Opinião

Eleições 2026: Lucas apoia Lula, Cícero acena para o Centro-Direita - Por Gildo Araújo

Finalmente, estamos nos aproximando das definições político-partidárias na Paraíba para as eleições de 2026.

Eleições 2026: Lucas apoia Lula, Cícero acena para o Centro-Direita - Por Gildo Araújo

Finalmente, estamos nos aproximando das definições político-partidárias na Paraíba para as eleições de 2026. O último fim de semana deixou bem claras as tendências dos principais protagonistas que compõem este cenário.

Do lado situacionista, com a ausência do governador João Azevêdo (PSB) — que esteve adoentado — o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), foi o principal destaque do Orçamento Democrático Participativo (ODE) em Campina Grande. Em entrevista concedida ao Sistema Arapuan, afirmou de forma categórica que apoiará a reeleição do presidente Lula (PT), juntamente com todo o grupo do Progressistas.

Já no campo oposicionista, o fim de semana foi de bastante euforia. Durante o lançamento do curta Habeas Pinho, em homenagem ao ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima, em Campina Grande, surgiu outro protagonista para dividir os holofotes com o homenageado: o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP).

Ele deixou de prestigiar o ODE em Campina Grande — evento comandado pelo vice-governador Lucas Ribeiro, seu aliado de partido — para participar dessa solenidade.

Essas movimentações já revelam tendências reais dentro do contexto político atual. No campo governista, o anúncio de apoio de Lucas Ribeiro à reeleição de Lula deixa claro que as chances de uma eventual candidatura do presidente da Assembleia, Adriano Galdino (Republicanos), receber o respaldo do PT começam a se reduzir.

A própria presidente estadual da legenda, a deputada Cida Ramos, já declarou que a tendência é apoiar Lucas Ribeiro para o governo, João Azevêdo (PSB) e Nabor Wanderley (Republicanos) para o Senado, formando um palanque fortíssimo para Lula na Paraíba.

Quanto ao prefeito Cícero Lucena, percebe-se que, gradualmente, ele se aproxima da oposição, especialmente do grupo Cunha Lima, e se distancia do grupo governista. Sempre o acompanha seu “amuleto político”: o deputado Adriano Galdino, que, ao que parece, também acena para retornar ao grupo Cunha Lima, com o qual já esteve alinhado em um passado não tão distante.

Um fator relevante nesse xadrez é a percepção, dentro da oposição, de que existe grande potencial de vitória caso haja segundo turno entre Lucas Ribeiro contra Pedro Cunha Lima (PSD) ou Efraim Filho (UB) — ambos com amplas chances de conquistar o governo da Paraíba após quase 16 anos fora do poder.

Nesse cenário, entregar de “bandeja” a candidatura a Cícero Lucena, que esteve todo esse tempo ligado ao governo estadual, não parece uma decisão unânime entre os oposicionistas.

Vale lembrar que, na linguagem política defendida por Pedro e Efraim, não há espaço para “quem já foi poder” voltar ao comando do Estado. Cícero já governou a Paraíba, e eles pregam renovação. Além disso, uma eventual adesão de Cícero ao bloco oposicionista pode gerar fissuras, como no caso do deputado Ruy Carneiro, que, em entrevista recente, demonstrou insatisfação com a possibilidade de o prefeito ser o candidato das oposições.

Assim como a oposição avalia seus passos, Cícero Lucena também deve pesar os riscos: deixar a prefeitura de João Pessoa para tentar ser candidato ao governo pode não ser a estratégia mais segura, ainda mais se encontrar resistências internas, porque depois “já é tarde, Inês é morta” (D. Manuel).

Diante desse cenário, fica evidente que a intenção do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP) em antecipar a definição da chapa governista é justamente separar quem é governo de quem não é, permitindo reorganizar a estrutura administrativa e política com antecedência — e não “em cima da hora”, como sempre foi. Se é para antecipar, que antecipe logo tudo, para saber quem é quem, nesse jogo tão embaraçado.

Se o governador João Azevêdo adotar essa postura mais austera agora, aqueles que pensam em romper podem refletir duas vezes. Afinal, ficar mais de um ano sem os benefícios do governo não é nada vantajoso e pode custar caro, inclusive em termos de derrota eleitoral. Isso vale tanto para parlamentares quanto para quem hoje usufrui das vantagens do poder. Mas, essa é a lógica do jogo: “Toda ação gera uma reação” (3ª Lei de Newton).

Quem viver, verá!

Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba