Opinião

Aguinaldo diz não a João, Emplaca o Vice, e Provoca Racha com os Republicanos - Por Gildo Araújo

A política paraibana até parece algo surreal, pois muita coisa tem acontecido como se nós fôssemos seres inanimados e não pensantes, se levarmos em conta o tamanho dos absurdos que têm surgido nos bastidores. É como se não tivéssemos poder de voto no meio disso tudo, cujo objetivo são os interesses individuais.

 

A política paraibana até parece algo surreal, pois muita coisa tem acontecido como se nós fôssemos seres inanimados e não pensantes, se levarmos em conta o tamanho dos absurdos que têm surgido nos bastidores. É como se não tivéssemos poder de voto no meio disso tudo, cujo objetivo são os interesses individuais.

Mas uma coisa temos de reconhecer, o deputado Aguinaldo Ribeiro é um articulista por natureza, e não é à toa que tem se destacado no cenário federal. Qualquer pessoa, por mais ingênua que seja, sabe que o deputado é um expert em fazer política. Tudo o que está acontecendo foi muito bem planejado por ele, desde o lançamento da candidatura de Cícero Lucena a Prefeito de João Pessoa por pelo seu partido (Progressistas).

A partir do momento em que Cícero se tornou prefeito da capital, sua seguinte etapa foi uma aproximação com o governador João Azevedo, o que contou com a participação do vice-prefeito Léo Bezerra que havia sido eleito pelo Cidadania (indicação do partido do governador na época). É claro que essa união daria mais confiança para um diálogo com João Azevedo, e iria paulatinamente minando as pretensões políticas do senador Veneziano que começava a demonstrar insatisfação com o governador por causa de suas alianças. Por sua vez, Aguinaldo Ribeiro era um adversário político, mas estava articulando todos esses embaraços no agrupamento governistas, até que veio o fatídico dia do rompimento político entre o senador Veneziano e o governador João Azevedo.

Porém, para que suas condições de aproximação com o governador tivessem mais consistência, o parlamentar campinense teria que se livrar de mais um fortíssimo concorrente seu: o deputado Efraim Filho.

Efraim, que também é um excelente articulador, teve a audácia de dividir os municípios de sua atuação política com quem lhe demonstrasse apoio em busca de seus sonhos, que era a consolidação para sua pré-candidatura a Senador da República. Nesse momento de divisão foi quando recebeu o apoio inconteste dos Republicanos, exceto o apoio do governador João Azevedo, que já estava convencido de que Aguinaldo Ribeiro iria dizer sim para a sua chapa, e sair como senador. Com essa convicção, João disse não a Efraim Filho, oferecendo-lhe, apenas, uma vaga de vice em sua chapa, ou seja, estava abandonando João Azevedo mais um grande quadro da política paraibana que havia trabalhado para a sua eleição em 2018.

Depois de todos esses erros estratégicos, ainda estava faltando o ponto mais pitoresco de todos, o deputado Aguinaldo Ribeiro promoveu uma reunião de lideranças políticas do Estado, que contou com a presença do governador João Azevedo, para dizer que estava declinando da candidatura de Senador e que iria para a reeleição, algo que seria cômico se não fosse ‘até engraçado’. Mas o mais inusitado no seu discurso ainda estava por vir, durante sua fala, o parlamentar disse em alto e bom tom que estaria desistindo de sua candidatura ao senado, mas que já havia fechado um acordo com o governador de que o Progressistas, seu partido, iria indicar o vice-governador da chapa, que deverá ser Lucas Ribeiro, atual vice-prefeito de Campina Grande, além de ser filho da senadora Daniella Ribeiro e sobrinho de Aguinaldo.

Diante de toda essa implosão que vem acontecendo no bloco governista, vamos aguardar para ver o que irá falar a assessoria do governador que até agora, infelizmente não soube conduzir esse processo de articulação da reeleição do governador. Aliás, não queremos ser redundantes, mas isso é o reflexo de quem não é político envolvida na vida dos políticos.

Digo e repito, política se faz com políticos, e não com assessores que devem ser apenas meros auxiliares e não ter poder de decisão. Que a carapuça caia na cabeça de quem lhe couber. Ao ver toda essa celeuma observa-se que a equipe do governador João Azevedo vem trabalhando para a sua reeleição como se fosse um neófito na política, pois a cada dia que passa só aumenta o desgaste do governador, que aliás, não faz uma má gestão, porém, tem tratado a política e os políticos com muita ingenuidade, onde o que prevalece é o “fogo amigo”; e o prestígio são para os antigos adversários.

Enquanto isso, Pedro Cunha Lima e Nilvan Ferreira continuam se articulando para se unirem em um possível segundo turno, o que poderá ser fatal para João Azevedo.

Outro que vem tratorando tudo é o ex-governador Ricardo Coutinho pré-candidato ao senado que com todos os problemas jurídicos já enfrentados continua disparado na opinião popular, tendo em seguida Efraim Filho que tem demonstrado muito equilíbrio e inteligência, até porque se Ricardo não puder ser candidato, ele (Efraim) fica muito próximo do “foguete voador” ir para Brasília colocar o paletó de Senador da República, será só uma questão de tempo.

E quanto ao governador, poderá ficar com sua pré-candidatura “sangrando” politicamente até as convenções, quando poderá perder o apoio do Partido Republicanos que não irá aceitar uma candidatura empurrada de “goela abaixo” imposta pelos Progressistas de Aguinaldo Ribeiro numa composição ao governo do estado.

O sentimento que há nas palavras dos deputados Adriano Galdino, Hugo Motta, Wilson Santiago, é de traição, pela forma imperiosa como está sendo tratado o assunto, onde sequer foram ouvidos. Todas essas manifestações de insatisfações são provas cabais de que em poucos dias o desfecho será indubitavelmente o rompimento definitivo dos Republicanos com João Azevedo. Essa Paraíba vai pegar fogo literalmente. Por fim, valho-me do pensador Castanharo que diz: “Tudo que começa errado está fadado ao fracasso a médio e longo prazo”. Quem viver, verá!

 

Fonte: Gildo Araújo
Créditos: Polêmica Paraíba