JORNALISMO, UMA PROFISSÃO DE RISCO - Por Rui Leitão

Na data em que se comemora o “Dia do Jornalista” é importante que façamos uma reflexão sobre os riscos enfrentados por esses profissionais da comunicação no exercício de suas atividades. Ao produzir matérias de interesse público, o jornalista, muitas vezes, fica vulnerável a agressões, tanto físicas, quanto verbais, tornando-se alvo de extremistas ideológicos, criminosos, empresários e políticos corruptos. Os ataques à imprensa têm se intensificado no mundo inteiro, sendo, inclusive, praticados como política de estado em países que vivem sob regimes ditatoriais. É uma realidade que intranquiliza os que escolheram essa profissão.

Causa preocupação a constatação de que vem crescendo o número de jornalistas mortos no desempenho de seu trabalho. Relatório da ABERT – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, produzido no ano passado, revela que desde 2012 registraram-se 26 assassinatos de profissionais da imprensa, a maioria por arma de fogo, em flagrantes violações à liberdade de expressão. O documento apresenta ainda uma estatística assustadora: 163 jornalistas foram vítimas de violências não letais, tais como: ofensas, intimidações, vandalismo, hostilidades e importunação sexual. A imprensa brasileira, em 2023, sofreu 2,9 mil ataques por dia, ou dois ataques por minuto nas redes sociais, segundo aponta o Relatório da ABERT. Nas últimas décadas esses ataques contra a classe subiram 107%, fazendo com que o país se inclua atualmente entre os dez piores da América Latina na avaliação sobre liberdade de imprensa. Segundo um levantamento da ONG Repórteres sem Fronteiras, no ano passado o Brasil ficou na 110ª posição de um ranking que analisou a liberdade de imprensa em 180 nações.

É inconcebível que isso aconteça num regime democrático. Esse ambiente de insegurança para os profissionais da imprensa, nos leva, forçosamente a constatar o quanto tem se tornado difícil desempenhar a função diante de um quadro de banditismo, degradação e corrupção, verificado na sociedade contemporânea. Envolvidos em contextos de perigo, os jornalistas críticos vivem permanentemente sob pressão psicológica, amedrontados pelo risco da perda de vida e a integridade física ameaçada. Essa escalada de agressividade vem sendo estimulada pelos que não sabem conviver com a democracia.

Quando se ataca uma instituição como o jornalismo, se está impedindo que a sociedade possa percorrer os caminhos necessários para desenvolver a justiça social e vencer os males que atingem nosso país a tanto tempo. O propósito de silenciar a imprensa, tentando calar vozes divergentes, se alinha com as posturas autoritárias dos poderosos, no desejo de provocar, pela imposição do medo, a autocensura entre os jornalistas. É preciso que se encontrem alternativas para alterar esse quadro.

Marcelo Rech, da ANJ, disse que “a imprensa são os olhos e ouvidos da população. É uma testemunha a serviço da sociedade. Permitir que esse profissional trabalhe de forma livre é fundamental para que todos sejam informados adequadamente e tenham seu processo de tomada de decisões baseado em fatos, e não em teorias da conspiração. A liberdade de imprensa não é da imprensa, mas sim da sociedade.”

Neste 7 de abril rendamos nossas homenagens aos profissionais do jornalismo que corajosamente enfrentam no dia-a-dia aqueles que os vêem como inimigos, porque têm a coragem de produzir a notícia verdadeira, ainda que desagradando alguns. 

Rui Leitão