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JANDUHY CARNEIRO: No jogo político, a ingratidão dá as regras? - por Luiz Pereira

Foi dos Anjos mesmo quem se definiu como sendo (...) filho do carbono e do amoníaco/monstro de escuridão e rutilância/sofro, desde a epigênesis da infância/a influência má dos signos do zodíaco. Estaria Jandui Carneiro mal acompanhado por signos azarados ou trava diálogos com a pantera?

Vês! Ninguém assistiu ao formidável enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera – Foi tua companheira inseparável! O mais desavisado dos homens saberia que esse trecho inicial não é de minha autoria. Augusto dos Anjos, paraibano por derradeiro, cuidou de eternizar os versos que traduzem a ingratidão.

Eles ultrapassam gerações com uma contemporaneidade que apenas um gênio poderia aplicar tal técnica, principalmente por se tratar de uma definição de um comportamento, por mais impuro que seja, pertencente apenas ao homem.

Apesar de escrito no início da década de XX, Versos Íntimos traduz a mais atual e visceral conduta política. Isso mesmo, é na política que a ingratidão se materializa com mais ênfase.

Digo isso e passo a analisar uma fala do suplente de deputado Janduhy Carneiro (Patriotas), deixando para o leitor a melhor interpretação da correlação entre Augusto dos Anjos e a política moderna.

Nesta semana, foi anunciado o nome do Deputado Estadual Felipe Leitão (Avante) para ocupar a pasta da Secretaria de Desenvolvimento Humano no governo Cícero Lucena. Este por sua vez foi audacioso ao convidar um deputado estadual, atual vice-presidente da Assembleia Legislativa, para uma pasta municipal. Duvido muito que outro deputado pudesse abdicar de tamanha regalia para arregaçar as mangas em uma pauta de tamanha importância que é da assistência social.

As regalias já são conhecidas de todos, mas devemos somar a isso o crescimento político do deputado Felipe nos últimos anos, com mais destaque em 2020. Após as eleições pudemos testemunhar o crescimento do partido Avante e da sua base, que já somam um número maior que três times de futebol, com direito a arquibancada formada por vereadores.

Felipe Leitão, apesar de um ano trágico marcado pela morte do seu formador Genival Matias, saiu como um gingante desse processo, principalmente por abrir mão de seu assento na casa legislativa.

Por outro lado, vindo de um ostracismo político que perdurava dois anos, sem sinal de reviravolta, o suplente Janduhy Carneiro ganhou de presente de Papai Noel um lugar ao sol da política.

E pelo que me consta, não houve tratativas internas para esse movimento de peças no tabuleiro, a não ser que tenha sido entre o governador João Azevedo, Cicero Lucena, o Deputado Adriano Galdino e o próprio Felipe.

Acontece que em fala pública Janduhy resolveu agradecer efusivamente a oportunidade que lhe deram de retornar a casa legislativa, todavia fazendo em nome de pessoas fora do contexto que envolveu esse movimento no jogo político.

É certo que agradeceu aos indigitados políticos já mencionados, mas fazendo de maneira tímida e inexpressiva, reservando os maiores gestos para pessoas desconhecidas ou que sequer atuaram nessa escolha.

Depois disso, talvez chamado atenção pelos mesmos agraciados em fala pública, tentou emendar o soneto. E de soneto Augusto entende.

Foi dos Anjos mesmo quem se definiu como sendo (…) filho do carbono e do amoníaco/monstro de escuridão e rutilância/sofro, desde a epigênesis da infância/a influência má dos signos do zodíaco.

Estaria Janduhy Carneiro mal acompanhado por signos azarados ou trava diálogos com a pantera?

Agora é resposta é com você!

Fonte: Luiz Pereira
Créditos: Luiz Pereira