opinião

IBOPE CONVENIENTE À DIREITA: "Não costumo brigar com os números, mas quando eles brigam com a realidade" - Por Flávio Lúcio Vieira

"Qual é a estratégia do conservadorismo para ganhar essa eleição e dar continuidade ao golpe?"

Qual é a estratégia do conservadorismo para ganhar essa eleição e dar continuidade ao golpe? Qual é a única chance de um candidato desse campo vencer uma eleição em meio à violenta crise econômica que assola o país e a vida da maior porte do eleitorado?

Se sua resposta for: enfrentar o candidato do PT no segundo turno para desviar o debate a respeito da crise e da agenda anti-povo de Bolsonaro e CIA e colocar no centro da discussão, com amplo respaldo da mídia corporativa, temas como “corrupção”, “kit gay”, “defesa da família”, “Venezuela” etc. nós temos concordância.

É essa a estratégia eleitoral delineada desde sempre e na qual apostam candidatos como Alckmin, que só bate em Bolsonaro porque sabe que a única possibilidade de vencer essa eleição é disputando o segundo turno com o PT. Por isso, a última pesquisa do Ibope guarda estranha conveniência com essa estratégia. E os números demonstram isso.

Primeiro, não há o que contestar na subida de Haddad – real, consistente, sobretudo aqui no Nordeste. Mas de onde ele tira os votos para crescer?

Vejam: segundo o Ibope, Ciro, Alckmin e Marina estão estagnados, portanto, não perderam votos de uma semana para outra. Então, Haddad tirou votos de quem? Nem de Ciro, que é do mesmo campo, ele tirou votos? Estranho.

Mais estranho ainda é que, somados, os eleitores indecisos e que antes votavam nulo e branco caíram 3% no mesmo período, exatamente a soma do votos incorporados à votação de Haddad. Ora, todo mundo sabe que normalmente, os indecisos se distribuem proporcionalmente entre os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas, mas não é o que está acontecendo, principalmente se considerarmos que estamos entrando na reta final da campanha. Haddad herda TODOS os votos dos indecisos.

Não costumo brigar com os números, mas quando eles brigam com a realidade observável, cabe questioná-los, sobretudo quando esses números foram produzidos pelo Ibope, cujas históricas e estreitas relações com a Globo são motivos suficientes para nos deixar (pelo menos) com uma pulga atrás da orelha.

Prefiro esperar o resultado das urnas.

ARAPUAN EM CAMPANHA

Está cada vez mais claro que o Sistema Arapuan não contratou Siqueira Jr. por acaso. A pauta do falso moralismo bolsonarista, de viés muito ao gosto de Silas Malafaia, domina agora o programa político de rádio de maior audiência da Rádio Arapuã. Não é à toa, portanto, que os eleitores de Bolsonaro fazem a festa ligando para a emissora dando vivas às posições políticas e morais ultra-conservadoras do apresentador Heron Cid. É uma tristeza que uma concessão pública cumpra um papel desses, em campanha disfarçada para um candidato da intolerância, do estímulo ao preconceito e do fascismo.

Fonte: Flávio Lúcio Vieira
Créditos: Flávio Lúcio Vieira