Movimento

“DE REPENTE A CALMA SE FEZ VENTO”: O movimento necessário para afastar a putrefação da covardia - Por Rui Leitão

No soneto da separação, de Vinicius de Moraes, encontramos um verso que fala exatamente o que coloco no título deste texto.

No soneto da separação, de Vinicius de Moraes, encontramos um verso que fala exatamente o que coloco no título deste texto. É assim que surgem os movimentos revolucionários. Quando tudo parece calmo, numa imobilidade aparente, surge um vento que procura arrastar folhas, produzir alvoroço, varrer um chão que acumula sujeiras.

Basta um bafejo para que a ventania comece a acontecer. Ainda que possa assustar, ela se apresenta como necessária. Afinal, o ar que não recebe a lufada do vento, pode ficar fétido, irrespirável. O vento simboliza dinamismo, algo que não se permite acomodação. Provoca ânimo, excitação. Duvido que alguém fique parado ao ser alcançado por uma ventania. Das duas uma, ou se esconde na busca de proteção, numa atitude um tanto de covardia, ou aproveita o “rebuliço” e ajuda a fazer a limpeza do ambiente que se faz premente.

Quantas vezes a gente fica no sofrimento de um calor insuportável, desejando uma brisa forte que possa nos aliviar e nos tirar do desconforto? É preciso apenas saber aproveitar o vento que nos tira da calmaria que não nos traz qualquer benefício. Remanso significa inércia, imobilismo, paralisia.

Vinicius na sua genialidade estimula transformação do imobilismo em dinâmica de movimento. Não estou criticando a serenidade, estou visualizando a necessidade de colocar energia na vida para gerar transformações. Vamos provocar o vento.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: Rui Leitão