
Pré-candidato ao governo do Estado pelo União Brasil, em oposição ao esquema liderado pelo governador João Azevêdo (PSB), o senador Efraim Filho vem reforçando o seu perfil alinhado às forças bolsonaristas como parte da estratégia para ampliar apoios à candidatura ao Palácio da Redenção em 2026, que também vem se consolidando no campo político-ideológico em que atua. Os movimentos de aproximação de Efraim com o bolsonarismo têm sido facilitados pela tática nacional do seu partido de compor-se ao Planalto com um candidato oriundo desse agrupamento – senão o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que no momento se acha inelegível e cumprindo medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal, outro nome que preencha o vácuo de impedimentos legais. Nesse sentido, Efraim deverá marcar presença na agenda de fim de semana da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro na Paraíba, a pretexto de manter acesa a chama depois que o marido foi punido com o uso de tornozoleira eletrônica.
A pretensão de Efraim em concorrer ao Executivo estadual ganhou força depois do resultado eleitoral de 2022 em que ele conquistou a única vaga ao Senado em jogo, derrotando expoentes políticos do quilate do ex-governador Ricardo Coutinho (PT) e da ex-deputada Pollyanna Werton (PSB). Ali, ele teve uma prévia dos largos espaços que se abriam à sua frente no “front” da centro-direita – leitura que foi calibrada com o avanço do candidato a governador Pedro Cunha Lima (então PSDB) para o segundo turno na disputa contra o governador reeleito João Azevêdo. Pedro logrou esse feito sem se comprometer com candidaturas presidenciais favoritas (no caso as de Lula e de Bolsonaro), passando ao largo da polarização ideológica nacional e focando no maniqueísmo político estadual, o que aparentemente lhe permitiu atrair votos de cores distintas no caudal expresso pelo balanço das urnas ao fim de uma das mais renhidas batalhas eleitorais dos últimos tempos na Paraíba. Sobre o perfil de Efraim, cabe ressaltar que ele acatou constrangido a decisão da cúpula nacional do União Brasil de integrar a base de apoio ao governo do presidente Lula, tanto que deixou claro, em várias oportunidades, que não havia aderido à gestão petista mas, sim, assumido compromisso com a governabilidade do país, situação que lhe deixava à vontade para votar a favor ou contra matérias do Planalto, dependendo da sua consciência. Concretamente, Efraim operou até agora como um parlamentar “independente”, espécie de livre-atirador com flexibilidade para questionar e mesmo criticar abertamente o governo Lula em questões pontuais como o que ele denomina de “sanha arrecadatória incontrolável”, referência à proliferação de impostos como ardil para rechear o cofre da União e tapar o rombo de déficits que vêm sendo acumulados numa conjuntura instável, agravada, agora, pela iminência de sanções dos EUA com o tarifaço sobre produtos brasileiros de exportação. O “desembarque” do União Brasil do governo, entregando ministérios que exercia, soou como alívio para as pretensões autonomistas do senador Efraim Filho no sentido de se posicionar no metro quadrado da realidade institucional do país.
No fundo, Efraim Filho está sendo coerente com posicionamentos que foram adotados lá atrás, no início dos anos 2000, pelo seu pai, também senador Efraim Moraes, líder do antigo PFL, depois Democratas, que era crítico impenitente das gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e movia combate cerrado contra o PT. Partiu de Efraim pai a mobilização para instalar uma CPI dos Bingos, que irritou Lula a ponto de chamá-la de “CPI do Fim do Mundo” e, em outra frente, acionar a bancada petista e outros aliados para esvaziarem a apuração de escândalos que tiveram repercussão nacional. Na campanha de 2022 ao Senado, Efraim Filho nem teve apoio de Lula nem de Bolsonaro, o que facilitou seus passos como “franco-atirador”. Por outro lado, o parlamentar procurou aplicar-se no estudo e discussão dos temas nacionais para ser o que é hoje – um dos protagonistas dos grandes debates, interlocutor preferencial de emissários do setor produtivo e das classes empresariais, além de “Cabeça influente” no Congresso, ocupando cargos de projeção indiscutível.
A preparação de Efraim para a candidatura ao governo da Paraíba em 2026 vem resultando em efeitos positivos, cujo exemplo maior é a aliança que o PL bolsonarista, capitaneado pelo ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga propõe em torno do seu nome. Há, mesmo, convites para que o parlamentar do União Brasil se filie ao PL, hipótese que não é refugada mas que não está ainda no radar, diante da luta que Efraim trava no âmbito da federação com o Progressistas para ter o controle no Estado e ser ungido candidato do agrupamento ao Palácio da Redenção. Enquanto isso, o senador intensifica agenda municipalista, entremeada por incursões nos dois maiores colégios eleitorais do Estado – João Pessoa e Campina Grande e penetrando, sutilmente, em nichos do eleitorado com quem não havia estabelecido comunicação mais direta (caso dos policiais militares que sempre têm reivindicações a abraçar). Evidente que algumas “amarrações” precisarão ser feitas para dar a Efraim uma indicação confortável como candidato, mas foco e persistência ajudam muito nessa investida. E tais predicados já fazem parte do perfil do senador do União Brasil.