A declaração do vice-governador Lucas Ribeiro (Progressistas), manifestando apoio à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), era ansiosamente aguardada dentro do grupo liderado pelo governador João Azevêdo (PSB) para assinalar a “sintonia” fina entre ambos na montagem do palanque para as eleições de 2026. Lucas Ribeiro, ao mesmo tempo, credenciou-se a merecer o apoio formal do PT paraibano na conjuntura eleitoral que se desenha e quebrou o monopólio do deputado estadual Adriano Galdino (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa, que até então se apresentava como único pré-candidato lulista da base de apoio de João Azevêdo. As defesas veementes que Galdino fez da gestão do atual presidente sensibilizaram discípulos de Lula na Paraíba como o ex-governador Ricardo Coutinho, que o apontou como exceção entre supostos postulantes. Houve, adicionalmente, outro simbolismo na manifestação de Lucas Ribeiro, feita à imprensa em Santa Luzia, reduto-berço do senador Efraim Filho, do União Brasil, que é pré-candidato ao Executivo estadual e que escancarou seu alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com as forças políticas de direita, tendo sido agraciado com gestos de apoio da parte da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pré-candidato ao Senado em 2026. Efraim e o tio de Lucas, deputado federal Aguinaldo Ribeiro, travam no momento uma acalorada queda-de-braço pelo controle da federação União Progressista no Estado da Paraíba, diante da perspectiva de grande musculatura que esse agrupamento político, ligado ao Centrão, está cortejando. Um dos dois – Efraim ou Ribeiro, terá que deixar a federação quando for batido o martelo pelas cúpulas nacionais dos dois partidos, e a previsão do próprio Aguinaldo é que a definição a respeito ocorra ainda este mês, dada a celeridade das tratativas em andamento.
O PT paraibano, através de sua presidente recém-eleita, deputada Cida Ramos, tem defendido como prioridade a confirmação de um palanque forte para a campanha do presidente Lula à reeleição no Estado – e ainda nos últimos dias foi reiterado por Cida que a expectativa é de atuação no campo da liderança do governador João Azevêdo, que recebeu estímulos do próprio Lula para se candidatar ao Senado e que tem sido eleitor declarado do líder petista. Coincidindo com a aceleração dos fatos e ou a dinâmica dos eventos políticos o único prefeito petista da Paraíba, o de Picuí, na região do curimataú, hipotecou apoio à pré-candidatura de Lucas Ribeiro ao Palácio da Redenção. O seu engajamento, de acordo com a deputada Cida Ramos, será analisado pelas cúpulas estadual e nacional do PT, na linha da estratégia que for definida para os palanques regionais na eleição presidencial, considerada decisiva para uma nova derrota do bolsonarismo.
Ainda que não consiga atrair alguns expoentes do PT local para seu próprio palanque, o vice-governador Lucas Ribeiro deverá contar com o apoio e a estrutura das direções estadual e nacional. Embora o “clã” Ribeiro tenha na Paraíba uma trajetória identificada com a direita tradicional, Aguinaldo chegou a ser ministro das Cidades no governo de Dilma Rousseff, a senadora Daniella tem votado favoravelmente a matérias de interesse da gestão de Lula no Congresso Nacional e o vice-governador Lucas tem compartilhado com o governador João Azevêdo a experiência de atuar em alinhamento com o governo federal. Em diversas oportunidades, Lucas chegou a cumprir missões em Brasília, delegadas pelo próprio João Azevêdo, junto a ministros e outras autoridades do governo Lula, envolvendo-se com a dinâmica de programas que são executados e que favorecem a população de todo o país. Ainda nesta semana o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, prestigiou a inauguração do Hospital da Mulher em João Pessoa juntamente com João Azevêdo.
Em círculos ligados ao Partido dos Trabalhadores da Paraíba, a adesão do deputado Adriano Galdino à campanha de reeleição do presidente Lula foi encarada como importante para reforçar o palanque do petista no Estado, mas não como a única relevante dentro do processo. A diretriz da cúpula nacional do PT, agora presidida por Edinho Silva, é com vistas ao aprofundamento de alianças com partidos de centro e de centro-direita, dentro da estratégia de fortalecer o atual presidente da República em sua luta para conquistar mais um mandato em cenário de radicalização política nacional. E o canal institucional entre o governador João Azevêdo e a presidente estadual petista, Cida Ramos, é auspicioso, com infinitas possibilidades de diálogo, inclusive, sobre eventual participação do PT na chapa majoritária oficial. O vice-governador Lucas Ribeiro tem feito movimentos ajustados à orientação do governador socialista, o que lhe abre portas para, dentro da reciprocidade, angariar apoios ao seu projeto de eleger-se sucessor de João Azevêdo no Executivo da Paraíba.