ano atípico

E daí se morrerem outros milhares? Candidatos cedem as pressões e lavam as mãos para consequências pós eleições - Por Francisco Airton

Em um ano de eleição totalmente atípico, o Brasil foi as urnas no último domingo, 15 de novembro, para escolher seus novos representantes para suas respectivas prefeituras e câmaras municipais. Houve, até bem antes, quem alertasse de que este não era o ano ideal para a realização de eleições pelo país, haja vista os problemas de saúde e de mortes provocados por uma pandemia que assolou o mundo, com um vírus letal (o coronavírus) infectando e matando milhões de pessoas! A terra, literalmente, parou para entender o que estava ocorrendo, enquanto a economia estagnava e pessoas, também, perdiam seus empregos e morriam (e ainda morrem) contaminadas, de fome, de tristeza e, até mesmo por depressão profunda, em meio a uma pobreza extrema!

Em um ano de eleição totalmente atípico, o Brasil foi as urnas no último domingo, 15 de novembro, para escolher seus novos representantes para suas respectivas prefeituras e câmaras municipais. Houve, até bem antes, quem alertasse de que este não era o ano ideal para a realização de eleições pelo país, haja vista os problemas de saúde e de mortes provocados por uma pandemia que assolou o mundo, com um vírus letal (o coronavírus) infectando e matando milhões de pessoas! A terra, literalmente, parou para entender o que estava ocorrendo, enquanto a economia estagnava e pessoas, também, perdiam seus empregos e morriam (e ainda morrem) contaminadas, de fome, de tristeza e, até mesmo por depressão profunda, em meio a uma pobreza extrema!

Longe de mim, querer fazer terrorismo, mas a ameaça paira novamente sobre nossas cabeças, com real perigo de nova onda de infecções e de redobradas mortes! E mesmo assim, o espectro ameaçador da morte não parece botar medo na população alucinada por sair as ruas, por bater perna, de sair por sair! Afinal, que medo é esse? São apenas 167 mil mortes! Apenas 6 milhões de infectados, só no Brasil! Para essas brilhantes cabeças – a começar pela mente iluminada do presidente – “melhor morrer trabalhando”! “Todo mundo tem que morrer um dia, não é mesmo”? “Temos de deixar de sermos um país de maricas”! “Enfrenta esse vírus como homem, pô”! E o Capitão falou, está falado!

Nada menos que 113, dos mais de 147 milhões de eleitores aptos a votarem nas eleições deste ano compareceram ás urnas e já elegeram seus legítimos representantes, com exceção das cidades em que acontece o segundo turno – o que ocorrerá no próximo dia 29 de novembro – oportunidade em que estarão sacramentadas as Eleições Municipais de 2020! Contrariando autoridades que garantiram estar tudo sob controle quanto aos riscos de aglomerações, o pleito acabou reunindo uma série de contratempos, registrando, sim, aglomerações por todo o país (enquanto o TSE dizia que estava tudo sob a mais perfeita ordem, a televisão nos mostrava o contrário! Muita aglomeração, desrespeito às normas de distanciamento, eleitores sem máscaras, sem contar com o atraso na abertura de sessões, desaparecimento de mesários e o atraso nos resultados na contagem dos votos, motivo das desculpas a todo momento por parte do presidente do Tribunal Superior Eleitoral – TSE! Não custava esperar esse terrível ano acabar para se planejar um pleito – se não mais sereno, dado o calor das disputas, – mas um pleito mais equilibrado e por que não dizer, melhor organizado! Uma pena, porque, não demora e logo após o segundo turno o resultado disso estará na superlotação de leitos de UTI e, consequentemente, em outros milhares de mortes! Mas, quem se importa. Não é mesmo?

Ao que parece, tudo isso não seria suficiente e nem seria mais importante que uma eleição, onde os interesses políticos e pessoais estariam acima de tudo e de todos. Algumas autoridades até chegaram a ponderar e decidir sobre o adiamento das eleições deste ano, mas as pressões foram maiores e assim a imprudência acabou por vencer a razão! Que importância teriam milhares de mortes (já ultrapassávamos as 160 mil mortes quando tivemos de comparecer às urnas para escolher os novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores) e tudo sob a afirmação dos maiores interessados, de que não havia com o que se preocupar, pois estava tudo sob controle!

No entanto, não posso ser irresponsável ao ponto de culpar apenas os políticos, os empresários e demais autoridades (da justiça e da saúde), por essa estupidez. As pressões, também, vieram do próprio povo que, ignorando o perigo e as mortes de todos que não lhe eram amigos ou parentes mais próximos, saiu cegamente ás ruas para exigir a liberação de bares, praias, shoppings e churrascarias, aglomerando mais, contaminando-se e contaminando os demais da forma mais irresponsável! “Afinal, não me contaminei! E o que me interessa se contaminei o meu vizinho ou minha própria família em casa e que não estavam nas ruas”? Enfim, a estupidez própria dos insensatos!

Mas pelo menos uma lição fica disso tudo. É a de que o candidato é e sempre será, refém da sua ambição e dos seus eleitores! No caso da falta de responsabilidade de todos (pois se entraram na disputa é porquê todos concordaram), não importa o que virá depois. Senão vejamos: mesmo tendo a consciência de que é um grande erro abrir para todos, as cidades e suas benesses, os políticos que ainda concorrem nesse segundo turno, principalmente aqui em João Pessoa, na Paraíba, têm medo dos resultados nas urnas e vergonhosamente negam que fecharão tudo em nome da saúde da população. Que morram outros milhares! “E daí”? Apenas “votem em mim e não haverá lokdown”!

Diante do exposto, agora só resta esperar que esse famigerado 2020 acabe de uma vez e que venha um ano realmente novo em melhores acontecimentos e resultados! Desejar mudanças nos políticos e em seus seguidores é realmente querer demais! A cara de pau, a mentira e a corrupção em sua maioria, ainda nos perseguirão por muitas campanhas seguintes. A direita, como sempre, perversa e a esquerda cada vez mais individualista e burra, não nos deixam vislumbrar novos horizontes. Aliás, assunto que estarei abordando em outros comentários e fazendo uma avaliação mais apurada do que foi essa campanha política. Quem ganhou? Quem saiu perdendo e o que devo esperar (como cidadão e eleitor) dos rumos que adotará a política a partir de agora?

Mas, só para concluir esse meu raciocínio sobre os bizarros acontecimentos que nos surpreendem a cada dia, você que leu o artigo até aqui, acho que até nem precise dar tanta importância ao meu ponto de vista! Afinal de contas você já é bem grandinho para aceita-lo ou não! Apesar de tudo, quero muito estar vivo nesses próximos anos para poder comparecer às urnas (e, quiçá, já bem distante de qualquer ameaça), poder votar e quem sabe, ainda, poder encontra-lo por lá – bem vivo – de título na mão e fazendo bom uso do seu real direito de cidadão. Até lá!

Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba