Paraíba - O que era para ser um marco de fortalecimento institucional da advocacia paraibana se tornou, infelizmente, uma metáfora concreta da falta de transparência. Afinal, a nova sede da OAB – Seccional Paraíba já apresenta sinais claros de deterioração. Sim, o local onde se celebrou, com festa e discursos, uma suposta nova era, agora está literalmente desmanchando com as chuvas de maio.
Contexto
Mas nada disso é exatamente uma surpresa.
Além disso, tudo já havia um alerta durante a campanha, em uma matéria que hoje se confirma profética. À época, apontava-se o risco de conflito de interesses, a contratação de uma empreiteira do Amapá com ligações diretas a empreendimentos do atual presidente da Caixa de Assistência dos Advogados da Paraíba, Rodrigo Farias, e a falta de transparência nos processos. Era um sinal vermelho. Um aviso. Um pedido de atenção.
Agora, o desmoronamento é físico e simbólico. Do auditório — único equipamento inaugurado — inaugurava-se não apenas um equipamento, mas simbolicamente uma crise da gestão. A entrega apressada desse único espaço, feita claramente para atender a um sentimento eleitoreiro, refletia o espírito de toda a obra: pressa, falta de cuidado e ausência de responsabilidade.
A pressa, aliás, parece ter sido a tônica de toda a construção. E isso foi fatal. Antes mesmo de ser concluído, o que deveria ser um legado da advocacia se transforma em ruína — com desabamento parcial e sérios indícios de comprometimento estrutural em quase toda a edificação.
Mais grave ainda: aquela isolada inauguração se deu de forma claramente irresponsável, apenas para atender a interesses eleitorais pessoais, em detrimento da ética, da transparência e do verdadeiro interesse público. O que deveria ser um marco institucional foi transformado em vitrine de vaidades e, ao que tudo indica, o prédio foi construído sobre bases frágeis, tanto literal quanto moralmente.
As perguntas feitas na matéria publicada durante a campanha eleitoral continuam, hoje, ecoando com ainda mais força:
Quem está lucrando com isso? Houve licitação?
Houve transparência?
Parece que não houve sequer respeito à advocacia paraibana. A obra, que ultrapassa os R$ 20 milhões, já dá sinais de uso de material de baixa qualidade, reforçando as suspeitas levantadas desde o início sobre a idoneidade e a capacidade técnica da empresa contratada — escolhida sob indicação política e sem qualquer vínculo com o Estado.
Enquanto o prédio da dúvida segue trôpego e cambaleando, o silêncio das lideranças responsáveis ecoa nos corredores ainda fechados da sede inacabada.
Enquanto o caso ainda ressoa como uma etapa de Inauguração fake, um markting de palco, permanecem na memória o mesmo incômodo que deriva da denúncia de uma obra cujos sustentáculos mais fortes eram os eleitorais.
Apelo
Por fim, fica, mais uma vez, o apelo ao presidente da OAB-PB, Harrison Targino. Acima de tudo, explique à advocacia paraibana o que há por trás dessa estrutura que, antes mesmo de ser entregue por completo, já se desmancha. Porque, até agora, a única coisa sólida… é a suspeita.
Fonte: Opinião Paraíba