Opinião

Cícero Lucena, Inspirado Em Belchior: “João, o tempo andou mexendo com a gente, sim” - Por Gildo Araújo

Sabemos que a política é muito dinâmica, pois seus aspectos peculiares nos remetem ao grande filósofo grego Sócrates, quando disse

Cícero Lucena, Inspirado Em Belchior: “João, o tempo andou mexendo com a gente, sim” - Por Gildo Araújo

Sabemos que a política é muito dinâmica, pois seus aspectos peculiares nos remetem ao grande filósofo grego Sócrates, quando disse: “Quanto mais sei, mais sei que nada sei”. 

Ou seja, a política, assim como a vida, é um eterno aprendizado, pois o conhecimento é infinito. Como bem afirma Paulo Freire, “o conhecimento liberta”.

Na última sexta-feira (05), diante de uma grande expectativa, o que poucas pessoas imaginavam aconteceu: o prefeito da capital, Cícero Lucena (PP), depois de anos em uma parceria que muitos julgavam sólida, viu as pesquisas eleitorais provocarem uma mudança estratégica em seus rumos políticos.

Os resultados o estimularam a tentar sua última cartada: tornar-se novamente governador da Paraíba.

Essa ascensão nas pesquisas fez com que passasse a dialogar, inclusive, com a oposição, já que havia um prenúncio de que o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), seria o candidato do grupo governista nas eleições do próximo ano na Paraíba.

Após muito diálogo com dirigentes partidários em nível estadual e federal, o prefeito Cícero Lucena decidiu ter uma audiência com o governador para anunciar que deixaria o partido (PP) e se lançaria como pré-candidato a governador da Paraíba — quiçá inspirado na música Comentário a Respeito de John, de Belchior, quando diz:

“Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho.Deixem que eu decida minha vida.Não preciso que me digam de que lado bate o Sol,porque bate lá meu coração.João, o tempo andou mexendo com a gente, sim”.

Um fato que chamou atenção foi quando o “Caboclinho” ainda tentou dizer que votaria em João Azevêdo para o Senado, o que foi peremptoriamente rechaçado pelo comandante paraibano, que não via nexo nas argumentações de Cícero Lucena.

Em outras palavras, se “a felicidade é uma arma quente”, como também dizia Belchior, João teria respondido: que siga seus sonhos.

Com esse desfecho, observa-se que, a partir de agora, o grupo governista inicia uma nova fase de recomposição de suas bases, com cobranças de lealdade mais firmes aos aliados — e que seja agora, porque, se deixar tudo para o próximo ano, aí “será tarde, Inês é morta”.

Diante dessas tratativas, é por demais importante retomar as investidas junto ao presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos), detentor de grande representatividade política no Cariri e em outras regiões do estado.

Embora faça, momentaneamente, autocríticas em relação ao próprio grupo, tem deixado aberta a possibilidade de composição na chapa como companheiro de Lucas Ribeiro na vice-governadoria. Dentro das conjunturas atuais, seria de bom alvitre, já que, do ponto de vista político, resolveria boa parte das arestas criadas dentro das hostes governistas.

Ainda assim, faltaria contemplar alguém com maior densidade eleitoral em João Pessoa, diante da saída de Cícero Lucena — embora já haja a presença de João Azevedo (PSB) na chapa, o que pode ser pouco, considerando o peso eleitoral da capital.

O tempo é exíguo para essa definição, motivo pelo qual se faz necessária maior intensificação das articulações. As oposições estão, a todo momento, causando estragos na situação, o que pode se tornar perigoso, já que o grupo situacionista não pode mais perder peças importantes nesse xadrez político, sob pena de colocar em xeque uma futura vitória.

Talvez seja preciso que o governador João Azevedo, Hugo Motta (Republicanos) e Aguinaldo Ribeiro (PP) — principais protagonistas do grupo governista — iniciem, desde já, reuniões com os aliados para alinhar as estratégias visando as eleições de 2026, que, como diz o ditado popular, “é logo ali”.

E “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” (Geraldo Vandré). Ao fim, como bem resumiu o grande escritor Fernando Sabino: “No fim, tudo dá certo. E se não deu certo, é porque ainda não chegou ao fim”.

Quem viver, verá!

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba