Crise de responsabilidade

A incrível opção pela contaminação - Por Rui Leitão

A crise nacional não é apenas sanitária, mas também de consciência e de responsabilidade

Boa parcela da população brasileira, incrivelmente, está optando pelo risco da contaminação da covid-19, quando decide não obedecer às recomendações médico-científicas para enfrentar a pandemia. Irresponsabilidade coletiva que causa perplexidade. A massa bruta que lota praias, bares, restaurantes, promovendo aglomerações, demonstra descaso com a vida. Festas clandestinas, confraternizações, eventos públicos, são realizados sem qualquer preocupação, em que pesem os alertas das autoridades para que se observe o isolamento social. Embora existam alguns que seguem o caminho contrário, assumindo postura negacionista quando desdenham da gravidade da situação. Há, inclusive, quem se disponha a promover campanha de desobediência às medidas de prevenção ao coronavírus. Chegam ao cúmulo de fazer guerra contra as vacinas.

Parece até que estamos vivendo um clima de absoluta normalidade. O relaxamento das restrições necessariamente impostas tem contribuído para o crescimento do número de infectados e de mortes provocadas pelo vírus. Os protocolos de convivência com o covid-19 desconsiderados, concorrem para que permaneçamos, cada vez mais, vulneráveis aos efeitos nefastos da doença. Esse é um cenário assustador para quem tem consciência da magnitude apresentada pela crise sanitária que estamos enfrentando.

O debate político-ideológico da questão encontra público disposto a dar ouvidos às ironias e gracejos de mau gosto a respeito da tragédia que se abate sobre o país, proclamados por lideranças que não medem as consequências dos seus atos e discursos. A pandemia está recrudescendo. Mas ao que se percebe nos ambientes públicos, prepondera um sentimento de total insensibilidade com as terríveis notícias que estamos recebendo diariamente. Já são mais de duzentas mil famílias que choram a morte de entes queridos. O caos na saúde pública se instalando em várias regiões do Brasil. E nem por isso muitos se sentem comovidos com o problema. Não há compadecimento com a dor do outro.

Configura-se flagrante incivilidade não se cuidar diante de uma doença tão contagiosa. A sociedade brasileira, lamentavelmente, virou uma batalha de opostos. De um lado os que respeitam as definições da ciência e da medicina. E de outro os que ignoram o conhecimento científico e se rebelam contra suas orientações, não se importando que assim estejam colaborando para o rápido contágio do vírus letal.

A crise nacional não é apenas sanitária, mas também de consciência e de responsabilidade.

Fonte: Rui Leitão
Créditos: Polêmica Paraíba