da chapa - Por Nonato Guedes

Na condição de candidato pré-ungido pelo governador João Azevedo à sua sucessão dentro do bloco oficial, o vice-governador Lucas Ribeiro

Foto: Victor Emannuel/Sistema Arapuan de Comunicação)
Foto: Victor Emannuel/Sistema Arapuan de Comunicação)

Na condição de candidato pré-ungido pelo governador João Azevedo à sua sucessão dentro do bloco oficial, o vice-governador Lucas Ribeiro, do Progressistas, está sendo “convocado” a ser mais proativo nas discussões sobre a construção da chapa e, sobretudo, do esforço de unidade dentro do esquema oficial, onde alguns incêndios precisam ser debelados e muitos acertos precisam ser fechados.

O próprio governador João alertou o seu atual companheiro de chapa para ser mais afirmativo nas posições, assumindo, inclusive, o interesse em encarar o desafio e as consequências do engajamento numa campanha que promete ser renhida, radicalização ao extremo, considerando o estado de ânimo belicoso da oposição, que está induvidosamente motivada para um confronto com sabor de revanche e de obsessão da quebra da hegemonia governista no Estado.

Lucas já tem avançado passos na estratégia para se firmar como candidato, mas ainda exala timidez nas abordagens e nas falas a respeito do processo, como se estivesse inseguro ou assustado diante da miríade de reações desencadeadas por interesses e ambições conflitantes na base oficial.

É certo que ele discursa em eventos públicos, faz a defesa do legado extraordinário que João promete deixar à população paraibana e acena com compromisso de continuidade administrativa. Este é o bê-a-bá atribuído a pré-candidatos ungidos, mas é pouco, ou quase nada.

A opinião pública quer desvendar o que um virtual governador Lucas faria de diferente dentro da continuidade, ou seja, quais as propostas inovadoras que ele agita para que a Paraiba não fique parada na Era Azevedo mas avance para novos caminhos, para atalhos que acelerem o desenvolvimento na proporção da pressa que o Estado tem de estar bem posicionado no ranking da competição com outros Estados da região Nordeste.

E o que diz Lucas sobre temas nacionais que afetam a Paraiba? Ou sobre decisões da Câmara presidida pelo deputado paraibano Hugo Motta para favorecer o solo tabajara? Qual a marca de um governo Lucas, além do timbre da continuidade que ele propõe? Um governo não se mede apenas pela finalização de obras inacabadas, mas, sobretudo, pelos novos marcos que demonstra ser capaz de cravar, em lampejos de criatividade ou de imaginação criadora.
Pode-se alegar que o vice terá bastante tempo para desvendar de público seu perfil como gestor.

Ocorre que o debate já está deflagrado, incorporando opiniões, propostas e promessas concretas de realização. E Lucas oscila em falas lacônicas sobre o que idealiza para uma Paraiba que redescobriu a vontade de crescer porque, hoje, tem novos nichos de progresso à margem do próprio Estado ou apoiado por este para a consecução do desideratum.

Para grandes desafios, grandes líderes. Lucas é desafio a demonstrar que pode se forjar como um líder capaz de surpreender a Paraíba.

O vice-governador tem qualidades reconhecidas como o espírito conciliador, o que lhe facilita apoios para governar se chegar a ser eleito. Mas não deve subordinar seu projeto às ordens de João, que tem outras prioridades urgentes a administrar.

Lucas ressente-se de maior flexibilidade no diálogo e na articulação com forças políticas da base, como se estivesse eternamente à espera de sinais ou iniciativas do governador João. O que se diz nos meios políticos é que ele precisa sair da retranca, ir para a linha de frente e mostrar seu próprio CPF ou RG para demonstrar potencial de liderança e autonomia nas decisões.

Pode até começar pelas pequenas coisas, mas precisa começar, sob pena de ser tragado pela correnteza e chegar lá na frente de mãos abanando. Sem lenço, sem documento e sem votos.

Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba