O senador Efraim Filho, expoente do União Brasil na Paraíba, avança nas articulações para consolidar sua posição como líder do bloco oposicionista que pretende disputar as eleições de 2026 e derrotar a hegemonia do esquema comandado pelo governador João Azevêdo (PSB) que perdura há mais de uma década. Efraim quer se empoderar tanto como adversário do bloco de João quanto como opositor do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pleiteará a reeleição. Neste último caso, deu um passo concreto rumo à aliança com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, ao ser anunciado como candidato favorito ao governo da Paraíba pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com o aval do ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pré-candidato a uma vaga de senador.
Efraim mostra estratégia diferente da que foi adotada em 2022 pelo ex-deputado federal Pedro Cunha Lima, na época filiado ao PSDB e que foi o principal adversário de João Azevêdo na batalha deste pela reeleição, decidida em segundo turno. Pedro, hoje filiado ao PSD, em gesto estratégico decorrente da análise sobre o esvaziamento e até mesmo definhamento do antigo ninho tucano, não só no Estado mas em todo o país, atravessou o paredão eleitoral de 2022 sem proclamar preferência por Bolsonaro ou por Lula na corrida presidencial, nem mesmo quando o cenário tornou-se polarizadíssimo no segundo turno. O então deputado federal chegou a manifestar simpatias, no primeiro turno, por nomes como o de Simone Tebet, que concorreu pelo MDB e Ciro Gomes, eterno candidato pelo PDT, à falta de opções dentro do PSDB depois que o governador de São Paulo João Doria foi rifado, e seu homólogo gaúcho Eduardo Leite não se viabilizou como opção. O foco de Pedro concentrou-se no debate das questões locais, tendo como alvo prioritário a gestão de Azevêdo.
O receio de aliados próximos de que Pedro fosse penalizado pela neutralidade assumida na disputa presidencial não teve tanta força assim, tanto é que se atribui a sua derrota, por margem apertada, para João Azevêdo, a erros estratégicos cometidos no primeiro turno, ligados à realidade local, como o de não avançar nas negociações com o Republicanos para obter apoio desse partido, ignorando a evidência de que a sigla comandada por Hugo Motta poderia vir a ser fiel da balança na disputa majoritária. Tal comportamento contrastou com o de Efraim, então candidato ao Senado, que demonstrou ser mais sagaz e, mesmo rompido com o esquema de Azevêdo, manteve a aliança firmada com o Republicanos, transferindo a candidatos deste à Câmara Federal votos extraídos do seu espólio no exercício do mandato de deputado. Pedro não se arrependeu do direcionamento tomado, mesmo tendo perdido o confronto com o atual governador, avaliando que foi coerente com seus princípios e que não cogitava ser “violentado” nas suas convicções próprias e inarredáveis.
O estilo do senador Efraim Filho é de outra estirpe, focado mais no enfrentamento e nas decisões impactantes, dentro do figurino do pragmatismo, o que não atrapalha sua relação de parceria com Pedro Cunha Lima, tanto que ambos continuam dialogando sobre cenários para 2026 e o nome do filho de Cássio permanece sendo agitado como alternativa ao governo. Pelo que se depreende, não há intransigência de parte à parte entre Pedro e Efraim, e os dois jovens líderes políticos seguem aliançados pelo objetivo de derrotar o grupo de João, que se encaminha para ser representado na disputa ao Executivo pelo vice-governador Lucas Ribeiro, do Progressistas. Mas nada não impediu Efraim de avançar alguns corpos de vantagem na estratégia política para garantir candidatura a governador ao escancarar seu alinhamento com o bolsonarismo, atitude que os Cunha Lima ainda não oficializaram dentro de seu planejamento tático.
Da parte do ex-ministro Marcelo Queiroga, o aval à pré-candidatura de Efraim ao Palácio da Redenção decorreu da análise correta de que ele, Queiroga, não teria densidade eleitoral para respaldar o projeto de concorrer à sucessão de João Azevêdo. Embora tenha passado para o segundo turno na eleição a prefeito de João Pessoa em 2024 contra Cícero Lucena, despontando como “azarão” no pleito, Queiroga não massificou imagem a nível estadual e dificilmente teria condições de fazê-lo na quadra atual, com o seu ex-chefe Jair Bolsonaro contido nos movimentos políticos por uma prisão domiciliar que pode vir a se converter em prisão preventiva lá na frente. Por outro lado, o ex-ministro entendeu que Efraim criou as condições objetivas para ser admitido como bolsonarista depois que defendeu, dentro do União Brasil, a devolução de cargos, incluindo ministérios, ao governo federal, e pronunciou-se, de público, contra a prisão do ex-mandatário, atacando o próprio Supremo Tribunal Federal pela sentença expedida. Queiroga dá a entender que é irreversível o apoio do PL a Efraim. E vai ficando claro, também, que a pré-candidatura de Efraim ao governo pela oposição é irreversível, pelas costuras que o parlamentar vem adiantando com vistas a se fortalecer, tentando rachar, inclusive, a base governista, explorando as brasas da fogueira de vaidades entre aspirantes à cadeira de João Azevêdo.