Opinião

Lucas debate formação da chapa e estratégias de sua campanha - Por Nonato Guedes

Foto: Victor Emannuel/Sistema Arapuan de Comunicação)
Foto: Victor Emannuel/Sistema Arapuan de Comunicação)

O vice-governador Lucas Ribeiro (Progressistas) passou a agir de forma pragmática após o afastamento do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, das hostes do partido e da órbita do esquema liderado pelo governador João Azevêdo.

Lucas partiu para focar energias na formação da chapa majoritária que encabeçará nas eleições de 2026, principalmente na definição de candidatura a vice, tendo em vista que teoricamente estão mantidas as postulações do governador João Azevêdo (PSB) e do prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos) ao Senado.

A acomodação de Nabor, que é pai do deputado federal Hugo Motta, tornou-se viável depois que a senadora Daniella Ribeiro, mãe de Lucas, abriu mão do direito legítimo de concorrer à reeleição ao Congresso, justamente para facilitar acomodações na chapa.

Tanto João quanto Nabor estão se movimentando em ritmo de pré-campanha, fechando apoios às respectivas candidaturas ou ao conjunto das candidaturas, dentro do pacto de unidade que persiste entre o PSB, o PP e o Republicanos.

Lucas, por sua vez, tornou-se mais contundente na resposta a ataques partidos do prefeito Cícero Lucena e de aliados próximos dele, que reclamam de imposição da candidatura ao Executivo dentro do bloco oficial, não somente rechaçando essas insinuações mas cobrando a manifestação de lealdade que, no seu ponto de vista, faltou por parte do gestor pessoense.

Cícero vinha se queixando de desrespeito a indicadores de pesquisas de intenção de voto que, a dados de hoje, apontam a sua liderança no páreo, sobre todos os concorrentes (do governo ou da oposição), e está para decidir a qualquer momento sobre sua provável aliança com grupos de oposição como os Cunha Lima, de Campina Grande.

No “staff” do governador João Azevêdo, a palavra de ordem é no sentido de assegurar a unidade entre os que se mantêm compromissados com a liderança do chefe do Executivo e, consequentemente, com a sua pré-candidatura ao Senado, bem como ampliar o arco de alianças na perspectiva de fortalecer a pré-candidatura do vice-governador Lucas Ribeiro ao Palácio da Redenção.

Esse movimento passa pela articulação com deputados federais e estaduais, prefeitos municipais e lideranças partidárias que tenham peso no processo sucessório paraibano. Nos últimos dias, o vice-governador fez uma estimativa de que poderá vir a contar com apoios de até 180 prefeitos dos 223 municípios do Estado, um prognóstico bastante otimista se comparado à prospecção das oposições sobre ‘racha’ no esquema oficial, a partir mesmo da dissidência aberta pelo prefeito Cícero Lucena em relação à pré-candidatura de Lucas Ribeiro.

O deputado Hugo Motta agendou visitas à Paraíba para se envolver mais diretamente nas articulações que ganham força dentro do esquema governista.

Em relação à vice-governança, há tratativas em andamento com a cúpula do Partido dos Trabalhadores, agora sob a direção da deputada estadual Cida Ramos, empossada com a presença do governador João Azevêdo.

O rompimento de Cícero criou espaços para a participação de outras forças – e o PT paraibano decidiu entrar no páreo, já que não terá condições concretas para encabeçar uma chapa majoritária e até então vinha se fixando apenas no engajamento à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição e no lançamento de candidaturas à Assembleia Legislativa e Câmara Federal.

O deputado estadual Luciano Cartaxo, embora sem maior cacife dentro do PT, chegou a colocar seu nome à disposição para a vaga de vice – ele que já foi vice de Maranhão, quando ambos foram empossados no vácuo do afastamento do governador Cássio Cunha Lima em 2009.

O nome de Cartaxo não tem consenso no PT, e da base de João Azevêdo partem sugestões para que o vice de Lucas venha a ser o secretário de Infraestrutura do Estado, Deusdete Queiroga, do PSB, sendo lembrada, também, uma indicação de nome por parte do “clã” Galdino, que tem como expressão maior o deputado Adriano, presidente da Assembleia Legislativa.

Formalmente, Adriano Galdino sustenta sua pré-candidatura ao Executivo estadual, mesmo não tendo o apoio do Republicanos nem tendo conquistado adesões mais significativas dentro do PSB ou junto ao núcleo duro ligado ao governador João Azevêdo.

Galdino tem esperado, inutilmente, até agora, uma declaração de interesse pela sua pré-candidatura por parte do PT devido à sua afirmação de que se considera “o único pré-candidato lulista ao governo da Paraíba”, tese que perdeu força depois que Lucas admitiu formar palanque para a campanha do presidente da República a um novo mandato.

Seja como for, Adriano vai esperar até dezembro para avaliar seu desempenho em pesquisas de opinião pública. Se chegar aos 20% de intenções de voto, arriscará a manutenção do seu projeto pessoal – do contrário, deverá cortejar, mesmo, uma candidatura à reeleição ao Legislativo.

Um fato relevante é que, apesar de ter dialogado com Cícero Lucena sobre sucessão, Galdino permanece na base de apoio ao governador João Azevêdo, inclusive, defendendo de forma entusiástica o seu programa de governo.

É um cenário que ainda comporta surpresas, conforme os analistas políticos.

Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba