No bloco oposicionista paraibano, na atual conjuntura, o senador Efraim Filho, líder do União Brasil, agrega mais potencial do que o ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSD) para empalmar candidatura ao governo do Estado, dentro da estratégia para derrotar a hegemonia socialista iniciada com Ricardo Coutinho e continuada com João Azevêdo.
Pedro tem perfil indiscutível de renovação e é loquaz no discurso de abordagem dos problemas que ainda afligem a população, como consequência da sua aplicação ao conhecimento desses desafios e ao estudo de alternativas de governança para a Paraíba.
Foi com esse perfil que ele conquistou votos em parcelas influentes do eleitorado e alavancou a disputa contra João Azevêdo para o segundo turno, perdendo por margem estreita na análise geral do cenário que estava no radar. Mas, vale repetir, isso foi ontem.
Hoje, quem se apresenta com mais cacife no bloco oposicionista é o senador Efraim Filho, que, inclusive, protagonizou uma ação espetacular na campanha de 2022 quando venceu a corrida por uma única vaga, derrotando nomes como o do ex-governador Ricardo Coutinho (PT) e o da ex-deputada estadual Pollyanna Werton (PSB), lançada praticamente à última hora no esquema governista para ocupar o vácuo decorrente da desistência do deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) em encarar o desafio.
Efraim conseguiu sustentar o apoio do Republicanos, que no páreo ao governo fechou com João, mas o senador afirma que enfrentou o rolo compressor do esquema oficial em diferentes regiões do interior e considera ter travado uma batalha desigual, compensada com a vitória maiúscula cravada nas urnas.
Efraim foi favorecido, também, pela penetração em Campina Grande, segundo colégio eleitoral do Estado, reforçada graças à dobradinha que não titubeou em firmar com o ex-deputado Pedro Cunha Lima.
No pós-eleitoral, o que tem sido constatado é que o senador Efraim Filho tem sido mais ativo e mais articulado na militância política e no enfrentamento ao governo do que Pedro Cunha Lima, que ficou sem mandato parlamentar. Essa circunstância – a de não ter mandato – tem dificultado os passos de Pedro, por mais que ele apregoe que não precisa de cargo público para defender os interesses populares e desfraldar sua principal bandeira, a da Educação.
Mas é evidente que o ritmo de mobilização de Pedro tem diminuído de intensidade, do ponto de vista de participação em eventos da agenda pré-eleitoral, enquanto o senador Efraim Filho não só mantém a agenda, digamos, “social” inerente ao mandato, como se projeta constantemente no cenário nacional, agitando discussões sobre temas polêmicos que estão na ordem do dia, sobretudo os que tratam da ordem econômica e social.
Nos recentes festejos juninos, Efraim parecia estar em toda parte, enquanto de Pedro não se tinha notícia.
Vez por outra, o filho do ex-governador Cássio Cunha Lima tem colocado seu nome à disposição, ainda para concorrer ao Palácio da Redenção, mas já houve oportunidades em que foi lembrado para candidatura ao Senado, juntamente com o emedebista Veneziano Vital do Rêgo, que disputará a reeleição, e em que admitiu que poderá se compor com a candidatura de Efraim à cabeça de chapa, no papel de postulante a vice-governador.
Essas opções estão em apreciação na órbita do esquema oposicionista, que tem outros problemas a superar, a exemplo do diálogo com o bloco bolsonarista que acena com chapa própria encabeçada pelo ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (PL), ex-candidato a prefeito de João Pessoa em 2024.
A desenvoltura do senador Efraim Filho manifesta-se, também, na sua reconhecida capacidade estratégica e na leitura correta que tem feito até aqui sobre os desdobramentos da realidade política-eleitoral paraibana, prevendo, inclusive, racha na seara governista.
De Efraim não se pode dizer que ambiciona a candidatura a governador porque pode concorrer sem o risco de perder o mandato no Congresso Nacional. Ele já demonstrou ousadia, impetuosidade e combatividade na campanha de 2022, quando abriu mão de uma confortável reeleição à Câmara dos Deputados, rompeu com o esquema do governador João Azevêdo e mergulhou de ponta-cabeça na campanha ao Senado, sem sequer conhecer os adversários que enfrentaria.
É esse figurino que o posiciona bem junto aos seus apoiadores e que lhe abre possibilidades de conquista de eleitores de outros segmentos. No bloco de oposição, como no do governo, há políticos que insinuam pré-candidatura ao governo apenas como tática para serem ouvidos no processo. Este é o caso do deputado federal Romero Rodrigues, do Podemos, que já desperdiçou duas oportunidades de assumir-se como candidato, mas não abre mão de ter algum tipo de influência.
Efraim é decidido, sabe o que quer e costura sua própria estratégia com confiança e maturidade, o que lhe dá as credenciais para liderar o agrupamento oposicionista em 2026.
Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba