Eleições 2026

Governador formata chapa e testa lealdade de aliados políticos - Por Nonato Guedes

Foto: reprodução
Foto: reprodução

O governador João Azevêdo (PSB), contrariando prognósticos, entrou no “modo turbo” e passou a acelerar articulações políticas com integrantes da sua base de apoio para formatar a chapa com vistas às eleições de 2026. Nesse exercício de mobilização política o chefe do Executivo aproveita para testar a fidelidade dos aliados, distribuídos pelo partido que preside e por outros partidos como o Progressistas e o Republicanos. Em tom assertivo, João Azevêdo já expediu recados de que os descontentes com as decisões que está costurando para o confronto com as oposições têm plena liberdade para seguirem os caminhos que julgarem convenientes para os seus interesses, o que significa que não haverá, de sua parte, qualquer manobra de imposição de nomes.
Como se sabe, dentro do bloco governista, além do vice-governador Lucas Ribeiro, do PP, pleiteiam a indicação de candidatura ao Executivo o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, também filiado ao Progressistas, e o deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, filiado ao Republicanos. Até aqui, dirigentes do PP e do Republicanos trabalham com a hipótese de uma chapa encabeçada por Lucas, com candidato a vice em aberto, e com duas candidaturas ao Senado – a do governador João Azevêdo e a do prefeito de Patos, Nabor Wanderley, pai do deputado Hugo Motta, presidente da Câmara Federal e, também, presidente do diretório estadual do Republicanos. Mas João não desautoriza as ambições latentes, manifestadas tanto por Cícero como por Adriano, cada qual invocando razões próprias para postularem a indicação.
Apurou-se que o governador já está agendando uma reunião com integrantes do seu partido, o PSB, não só para reiterar informações sobre os entendimentos em torno da chapa majoritária, inclusive, a respeito de sua candidatura a uma vaga de senador, mas, também, para debater os critérios da nominata de postulantes à Câmara Federal e Assembleia Legislativa. Investido recentemente no comando da legenda, em substituição ao deputado federal Gervásio Maia, João Azevêdo tem compromisso firmado com a cúpula nacional do PSB, agora presidida pelo prefeito do Recife, João Campos, para fortalecer a agremiação no Estado. Mas o gestor considera que é possível assegurar espaços legítimos e democráticos para o seu partido sem preterir interesses de outras agremiações que não só integram a base como compartilham o projeto de poder empalmado desde 2018 quando ele ascendeu ao Palácio da Redenção. Há movimentos, também, na direção do PT, para se integrar à grande aliança que João projeta.


Segundo analistas políticos, uma vantagem do governador João Azevêdo em todo esse processo está na postura de dois pretendentes à indicação ao governo – Cícero Lucena e Adriano Galdino, que colocam no radar as suas expectativas, insistem, mesmo, em serem ouvidos mais atentamente no processo decisório, mas fazem acenos de permanência no esquema oficial, descartando o assédio de partidos e líderes oposicionistas para que rompam com o governo estadual. Nas reuniões do Orçamento Democrático, que passaram a prestigiar em diferentes municípios do interior do Estado, tanto Cícero quanto Adriano enaltecem o êxito do modelo de gestão que está sendo implementado na Paraíba e que tem despertado a atenção da mídia nacional pelos reflexos no desenvolvimento do Estado e no asseguramento de uma situação de equilíbrio nas finanças públicas.

O tom dos pré-candidatos que se anunciam na base de João é na linha da continuidade administrativa mediante a constatação de que o modelo é exitoso e promove avanços surpreendentes para a realidade local, além de impactar positivamente segmentos da população em todas as regiões. João, por sua vez, tem Cícero e Adriano como partícipes da mudança administrativa que está em curso.


O governador parece convencido, efetivamente, de que o vice Lucas Ribeiro tem credenciais para assumir a candidatura, não somente por estar na ante-sala do poder e ter direito à reeleição caso investido na titularidade, com a renúncia de Azevêdo para disputar outro mandato, mas porque tem a sua confiança e representa um colégio eleitoral importante como Campina Grande, o segundo do Estado, de onde emergiu em 2022, na batalha pela reeleição, um líder de expressão como o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSD), que avançou para o segundo turno. João Azevêdo tem deixado claro que, para ele, a garantia de unidade do esquema é uma espécie de mantra, ou de mandamento sagrado, que precisa ser assumido pelo conjunto dos integrantes do grupo como condição sine-qua-non para viabilizar chances de vitória e permanência da hegemonia no poder. É em nome de um projeto maior de sobrevivência que ele empenha suas energias, sem descurar do retorno administrativo que lhe cabe apresentar em escala crescente, atendendo aos compromissos assumidos em praça pública quando pediu votos de confiança para mais um mandato no Executivo paraibano