Opinião

Liderança de João na pesquisa reforça o projeto de candidatura - Nonato Guedes

Foto: Divulgação
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Paraíba - A pesquisa “Polêmica Paraíba – Instituto Seta” sobre intenções de voto para a disputa ao Senado em 2026 aponta uma radiografia exata do cenário que já é refletido nas ruas com a liderança absoluta do governador João Azevêdo (PSB), alcançando 49,9% no quesito do primeiro voto para aquela Casa, tendo como segundo colocado o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), com 17,1% de menções no primeiro voto. O levantamento confirma a expectativa atual de polarização entre dois adversários políticos que já foram aliados no primeiro governo de João e que teoricamente se alinham na defesa do governo e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Veneziano tem se aproximado de setores de centro-direita no Estado, como o senador Efraim Filho, do União Brasil, mas já deixou claro que não estará no palanque de candidatos bolsonaristas e que, se for preciso, fará um palanque “apartado” para divulgar o nome de Lula.

João Azevêdo deverá fazer “dobradinha” ao Senado com o prefeito de Patos, Nabor Wanderley, do Republicanos, que não tem maior engajamento com o lulismo e que é pai do deputado Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados. Na pesquisa do Instituto Seta, Nabor foi mencionado com 5,1%, percentual inferior ao do deputado federal bolsonarista Cabo Gilberto Silva (PL), citado com 7,5%. Votos brancos e nulos somaram 8,9, e os indecisos ou que não responderam somaram 9,9%. A metodologia utilizada pelo Instituto do Rio Grande do Norte leva em consideração, preferencialmente, na fase atual, a declaração espontânea de voto dos eleitores entrevistados. No segundo voto para o Senado, João Azevêdo mantém-se na liderança, com 39,4% contra 17,7% de Veneziano Vital do Rêgo. O prefeito Nabor Wanderley figura com 6,1%. Houve menções, não muito expressivas, ao pastor Sérgio Queiroz, que chegou a ser pré-lançado candidato pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na hipótese de chapa liderada pelo ex-ministro Marcelo Queiroga (PL) ao governo. Tanto Queiroz como Queiroga desistiram, porém, de postulações majoritárias.

Foram ouvidos dois mil eleitores em cerca de cento e dois municípios paraibanos, e a margem de erro é de 3% com nível de confiança de 95%. O favoritismo atribuído ao governador João Azevêdo é explicado pelos resultados positivos de ações administrativas empreendidas em todas as regiões do Estado desde o seu primeiro mandato, conquistado em 2018, quando ainda estava aliado ao então governador Ricardo Vieira Coutinho (PT). João cresceu em meio ao rompimento com Ricardo, que enfrentou sério desgaste com denúncias de irregularidades e desvio de recursos apontadas em na chamada Operação Calvário. Nas eleições de 2022, Ricardo foi derrotado ao Senado por Efraim Filho, enquanto João foi reeleito ao governo em segundo turno, derrotando Pedro Cunha Lima, então PSDB, hoje PSD. Coutinho tem linha direta com o presidente Lula mas segue distanciado de João Azevêdo e do seu governo.

Em relação ao prefeito de Patos, Nabor Wanderley, seu nome passou a ser colocado no radar político paraibano só recentemente, quando foram ensaiados entendimentos de bastidores para composição de chapas majoritárias com vistas ao pleito de 2026. Ele não dispõe, ainda, de projeção estadual e, embora expoente de famílias políticas tradicionais da região das Espinharas, ganhou evidência com a ascensão do filho Hugo Motta para presidir a Câmara na sucessão do deputado federal Arthur Lira (PP-AL). É tido como um político acessível e ultimamente tem demonstrado interesse em massificar sua pré-candidatura ao Senado ao lado do governador João Azevêdo, beneficiando-se colateralmente dos ventos favoráveis que sopram na direção do chefe do Executivo.

A perspectiva é de luta encarniçada lá na frente pela conquista da segunda vaga, teoricamente opondo o senador Veneziano Vital do Rêgo ao prefeito Nabor Wanderley. A seu favor, Veneziano conta com uma jornada municipalista que intensificou nos últimos anos e que foi reforçada, em Brasília, com a destinação de recursos oriundos de emendas parlamentares para prefeituras de inúmeros municípios, com vistas à execução de obras de relevância. O senador tem dito que por conta do seu trabalho está garantindo o reconhecimento, com o direito a voto, de prefeitos e agentes políticos que em tese são da base política do governador João Azevêdo. O certo é que ele tem trabalhado muito para compensar lacunas em relação ao governador socialista, este indiscutivelmente valorizado como um gestor operoso. Levantamentos como o do Instituto Seta colaboram para sacramentar a convicção de João Azevêdo de que deverá disputar o Senado, deixando de lado qualquer resquício de hesitação ou de vacilação no contexto das forças políticas que lhe dão apoio na Paraíba.