É cada vez mais claro: aquilo que parecia rumor virou escândalo com eco institucional. O presidente da CAA-PB demonstra claramente estar envolvido em política partidária, não só por declarações do tipo pela mídia, mas por conexões familiares estreitas: sua cunhada ministra, seu irmão líder do governo no Congresso Nacional. A pergunta que não quer calar é: até onde vai a CAA-PB e como se distinguem os palanques?
A Ordem dos Advogados deveria ser guardiã da pluralidade, sem favorecer nenhuma sigla. Deveria proteger prerrogativas, defender o advogado, não fazer parte do jogo de alianças partidárias ou ser puxadinho de grupo político.
Mas a realidade pintada é outra. Palavras de comando, discursos alinhados, aparições em eventos que mais parecem comícios velados. A Caixa de Assistência, que deveria cuidar dos advogados, parece ter virado peça decorativa no cenário político porque seu presidente se move mais para o lado partidário.
A OAB, que deveria manter uma ordem, parece perdida na ordem do partido. Não é questão de simpatia política, é de institucionalidade.
E há responsabilidades sérias aqui:
• Quando passa a existir a dúvida se uma medida é pelo interesse da advocacia ou interesse do partido, perde-se a legitimidade.
• Quando a entidade que representa advogados se mistura com política partidária, advogados que discordam ficam sem representação.
• Quando familiares em cargos públicos convergem interesses políticos, o risco de favorecimento e conflito de interesses cresce, e a imagem institucional paga o preço.
É legítimo que líderes expressem opiniões políticas. Mas não é legítimo usar a estrutura da OAB para fortalecer bandeiras partidárias, como se fosse parte integrante dos interesses da categoria.
Advogados precisam perguntar:
• A quem serve a OAB-PB: à advocacia ou a um partido?
• Quem está tomando decisões em nome da Ordem: conselhos eleitos ou acordos de clã?
• Qual é o papel da Caixa de Assistência: serviço da classe ou vitrine de alianças políticas?
A advocacia paraibana merece uma casa limpa, independente, sem interferência partidária e sem confusão de papéis.
Porque quando a OAB vira palanque político, perde-se o direito de questionar e ganha-se a obrigação de concordar.
E isso, claro, não faz parte da Ordem: faz parte de um jogo incompatível com seus desígnios.
Fonte: Portal Opinião PB