O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas), defendeu, ontem, em declarações à imprensa, que sejam obedecidos critérios justos ou razoáveis na definição de candidatura ao governo do Estado em 2026 dentro do esquema liderado pelo governador João Azevêdo (PSB).
Esta é a condição que, segundo ele, possibilitará a obtenção de um consenso dentro do grupo em torno do processo sucessório e facilitará a receptividade dos nomes indicados perante o eleitorado.
Ele se mantém, por exemplo, no páreo como pré-candidato ao Executivo e ressalta que espera “ser convencido” de que outro nome é mais viável do que o seu para a cabeça de chapa no confronto das urnas. Mas, ao mesmo tempo, Cícero assegura que não atuará como um complicador, priorizando interesses pessoais acima dos interesses gerais.
Os argumentos agitados por Cícero em causa própria são bastante conhecidos: a sua posição de liderança em pesquisas de intenção de voto para a disputa ao governo e a aprovação popular, em João Pessoa, ao seu trabalho administrativo, refletida no exercício atual do quarto mandato como gestor na Capital, feito que nenhum outro líder político conseguiu igualar.
Por outro lado, o alcaide enfatiza que está diante de uma oportunidade legítima em concorrer ao Palácio da Redenção e justifica que já abriu mão em outras vezes, não podendo, pois, ser inquinado como um político carreirista ou ambicioso.
No quesito da experiência, também leva vantagem, tendo ocupado secretaria de Políticas Regionais com status de ministro no governo federal e exercido efetivamente o próprio governo da Paraíba por dez meses, quando completou mandato do poeta Ronaldo Cunha Lima, que se afastara para concorrer ao Senado, em 1994.
O embate maior que o prefeito Cícero Lucena trava na atual conjuntura se dá no âmbito do próprio partido, o Progressistas, onde o vice-governador Lucas Ribeiro arvora-se em detentor de direito natural de ser candidato à sucessão pela circunstância de que empalmará a titularidade do Executivo com o afastamento do governador João Azevêdo em abril para disputar vaga ao Senado.
Cícero questiona esse argumento, sustentando que direito natural não é passaporte para uma vitória nas urnas e que outros fatores mais decisivos devem ser levados em consideração para uma escolha. Insiste na tese de que o esquema liderado por João precisa de um sucessor, não de um candidato – alegação que tanto pode atingir Lucas Ribeiro como alcançar o deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, que tenta se viabilizar dentro do Republicanos como o ungido.
Pela sua capacidade de liderança e pelo trânsito que possui junto a variados segmentos da política paraibana, o prefeito Cícero Lucena tem sido cortejado por vários partidos como alternativa para levar adiante o seu projeto de candidatar-se a governador.
O PDT e o Avante continuam sendo opções de reserva aparentemente à disposição de Cícero Lucena, mas há entendimentos, também, com o MDB, presidido pelo senador Veneziano Vital do Rêgo, que será candidato à reeleição e, ultimamente, com o PSDB, que já pertenceu aos Cunha Lima, hoje aboletados no PSD, mas também acolheu Cícero quando este deu baixa na carteira de filiado ao PMDB em momento de impasse histórico que é bastante conhecido da opinião pública paraibana.
No esquema de João Azevêdo, segundo indicações, há oferta de vaga na chapa majoritária para o “clã” cicerista, sendo esta a de candidato a vice-governador, que poderia ser ocupada pelo deputado federal Mersinho Lucena, filho do prefeito da Capital.
Essa vaga é reivindicada também pelo Republicanos, que já garantiu espaços ao Senado com Nabor Wanderley, prefeito de Patos e pai do deputado Hugo Motta.
Da parte do governador João Azevêdo a expectativa continua sendo a de conseguir acomodar interesses distintos no esquema político que lhe dá apoio. Ele tem dito que não vai impor decisões ao seu grupo e que essas decisões serão tomadas em ampla e democrática discussão com representantes de todos os partidos e segmentos interessados.
João passa imagem de confiança na manutenção da unidade, desafiando prognósticos alarmistas que são espalhados pelos adversários, apostadores contumazes do divisionismo e de rompimentos na base governista.
Ainda ontem, em Cajazeiras, Azevêdo desafiou o senador Veneziano Vital a confrontar liderança com ele nas urnas em 2026, ambos concorrendo ao Senado, com isto reafirmando que está mesmo preparado para a briga e para o enfrentamento que terá como pano de fundo o projeto administrativo que comanda na história da Paraíba.
“Se esse projeto não estivesse tendo êxito, não haveria tanta disputa pelo governo do Estado”, é o raciocínio de João Azevêdo.
Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba