Paraíba - Obstinado no papel de pré-candidato bolsonarista ao governo do Estado em 2026, o senador Efraim Filho (União Brasil) rechaçou, ontem, em entrevistas, a hipótese de se compor com uma virtual candidatura do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas) ao Executivo, caso viesse a romper com o esquema do governador João Azevêdo. Segundo Efraim, a oposição tem quadros disponíveis e preparados para o embate com o candidato oficial, que deverá ser o vice-governador Lucas Ribeiro, do PP, citando, além do seu próprio nome, os do ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSD) e do deputado federal Romero Rodrigues, do Podemos. Para ele, a construção mais adiantada é a da sua candidatura, por ter agregado o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, vocalizado pela sua mulher, Michelle, e pelo ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (PL).
Empenhado em buscar alianças para se fortalecer na disputa majoritária, Efraim Filho continua dando seta para o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) a fim de atraí-lo para o arco de sua aliança. Reconhece que tem divergências pontuais com o parlamentar no plano nacional, pelo apoio e alinhamento deste ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mas avalia que, no plano local, ambos convergem na oposição ao esquema do governador João Azevêdo e poderão se unir por esse fator, tal como estiveram juntos em 2022, no segundo turno, em apoio ao ex-deputado Pedro Cunha Lima, que dava combate à reeleição do chefe do Executivo socialista. Mesmo com a confirmação de que o ex-ministro Queiroga, ligadíssimo a Bolsonaro, será candidato a uma vaga ao Senado, Efraim observa que a convivência com Veneziano poderá ser firmada respeitando-se as respectivas opções no cenário nacional. “Temos em comum (ele e Veneziano) a bandeira de lutar contra o domínio de 16 anos do PSB no poder estadual e de oferecer ao eleitorado paraibano novas propostas de modelo de gestão”, sintetizou.
Efraim deu declarações a duas emissoras de rádio da Capital – a CBN e a Arapuan FM. Ele comentou que a federação União Progressista, juntando o União Brasil e o PP deve adotar um posicionamento de oposição ao presidente Lula e previu que a definição sobre o comando na Paraíba não sairá neste mês, contrariando palpite levantado pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do Progressistas, tio do vice-governador Lucas, que é pré-candidato a governador no bloco oficial. Efraim tomou como base declaração do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, de que é contra a formação de palanques estaduais para Lula por parte da federação. “Isto comprova que ser oposição a Lula é um pleito nacional da federação”, pontuou Efraim, reiterando que já devolveu ao governo federal cargos ocupados na Paraíba por correligionários seus, devido à sua decisão de se assumir como candidato do bolsonarismo à sucessão.
Efraim apontou como “contradição ao projeto nacional” a hipótese de alianças nos Estados em apoio à candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lembrando que o senador Ciro Nogueira, do PP-PI, aspira a ser candidato a vice-presidente em uma chapa apoiada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem foi ministro. O parlamentar paraibano, referindo-se à sua estratégia para alavancar a própria candidatura ao Palácio da Redenção, que depende do desfecho sobre o comando da federação UP no Estado, revelou que tem paciência, “habilidade e estratégia”, daí acreditar que ficará no comando do agrupamento, devido ao seu alinhamento pleno com o projeto nacional, o que, conforme ele, não se verifica da parte do vice-governador Lucas Ribeiro, que, inclusive, já declarou apoio à candidatura de Lula à reeleição, identificando-se com as linhas da estratégia conduzida pelo governador João Azevêdo.
Efraim não confirmou uma provável visita sua ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar em Brasília, usando tornozoleira eletrônica. Mas ele informou ter se reunido na Capital federal com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e que o foco foi a discussão do atual cenário político paraibano com relação às eleições de 2026. A respeito da inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro, que deverá ser reforçada com o seu julgamento pelo Supremo Tribunal Federal já agendado para setembro, o senador do União Brasil voltou a criticar a Corte de Justiça, acusando-a de perseguir o ex-mandatário e de não lhe assegurar direito de defesa integral, mas prevenindo que a direita tem outros quadros para a disputa á Presidência da República, como os da ex-primeira-dama Michelle e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Considera que o governo do presidente Lula enfrenta desgaste e que isto terá reflexos na eleição de 2026, contribuindo para uma derrota dele nas urnas.