A SINOFOBIA: “gabinete do ódio” instalado no Palácio do Planalto - Por Rui Leitão

Nos anos recentes temos observado uma estimulada aversão a tudo o que seja relacionado à China. É o que podemos chamar de “sinofobia”. É um movimento irracional que intenciona boicotar ou se colocar contra qualquer coisa que venha daquele país asiático., numa campanha diplomática irresponsável e inconsequente articulada no “gabinete do ódio” instalado no Palácio do Planalto. Esquecem que estão demonizando o nosso maior parceiro comercial. A inspiração vem do discurso trumpista que insiste em responsabilizar a China pela pandemia que se abate sobre o mundo. Uma paranoia xenófoba.

Não há a preocupação em evitar tensões políticas que já se tornaram evidentes, acarretando sérios prejuízos não só econômicos, mas também na luta contra o coronavírus. Produzem uma narrativa simplista que não encontra lógica por tão estúpidos que são os argumentos apresentados. Apoiam-se numa retórica anticomunista inconsistente e ultrapassada. Censuram a ditadura lá existente, sem se envergonharem de que se apresentam saudosistas da ditadura militar que vivemos no século passado. Que autoridade tem essa gente para criticar regimes autoritários?

A forma despudorada e atroz com que atacam gratuitamente a China, pode acarretar consequências dramáticas para o nosso futuro. E já estamos experimentando isso. É obsessiva a tentativa de associar aquele país a algo contagioso, criando o estigma do “vírus chinês” propagado pelo ex-presidente norte americano. Essa posição de vassalagem aos Estados Unidos tem induzido o governo a adotar uma política diplomática de confronto, extremamente prejudicial aos nossos interesses. Esse preconceito ideológico está pondo em risco a vida de milhões de brasileiros, quando procuram negar a eficácia da vacina chinesa, prejudicando o processo de imunização da nossa população.

A hostilidade explícita que se tem verificado em relação à China, protagonizada por integrantes do governo, pelo próprio presidente da república e seus filhos, resultam inquestionavelmente em efeitos nocivos às relações bilaterais que o Brasil tem mantido há décadas com os chineses. A politização da vacina é um fenômeno alimentado pela extrema direita. É incompreensível essa teimosia em comprar brigas com a China. Qual a estratégia benéfica disso? Qual a motivação para que tomemos partido nessa disputa de poder entre os americanos e chineses?

É inegável que cada vez mais dependemos da China para sobrevivermos economicamente. O tom belicoso oficial contra os chineses, em nada ajuda essa relação comercial. Basta dizer que um terço de tudo o que o Brasil exportou nos últimos anos foi comprado pelos chineses. Setenta por cento do superávit da nossa balança comercial deve-se às transações com a China. Então é de uma burrice sem tamanho eleger o “gigante asiático” como nosso inimigo. Independente do seu sistema político com características ditatoriais, a China não tem procurado interferir nos nossos assuntos internos. A ameaça comunista tão difundida pelos chinófobos é de um ridículo que nos causa envergonha.

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba