Ciclos Contínuos

Do Judeu de Cachoeirinha ao Sósia do WhatsApp: A história se repete e a Arquidiocese da Paraíba segue sendo vítima de golpistas – Por Anderson Costa

O que muitos não devem saber é que este tipo de ato, em que o nome do próprio arcebispo e a Arquidiocese da Paraíba são usados para aplicar golpes, não é uma novidade.

Na manhã desta quinta-feira (09), eu fiquei extremamente chocado, mas nem um pouco surpreso ao ler as notícias de que o Arcebispo de Paraíba, Dom Manoel Delson, foi vítima de um falsário que estaria se passando por ele no WhatsApp. O golpista teria agido pedindo dinheiro a alguns parlamentares da bancada federal da Paraíba, que surpreendidos pelo pedido vindo do arcebispo conseguiram descobrir o golpe antes que enviassem a quantia pedida pelo imitador. Segundo os parlamentares que se pronunciaram sobre o golpe, o falso Dom Delson conseguia imitar a voz do verdadeiro arcebispo com um nível de perfeição que os levou a acreditar estarem falando com o verdadeiro chefe da Igreja Católica da Paraíba.

O que muitos não devem saber é que este tipo de ato, em que o nome do próprio arcebispo e a Arquidiocese da Paraíba são usados para aplicar golpes, não é uma novidade. Muito pelo contrário. Nos idos de 1968, quando ainda era um arcebispo recém-chegado em terras paraibanas Dom José Maria Pires, o saudoso Dom Zumbi, teve de publicar nas páginas do extinto jornal da arquidiocese “A IMPRENSA” um artigo defendendo a arquidiocese diante de uma sociedade magoada após ver muitas pessoas serem vitimadas por um golpista que dizia reunir recursos para as atividades sociais do clero. “Em meio à confusão provocada por notícias e comentários tendenciosos, uma reflexão serena se faz necessária”, afirmava Dom José no início do seu texto.

No caso de Dom José, o golpista, que ficou conhecido pelo epíteto de ‘Judeu de Cachoeirinha’, rodou por algumas cidades do estado aplicando seus golpes e teve muito mais sucesso do que o imitador de Dom Delson. Em ambos os casos, vemos que diante de uma sociedade em crise criminosos ainda se aproveitam do nome, do prestígio e da credibilidade passada pelas ações sociais mantidas pela Igreja Católica para buscarem colocar suas mãos nas carteiras alheias. Por isso que devemos sempre redobrar o cuidado ao desejar ajudar qualquer que seja a obra de caridade e qualquer que seja o seu mantenedor. Independente do credo ou da instituição religiosa ou não que mantém a obra, devemos buscar gestos que nos resguardem dos perigos de estarmos caindo em um golpe. Mas estes cuidados não nos devem levar a deixarmos de ser solidários e ajudar nossos irmãos em suas diversas necessidades, mas nos conduzir para uma consciência ainda mais vivida dos males que assolam a humanidade.

Este golpe envolvendo o nome de Dom Delson, para mim, é mais uma grande prova de que a história se repete através de ciclos, o conservadorismo reverbera novamente no Brasil. O governo mais uma vez está recheado de militares. O presidente se demonstra um grande saudosista exatamente do Brasil da década de 1960 e agora vemos novamente o arcebispo da Paraíba falar em nome de uma Igreja vitimada por golpistas. Qual será a grande novidade que veremos sair diretamente dos livros de história?

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Anderson Costa