Opinião

Azevêdo adverte que unidade é a chave de salvação do projeto - Por Nonato Guedes

Foto: Reprodução/Gutemberg Cardoso
Foto: Reprodução/Gutemberg Cardoso


Nas suas declarações de ontem à imprensa o governador João Azevêdo (PSB) passou a ser mais didático ou conceitual na análise do projeto de poder que está empalmando na Paraíba e cuja continuidade, a seu ver, é disputada por muitos de seus aliados políticos. O chefe do Executivo deixou claro que respeita as pretensões colocadas por pré-candidatos ao governo, como o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP) e o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos), mas lembrou que a unidade é o grande requisito, a chave para a salvação do projeto de poder que, nas suas palavras, tem dado resultados extremamente positivos, contribuindo para mudar a realidade sócio-econômica do Estado, com o poder público agindo como mediador de intervenções nas ações administrativas eficazes.
– Quem não quer ser governador de um Estado equilibrado financeiramente e com um volume fantástico de investimentos, da geração de empregos à entrega de hospitais, rodovias, escolas, valorização da Segurança Pública? – indagou João Azevêdo, explicitando que as transformações na conjuntura paraibana repercutem favoravelmente a nível nacional e que o Estado voltou a ser referência entre as demais unidades da Região Nordeste e da própria Federação. O governador começou a semana dando o pontapé no anúncio de um evento esportivo, de dimensão mundial, que não só movimentará o calendário de atrações da Paraíba como incrementará a atividade hoteleira mediante ocupação de leitos e, por via de consequência, fortalecerá o Turismo que entrou em modo contínuo mediante oportunidades que estão sendo criadas para sua plena expansão, tanto na Capital e região litorânea como em cidades históricas do interior do Estado.
Este é o legado que, de acordo com João, está sendo cortejado por aliados políticos seus que agitam pretensões de concorrer ao governo e travam uma queda-de-braço no interior do esquema político oficial para conseguir a indicação à disputa da sua cadeira no Palácio da Redenção. Além de Cícero e de Adriano, está no páreo, em ritmo de pré-campanha, o vice-governador Lucas Ribeiro, do Progressistas, que se considera candidato natural pela perspectiva de que assumirá a titularidade do Executivo com a desincompatibilização de Azevêdo para disputar o Senado. O governador voltou a dizer que não há prazos fixados para o anúncio da chapa majoritária, que ele mesmo deverá integrar, concorrendo ao Senado juntamente com o prefeito de Patos, Nabor Wanderley, do Republicanos, pai do deputado Hugo Motta, presidente da Câmara Federal.
Sobre a pretensão específica do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que, inclusive, se articula abertamente com lideranças da oposição para sondar a viabilidade de uma candidatura sua ao governo naquele campo, já que se sente preterido no esquema oficial, João Azevêdo insinuou que ele pode atuar em posição lateral na chapa a ser montada para as eleições de 2026 e reiterou que, pessoalmente, não acredita que Cícero evolua para um rompimento com a base oficial. Enquanto isso, o vice-governador Lucas Ribeiro cada vez mais ganha espaços e visibilidade nos eventos e no próprio contexto das articulações de bastidores para a formação da chapa majoritária. Já foi alçado ao comando de plenárias do Orçamento Democrático, substituindo o governador João Azevêdo quando este, por algum impedimento, não comparece, e tem postado toda semana registros de manifestações de apoio ou adesão à sua pré-candidatura por parte de prefeitos e outras lideranças municipais. Lucas aguarda com ansiedade o desfecho do comando da federação União Progressista na Paraíba, que poderá confirmar o “clã” Ribeiro no topo em desfavor do senador Efraim Filho, do União Brasil, que é do bloco oposicionista local. Se a federação passar a ser comandada pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro, o cacife de Lucas para disputar o governo estará consolidado.
Nos meios políticos afirma-se que o governador João Azevêdo precisa ter habilidade para não perder dois aliados influentes na campanha majoritária de 2026, a exemplo do prefeito Cícero Lucena, que tem excelente aprovação junto à população pessoense, e do deputado Adriano Galdino, que luta para se fortalecer nos municípios interioranos. Em 2022, o esquema de Azevêdo ficou desfalcado com o rompimento do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e do então deputado federal Efraim Filho. Veneziano concorreu ao governo contra João, não logrando ir para o segundo turno, enquanto Efraim se deu bem e assegurou a posse da única vaga ao Senado em disputa. De qualquer maneira, o governador João Azevêdo saiu pessoalmente vitorioso, mas o esquema que lidera contabilizou defecções, o que redobra o cuidado por parte dos seus aliados fiéis para que sejam evitados erros e para evitar uma migração de Cícero e Adriano no rumo das oposições. João diz que não vai forçar ninguém a segui-lo, mas é evidente que o governador atua para não se enfraquecer numa disputa que promete repetir os sinais de acirramento detectados na campanha de 2022.