Opinião

Azevêdo tenta manter controle do esquema sobre sua sucessão - Por Nonato Guedes

João Azevêdo - (Foto: Victor Emannuel/ Sistema Arapuan de Comunicação)
João Azevêdo - (Foto: Victor Emannuel/ Sistema Arapuan de Comunicação)

Chama a atenção dos analistas e líderes políticos o empenho que o governador João Azevêdo (PSB) empreende para manter sob controle, no seu esquema político, a discussão sobre formação da chapa majoritária para as eleições do próximo ano, incluindo a sua sucessão no Palácio da Redenção. Sobre esta última, particularmente, o esforço do chefe do Executivo é redobrado, não só porque políticos da base estão precipitando lançamentos como até mesmo aprofundando conchavos e entendimentos de bastidores na perspectiva de se fortalecerem para a batida do martelo. O agrupamento que João lidera compõe-se de partidos com interesses distintos, como o Republicanos e o Progressistas, além do próprio PSB ao qual é filiado.

Nessas legendas as postulações são colocadas de forma escancarada, agregando deputados, prefeitos e outros agentes políticos em movimentos de pré-campanha que se espalham por regiões do Estado, na tentativa de desencadear adesões e cacifar projetos personalistas.

A equação não tem sido fácil porque são poucas as vagas para tantos pretendentes e, também, por causa da intransigência com que líderes, por vezes, atuam no teatro de operações, reivindicando supostos direitos ou privilégios, cobrando faturas que não teriam sido resgatadas no jogo político e até mesmo procurando se impor dentro dos respectivos partidos a que são filiados.

Aparentemente as decisões a respeito são enfeixadas por um “staff” composto pelo governador, pelo deputado federal Hugo Motta, presidente do Republicanos, e pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro, expoente do Progressistas. Mas nem sempre esses chefes partidários conseguem manter a situação dentro do figurino.

O PSB, volta e meia, agita o interesse de ter a cabeça de chapa a pretexto de dar continuidade à hegemonia socialista que já vigora por quase duas décadas na conjuntura local. Essa hegemonia, porém, é fator de discórdia junto a outros integrantes da base, que já há algum tempo reclamam espaços de protagonismo e de liderança no processo político paraibano, oferecendo nomes e alternativas para o desenho da chapa majoritária.

A consequência da movimentação encetada nesse sentido é que o PSB vem perdendo força para indicar candidatura ao Executivo, valendo lembrar que o nome do secretário Deusdete Queiroga, da Infraestrutura, já esteve melhor cacifado para representar o agrupamento, tendo se desidratado ao longo dos meses em meio à guerrilha interna disparada por concorrentes de outros partidos.

Forte, mesmo, dentro do PSB, continua sendo a pretensão de João Azevêdo de concorrer ao Senado, até porque isto implicaria na sua desincompatibilização do Executivo, já em abril, para mergulhar na campanha.

A luta pela cabeça de chapa tornou-se acirrada, então, entre o Republicanos, onde o deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, vem montando um “staff” próprio de pré-campanha e mobilizando-se, até mesmo, para atrair apoios no agrupamento oposicionista, sem que até o momento tenha sinalizado concretamente qualquer intenção de romper com a liderança do governador João Azevêdo, e o Progressistas, onde dois pré-candidatos pleiteiam a indicação – o vice-governador Lucas Ribeiro e o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena.

Embora a situação dentro do PP tenha ares de conflito interno, a verdade é que o embate se estende além-fronteiras, contaminando outros partidos, que ora são assediados por Lucas, ora são cortejados por Cícero. Pelo que dá a entender, o governador João Azevêdo espera que o PP acerte seus ponteiros, mediante a ação de expoentes da legenda como o deputado Aguinaldo Ribeiro, para que as coisas possam aclarar e para que haja uma luz no fim do túnel, ou do impasse.

No Republicanos, como já foi dito, o deputado Adriano Galdino espera um engajamento maior por parte da cúpula estadual (leia-se: Hugo Motta) para viabilizar sua candidatura ao governo do Estado. Em meio ao cenário constante de enfrentamento interno, o governador João Azevêdo tem emitido nos últimos dias sinais de irritação com rumores de que já existe chapa pronta para a sua sucessão.

Não só desmente a versão como assegura que no momento oportuno todos os agentes da base política que ele lidera serão chamados a opinar e, via de regra, a participar da decisão sobre a chapa majoritária. A oposição continua à espreita, tentando tirar proveito da divisão escancarada no esquema governista mas as tratativas não avançam porque lá, também, há indefinições e conflitos de interesses. É um quadro que ainda vai exigir muitas conversas, sem se descartar a possibilidade de reviravoltas daqui para frente.