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A morte e a morte de Erasmo Carlos! - Por Marcos Thomaz

Saía do estúdio, após uma das missões mais difíceis, extenuantes da minha jornada jornalística: a cobertura da votação e apuração daquele pleito histórico.

Era segundo turno de eleição.

Trinta de outubro de 2022.

Saía do estúdio, após uma das missões mais difíceis, extenuantes da minha jornada jornalística: a cobertura da votação e apuração daquele pleito histórico.

No portão principal da Rádio Tabajara recebia a notícia sobre a morte de Erasmo Carlos.

Por sorte mais um daqueles homicídios virtuais em tempos atuais.

Mas, aquela não foi a primeira morte do Tremendão, infelizmente.

Tal qual o personagem amadiano, Erasmo teve lá outras mortes simbólicas.

A maior , um quase esquecimento nacional.

Erasmo e Roberto a parceria musical mais bem sucedida da música brasileira.

Ícones, símbolos da música dos anos 60, reis do iê-iê-iê, as “brasas” da Jovem Guarda.

Basta ver os caminhos de cada um depois.

Roberto, o Rei, uma instituição personificada, programas dominicais exclusivos em quase todo o Brasil.

De Erasmo ficou, quase exclusivamente, o sobrenome que compartilhava com o amigo mitificado.

Ofuscado por épocas, quase invisibilizado.

Bem verdade que, parte disso era escolha do próprio Tremendão.

Como um rockstar às avessas refutava o sucesso, vitrine midiática pop.

Talvez por, diferente do amigo mais famoso, ser mais roquenrol , autêntico de fato, na música e na vida.

E isso não é uma missiva contra Roberto Carlos, jamais.

Apenas a mim é inescapável fugir da comparação entre ambos após o sucesso e trilha inicial juntos, como Sputniks.

E sim, pelo pouco elencado, eu preferia o Carlos menos badalado.

Hoje, 22 de novembro, o Tremendão partiu, de fato, fisicamente.

Sua obra, sua arte perdurará, continuará a inspirar, imortalizada em verso e música, mesmo o autor tendo sido morto em vida mais de uma vez, tal qual o Quincas Berro D`água.

Fonte: Marcos Thomaz
Créditos: Polêmica Paraíba