Opinião

INVESTIGAÇÕES: PT da Paraíba adota mesma estratégia da cúpula nacional da legenda - por Felipe Nunes

Em moção de solidariedade ao ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), o partido repudiou “quaisquer acusações em provas, contra o ex-governador, em relação à operação Calvário”

O diretório estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) passou a adotar, na Paraíba, a mesma postura que a cúpula  nacional da legenda em temas relativos às investigações em curso no âmbito do Ministério Público. Em Moção de Solidariedade ao ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), o partido repudiou “quaisquer acusações sem provas, contra o ex-governador, em relação à operação Calvário”, mesmo sem haver qualquer denúncia contra o socialista no contexto local.

Em entrevista ao programa Arapuan Verdade, na segunda-feira (21), o presidente do partido, Jackson Macedo, foi enfático: “Entendemos que a Operação Calvário começa a ter instrumentos muito parecidos com a Operação Lava-Jato. São vazamentos seletivos, processos que correm em segredo de Justiça que são vazados para a imprensa, enfim, (…) é como se a Operação Lava-Jato fizesse escola”, declarou.

A moção aprovada pelo PT também bate na imprensa, apesar do bom relacionamento que o partido têm com os veículos de comunicação na Paraíba. “O ex-governador Ricardo Coutinho vem sendo crucificado, sem nem mesmo ser citado na Operação Calvário, numa clara campanha patrocinada – em grande parte da mídia -, e em blogs isolados financiados pelos coronéis políticos decaídos”.

Do ponto de vista político, a moção denota que o partido está alinhado ao ex-governador, sendo-lhe grato pela postura que ele adotou na defesa da ex-presidente Dilma Rousseff durante o processo de impeachment que a apeou do poder. A cúpula local também parece ter se convencido de que a postura da cúpula nacional, capitaneada pela deputada Gleisi Hoffmann, diante da operação Lava-Jato, têm dado algum resultado.

A grande diferença, porém, entre os contexto estadual e nacional, é que, por lá, o ex-presidente Lula foi condenado em três instâncias da Justiça, no caso do triplex; é réu em cerca de sete ações em curso, além de ter sido citado por delatores, sendo o mais proeminente deles o ex-ministro Antonio Palocci. Por aqui, Ricardo Coutinho nem mesmo foi denunciado, como aponta a própria moção aprovada pelo partido.

Vale salientar, entretanto – mesmo considerando como legítima a autonomia do PT em aprovar moções como esta -, que as instituições precisam ser preservadas de ataques sem fundamento, tanto o Ministério Público quanto a imprensa, que são pilares do pleno funcionamento da República e da democracia.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Felipe Nunes