Opinião

Efraim ataca: “governo perdeu a capacidade de impor agenda” Nonato Guedes

Foto: Reprodução/Redes Sociais
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O senador paraibano Efraim Filho, líder do União Brasil, fez declarações contundentes numa entrevista ao jornal “O Globo” sobre a atuação do governo Lula e da bancada do PT nos embates que estão ocorrendo com o Congresso Nacional. Para ele, o Partido dos Trabalhadores não tem base sólida e o Legislativo não aceitará o que classificou como “gastança desenfreada” voltada a projetos eleitorais do Executivo. Segundo Efraim, o governo precisa definir se optará pelo diálogo ou pelo confronto na relação com o Parlamento, sendo infrutífera a tentativa de aprovar pautas “à força” após derrotas consecutivas, a mais impactante a que foi infligida ao reajuste do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o que levou o Planalto a recorrer ao Supremo Tribunal Federal para reverter o resultado desfavorável.

“O que vi foi uma reação do Congresso tentando se posicionar. O Congresso não pode ser alvo preferencial do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se é o Congresso que dá sustentabilidade a esse governo desde a PEC da Transição. Fica claro que o PT não tem uma base para chamar de sua nem condições de impor a agenda que lhe interessa”, advertiu o senador Efraim Filho, cobrando “equilíbrio e responsabilidade fiscal” ao processo orçamentário. Citou episódios recentes como indicadores do enfraquecimento do governo, incluindo a recusa do líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas, em assumir o Ministério das Comunicações. “Pedro Lucas havia acabado de assumir a liderança da bancada. Em conversas conosco, disse que gostaria de assumir o ministério em outro contexto”, revelou, explicando que a decisão foi tomada por questões internas da bancada. A saída do PDT da base governista também foi mencionada como fator que “enfraquece ainda mais esta base vinculada às pautas tradicionais do PT”.

Efraim informou que a recém-anunciada federação entre União Brasil e Progressistas (PP) trará mais independência na relação com o governo. Salientou que a aliança representa “mais autonomia” e elimina “subserviência ou submissão da federação ao governo”.

Palavras textuais do parlamentar: “PP e União avançam na identidade e com aspecto majoritário de centro-direita. São partidos que contribuem com a governabilidade em termos econômicos, mas se preservam em relação a pautas de comportamento”. Efraim confirmou que o União Brasil mantém a pré-candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, para a eleição presidencial de 2026, elogiando os resultados expressivos na segurança pública daquele Estado e qualificando Caiado como “grande articulador político”. E, na sequência: “Ele tem a missão de se viabilizar neste ano de 2025. Mas existe espaço para dialogar com a centro-direita sobre alianças”. Efraim Filho avaliou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, representa a opção mais viável da direita para o próximo ano. De acordo com sua análise, “Tarcísio traz o eleitor bolsonarista e o de centro também, e isto é decisivo para vencer as eleições”.

A respeito da crise envolvendo o Congresso e o governo, o senador paraibano mencionou que foram infelizes as críticas do ministro Fernando Haddad à resistência parlamentar em aprovar medidas fiscais, ressaltando que essas atitudes agravam a interlocução sobre a tramitação de matérias que são reconhecidamente polêmicas, que interessam à população e que por isso mesmo carecem de um diálogo mais produtivo, sem o viés impositivo que emissários do governo buscam fazer valer. O clima em Brasília, nos meios políticos, continua sendo de tensão. Ontem, oito partidos, incluindo o Republicanos do presidente da Câmara, Hugo Motta (PB) anunciaram o recurso a uma Ação Declaratória de Constitucionalidade no STF para garantir a validade do decreto legislativo que barrou o aumento do IOF.

Em nota, o PSDB, signatário da ADC, indicou que a ação “busca assegurar a segurança jurídica e evitar decisões conflitantes nos tribunais sobre o tema, garantindo estabilidade para a economia e para quem depende de crédito no dia a dia”. No entendimento desses partidos, o Congresso agiu corretamente ao barrar medidas que aumentavam impostos sem passar pelo devido processo legislativo. O decreto legislativo foi promulgado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, no dia 26 de junho, após sua aprovação pela Câmara dos Deputados e pela Casa Alta no dia 25, na maior derrota do governo Lula no Congresso neste ano. O texto susta os efeitos dos decretos editados pelo Executivo em maio e junho para elevar alíquotas do IOF. O clima de permanece se estende às redes sociais, onde o governo partiu para o enfrentamento direto com o Congresso Nacional.