no Dia do Trabalho

Getúlio foi o estadista mais reverenciado pelas classes trabalhadoras - Por Nonato Guedes

Embora seja uma figura controvertida da política brasileira, que governou em períodos distintos, alternados entre a ditadura do “Estado Novo” e a redemocratização, o advogado Getúlio Dornelles Vargas, gaúcho de San Borja, nascido em 19 de abril de 1882 e falecido em 24 de agosto de 1954 no Rio de Janeiro, tendo se suicidado com um tiro no peito, foi, seguramente, o político e, também, o estadista mais reverenciado pelas classes trabalhadoras por ter instituído o salário mínimo e a CLT, Consolidação das Leis do Trabalho, além de ter prestigiado sindicatos que ficavam sob a tutela do Estado. Essa imagem de “Pai dos Pobres” foi realçada com a Carta-Testamento que Getúlio escreveu às vésperas do suicídio e que causou comoção por se declarar vítima de “forças terríveis” comprometidas com o grande capital e a desnacionalização da economia brasileira.

Na história do Brasil, consta que em 1894 um grupo de anarquistas e socialistas resolveu fazer pela primeira vez uma manifestação pelo Dia do Trabalho, mas todos foram presos. A comemoração da data só aconteceria no ano seguinte, quando foi promovida pelo Centro Socialista de Santos, São Paulo. Em maio de 1978, os metalúrgicos de São Bernardo do Campo, São Paulo, realizaram a primeira greve da categoria desde 1968, projetando Luiz Inácio Lula da Silva como nova liderança sindical. Lula foi forjado como expoente do sindicalismo em plena vigência da ditadura militar instaurada em 1964 e finalizada em 1985. Ganhou destaque, também, como fundador do Partido dos Trabalhadores, que chegou ao poder federal com ele duas vezes, primeiro em 2002, depois em2006. Lula, atualmente, cumpre pena de prisão na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas na opinião de alguns advogados ele já pode requerer progressão do cumprimento da pena, até alcançar a prisão domiciliar ou o regime semi-aberto. Lula completou um ano de prisão em abril último e na semana passada ganhou repercussão internacional com entrevistas concedidas aos repórteres Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo, e Florestan Fernandes Filho, de “El País”.

Em relação a Getúlio Vargas, em novembro de 1930 ele instalou-se como presidente de um Governo Provisório encarregado de redigir uma nova Constituição para retomar o trabalho democrático do país e legitimar o novo regime. Em 1934, um dia depois da promulgação da nova Carta Magna, os deputados elegeram Getúlio por 175 votos, frente a outros dez candidatos. Em 1937, Getúlio cancelou as eleições presidenciais previstas para o ano seguinte, extinguiu os partidos políticos e dissolveu o Congresso, implantando o regime de força denominado de Estado Novo. Nas eleições de 1950, já em plena redemocratização, Getúlio foi eleito com 3.849.040 votos, tendo encerrado sua trajetória com o tiro no peito em 1954, em meio a denúncias de “mar de lama” no governo, comandadas pela UDN de Carlos Lacerda, então governador da Guanabara. Getúlio estimulou teses nacionalistas e criou as bases para a industrialização brasileira, bem como o fortalecimento do setor estatal, com a estatização da exploração do petróleo, via criação da Petrobras e geração de energia elétrica. Criou, também, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Ao receber manifestantes “queremistas”, partidários do seu retorno ao poder, em 30 de agosto de 1945, Getúlio Vargas afirmou: “Eu sempre fiz a política do trabalhador, a política dos homens que trabalham e produzem, nos campos e nas cidades, nas oficinas, nos escritórios, nas fábricas ou nas estradas de ferro, nos navios. Não gostam de mim os gozadores e os sibaritas, aqueles que, vivendo na abundância, não querem pagar aos homens que trabalham uma justa remuneração dos seus serviços. Não me querem os forjadores, os trustes e monopólios que procuram desorganizar o orçamento do pobre, encarecendo a vida e provocando a elevação dos gêneros de primeira necessidade. Contra esses, estarei sempre ao lado dos interesses do povo para cumprira lei”. Na Carta-Testamento, Getúlio afiançou: “Esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História”.

Fonte: Os Guedes
Créditos: Nonato Guedes