mágica da inocência artificial disfarçada

A JUSTIÇA SAIU DO CATIVEIRO: Ela era refém do crime organizado mas Lula teve dó e a libertou - Por Gilvan Freire

Lula, que é efetivamente o único líder popular sobrevivente do furacão moral que ele próprio criou na vida pública, hoje em fase de extinção, ainda chegou a tanto porque o país não produziu outros.

A JUSTIÇA SAIU DO CATIVEIRO. ERA REFÉM DO CRIME
ORGANIZADO DO PAÍS. LULA TEVE DÓ DELA E A LIBERTOU

Brazilian ex-president (2003-2011) Luiz Inacio Lula da Silva.

Por Gilvan Freire

Lula melhorou as condições de vida de pobres e ricos do Brasil. Os ricos ficaram mais ricos e os pobres menos pobres. Mas a distância entre uns e outros não diminuiu muito , o que remete para um modelo de economia altamente capitalista e nada socializante.

Um fenômeno mundial que conviveu harmonicamente com a suruba política em que os revolucionários lulopetistas formaram um consórcio de líderes em que cabiam de Temer a Dilma, passando por Zé Dirceu a Maluf, o ex Lula , o ex Sarney e o ex Collor, a CUT e a Força Sindical, a os virtuosos da Igreja Católica e os mais mundanos dos neo-evangélicos.

Coube de tudo nessa putrefatada arca de Noé dos trópicos, todos falando línguas diferentes mas traduzidas em um dialeto comum – uma versão degenerada da Torre de Babel dos tempos modernos. Então, o que é e quem os uniu , se falam línguas diferentes ?

O que os uniu foi um modelo de estado colocado a serviço das classes dirigentes, e quem os juntou foi Lula, que buscava o culto à personalidade e a proclamação à condição de rei de todas as prostitutas políticas do país, mesmo que isso custasse, como previsto, o fim da moralidade pública e o saqueamento das rendas e riquezas da nação.

Idealizador desse maldito consenso de bandidos notórios, Lula virou um Deus pequeno, até aquele momento em que os saqueadores se dividiram por causa da partilha dos furtos e as delações surgiram com suas histórias escabrosas, trazendo à tona o mar de lama que fedia encoberto como esgotos.

A partir daí, entrou em cena, em nome do que restou do Estado em frangalhos, e em defesa de uma sociedade sitiada por verdadeiros batalhões de militantes das causas criminosas, um triunvirato de salvação nacional, formado pela PF, pelo MPF e pela Justiça, parecendo dons quixotes da higienização dos costumes.

Moro e seus legionários do exército de salvação moral do país, diante das vacilações, fraquezas e comprometimentos da cúpula do próprio Poder Judiciário Nacional, teve horas em que ficaram encurralados, sozinhos, atacados com virulência e ódio por ninguém menos que os próprios criminosos e seus asseclas, tudo para que o crime triunfasse no lugar da justiça , deixando o população sem ordem jurídica e sem lei, exatamente como vinha sendo antes, um lugar onde o banditismo governa com seus milicianos.

A Suprema Corte ainda ver de soslaio essa cruzada de Moro contra o crime, coroada na prisão de Lula, o poderoso chefão mais popular da história da criminalidade política da América Latina, o benfeitor convertido a delinquência como um mágico que faz desaparecer objetos furtados de suas mãos. Mas Moro também aprendeu a lidar com a frouxidão moral de sua instituição e já deixa que os próprios criminosos digam que respeito devem à Justiça , e não a ele apenas.

Nesse sentido, a ordem de prisão de Lula, transformada esquisitamente em convite de prisão, uma anômala figura da execução penal, que avacalhou e humilhou todo o judiciário brasileiro e desmoralizou a magistratura em seu poder de polícia e na representação doEstado-Juiz, é o preço que Moro resolveu pagar com medo de seus superiores hierárquicos da Corte Suprema, cada vez lenientes e confusos na punição dos poderosos e na regeneração profilática dos maus costumes políticos em vigor no Brasil contemporâneo.

Lula não só queria enfrentar fisicamente Moro, não só queria esbofeteá-lo simbolicamente aos olhos de toda a nação, teatralizando uma bravata em coro de mil ofensas ao julgador solitário, convertido em inimigo figadal de todos os criminosos da Lava-Jato.

Queria cercar em vencer o judiciário como um todo, a que dirigiu impropérios e ameaças nunca acontecidas por parte de condenados antes neste país. E estava ali vociferando em nome de centenas de outros criminosos, com direito a uma torcida organizada, embora pequena, formada, ademais, por figuras do mundo do crime também presentes.

Até a combalida e esclerosada igreja católica subiu ao palanque da insurreição cênica para celebrar a comissa em favor dos despojos de Lula, ela que até hoje não teve uma só palavra de censura ou reparo contra os desmandos que o lulismo patrocinou nos últimos anos em desfavor do Brasil e seu povo. É uma velha dançarina dos cabarés políticos que entram agora em agonia.

Enfim, Lula não teve medo de Moro, encorajado pelas promessas de alforria do Supremo, mas teve mesmo foi medo da ira coletiva que lhe reserva menos respeito que Moro teve por causa da dignidade do cargo que exerceu, certamente um erro, vez que o cargo foi ultrajado precisamente pelo próprio Lula. Fosse nessa linha, Maluf, Cabral e Cunha teriam os mesmos privilégios, posto que os cargos exercidos – e por eles enlameados – eram cargos dignos também.

Lula, que é efetivamente o único líder popular sobrevivente do furacão moral que ele próprio criou na vida pública, hoje em fase de extinção, ainda chegou a tanto porque o país não produziu outros. Mas não dá mais para ninguém achar que ele sobrevive às culpas formadas e à mágica da inocência artificial disfarçada.

Talvez seja melhor uma assunção de culpa, seguida de um pedido de perdão obsequioso, do que se colocar acima da lei, da verdade e dos fatos. Para quem queria desmoralizar a ordem judicial e humilhar Moro, está encarcerado diante dele é pesadelo, não é sonho.

Fonte: Polêmica Paraíba
Créditos: gilvan freire