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CAMISA DE FORÇA: advogados acionam STF para saber se Bolsonaro está em boas condições mentais - Por Francisco Airton

Foi necessário o sacrifício de 430 mil vidas (e ainda outras tantas mil que virão por aí) para que alguém começasse a entender que tem algo de muito errado nesse governo.

Foi necessário o sacrifício de 430 mil vidas (e ainda outras tantas mil que virão por aí) para que alguém começasse a entender que tem algo de muito errado nesse governo. O que precisa mais acontecer para que as instituições resolvam tomar as providências legais e pôr um fim a esse sofrimento atroz que se abateu sobre esse país? Depois de tantas desgraças acontecendo, a exemplo da destruição da Amazônia, os incêndios consentidos, a derrubada de florestas inteiras de forma acintosa, para alimentar a ganância do agronegócio, dos conflitos negligenciados entre garimpeiros e índios, da dizimação do que restou dos povos indígenas, somente para citar a destruição do meio ambiente com a devida orquestração do próprio ministério, cujo titular da pasta (Ricardo Sales) foi flagrado em reunião de cúpula admitindo tirar proveito de uma tragédia em curso, a qual já havia ceifado tantas vidas – a pandemia do coronavírus – para que fosse passando a boiada para aprovação de projetos de interesse do governo!

E já se vão quase dois anos e meio de descasos e ações danosas contra o povo e nenhum benefício para contrabalancear. A cara de deboche do Presidente da República para com os mais prejudicados, os insultos atirados a jornalistas sob os aplausos do gado no cercadinho da vergonha, o Gabinete do Ódio, instalado dentro do palácio, vomitando e alimentando a discórdia, as ameaças contra pessoas e instituições, ataques constantes a democracia e a imposição do medo a qualquer um que lhe pareça uma ameaça ao seu projeto de demolição. Estando o seu governo ainda na metade, o Capitão consegue, com louvor, se notabilizar e entrar para a história como o pior de todos os governantes pós-ditadura que já assumiram tão alto posto por aqui.

No entanto não temos dúvidas de que o seu feito maior continua sendo o descaso com a pandemia e o desrespeito para com a população abandonada a própria sorte, com milhares de vidas sendo consumidas por um mal que poderia muito bem ter sido combatido, caso houvesse um líder com a capacidade intelectual e a força para enfrentar o problema. O que pode passar pela cabeça de uma pessoa que recebe a mais alta responsabilidade outorgada pelo povo que o escolheu, de conduzir os destinos de uma nação, de um país de dimensões continentais como o Brasil, para inconsequentemente administrar esse país semeando a discórdia e provocando escândalos com o único objetivo de criar uma cortina de fumaça para encobrir a sua incompetência!

Tudo isso, no entanto, não é metade do que foi produzido até o momento pelo governo Bolsonaro. Muito (de ruim) foi feito e, nenhuma providência de fato foi adotada para botar um fim nos desmandos. São dezenas de pedidos de impeachment apresentados pela oposição e nenhum foi sequer analisado por quem tinha a obrigação de levar a efeito. Teria sido por medo ou por pura conivência? Rodrigo Maia recebeu a maioria dos pedidos e apenas sentou em cima de muitos por que já não cabiam nas gavetas da sua mesa presidencial na Câmara dos Deputados. Mas para ser bem honesto com a minha avaliação, não vejo muito sentido num possível impeachment do presidente Bolsonaro. Do que adiantaria apenas tira-lo do comando e deixa-lo inelegível por alguns anos, se o governo que aí está continuaria com o vice-presidente, General Mourão? O que mudaria com isso? A única saída para estancar o desastre, seria a cassação da chapa eleita em 2018! Fora isso é trocar seis por meia dúzia!

No entanto, trazendo de volta e, concluindo o que comecei a comentar no início desse texto, após tudo o que já está posto, alguém resolve radicalizar e pedir a “declaração de incapacidade de Jair Bolsonaro e seu afastamento da presidência”. Fiquei sabendo agora, enquanto escrevo esse artigo, que “advogados, acadêmicos e professores entraram com ação civil conjunta no Supremo com a solicitação. De acordo com a matéria publicada no SiteBrasil247, “… advogados e professores pediram ao Supremo Tribunal Federal, na quinta-feira (13/5), que o presidente Jair Bolsonaro seja submetido a exames para avaliar se ele tem condições mentais de exercer as funções de presidente. Se não for o caso, eles pedem que a Corte declare Bolsonaro incapaz e, consequentemente, o afaste da Presidência da República.

São autores da ação civil os professores de Filosofia Renato Janine Ribeiro (Universidade de São Paulo), que já foi ministro da Educação, e Roberto Romano (Universidade Estadual de Campinas); os professores de Direito Pedro Dallari (USP) e José Geraldo de Sousa Jr. (Universidade de Brasília); e os advogados Alberto Zacharias Toron, Fábio Gaspar e Alfredo Attié, presidente da Academia Paulista de Direito”.

O problema é que, assim como ninguém acreditava (acho que nem o próprio Bolsonaro) que o Capitão seria eleito, fomos deixando, deixando e o projeto que já vinha sendo montado desde o impeachment da Presidente Dilma Roussef, foi se fortalecendo até chegar ao ponto que chegou!

No entanto ninguém venha me dizer que não sabia que chegaria a tanto. A verdade é que Bolsonaro não enganou ninguém durante a campanha. Ele disse que iria armar a população, disse que tiraria o poder de fiscalização de tudo – leis de trânsito, lei ambiental – que daria o salvo conduto para a polícia para matar mais se estivesse ameaçada, deixou claro que detestava as minorias: gays, negros, pobres, índios, mulheres e quilombolas, e já havia declarado anteriormente, que era a favor da tortura e que morreram poucos durante a ditadura militar, que deveria ter morrido “uns trinta mil”. Ele prometeu e agora está somente cumprido o seu plano de governo! Só não falou que seriamos governados por ele e toda a sua família!

Por não acreditar que seria eleito – pois não fez nada em toda a sua vida política que merecesse tal prêmio – Bolsonaro iniciou o seu governo de forma tímida, e com os aplausos do “cercadinho” e ajuda de muitos, acabou descobrindo que podia muito mais! Só esqueceram de avisar que, um mandato tem duração de apenas quatro anos e que após isso, ou se reelege e se perpetua no poder, ou se volta ao lugar de onde veio! E aí, como diz o poeta: “amanhã vai ser outro dia”!

Fonte: Francisco Airton
Créditos: Polêmica Paraíba