vidas destruídas

Natal de 2020 foi marcado por feminicídios: Três homens que se achavam donos das ex-companheiras

Os dias 24 e 25 foram marcados por feminicídios. Em três regiões diferentes no Brasil, três mulheres foram vítimas de ex-companheiros/companheiro.

Os dias 24 e 25 foram marcados por feminicídios. Em três regiões diferentes no Brasil, três mulheres foram vítimas de ex-companheiros/companheiro. Além da crueldade, esses crimes tiveram em comum homens que se achavam donos das mulheres e que deveriam dominá-las.

No dia em que o nascimento de Jesus seria celebrando, no Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pernambuco famílias eram destruídas. O momento que seria de festa vai ser eternamente lembrado por essas famílias como o fim da vida de pessoas queridas. Elas eram mães, filhas, amigas, tinham sonhos, mas tiveram suas vidas destruídas pelo simples fato de serem mulheres.

Rio de Janeiro

O primeiro crime aconteceu na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Paulo José Arronzeni, de 52 anos, matou a ex-mulher, a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, de 45 anos, do Tribunal de Justiça do Rio, a facadas na véspera de Natal. O ataque a faca ocorreu na frente das três filhas menores do ex-casal. Segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML) , Viviane levou 16 facadas. O corpo da magistrada tinha perfurações no pescoço, rosto e barriga.

Casamento em agosto de 2009: Cena contrasta com a tragédia que marcou a história da família na quinta-feira, véspera de Natal

Em setembro, a vítima havia feito um registro de lesão corporal e ameaça contra o ex-marido, que foi enquadrado na Lei Maria da Penha. Ela chegou a ter escolta policial concedida pelo TJ-RJ, mas posteriormente pediu que fosse retirada. Segundo amigos, o pedido de retirada foi feito por ela sentir pena do ex.

A prisão de Paulo ocorreu em flagrante, mas, foi convertida em preventiva nesta sexta-feira.

Santa Catarina


A 700 km de distância, na cidade catarinense de Jaraguá do Sul, uma jovem de 23 anos teve sua vida tirada pelo ex namorado. O feminicídio também aconteceu na véspera de Natal, por volta das 23h30.

Thalia Ferraz foi assassinada a tiros na frente dos familiares pelo ex-namorado, de 42 anos. Ela tinha dois filhos de três e seis anos, de outro relacionamento.

O assassino, que está foragido, entrou na casa da família durante a comemoração de Natal e disparou diversas vezes contra Thalia, que tentou se esconder, mas não conseguiu. No dia anterior, ele havia mandado uma mensagem à vítima perguntando se ela gostava de “surpresa”, e chegou a dizer que faria uma surpresa inesquecível para ela.

Pernambuco

Anna Paula Porfírio dos Santos tinha 45 anos — Foto: Reprodução/Instagram


Na madrugada do dia 25, em Recife, PE após a ceia de Natal o sargento aposentado da PM Ademir Tavares de Oliveira, de 53 anos, matou a tiros a mulher dele, a cabeleireira Anna Paula Porfírio dos Santos, de 45 anos.

O crime aconteceu na casa deles, mesmo local onde estava a única filha do casal, de 12 anos. Ela foi atingida por disparos de arma de fogo na face e no tórax, no quarto do casal. Depois de uma audiência de custódia, ele teve a prisão em flagrante transformada em prisão preventiva e foi encaminhado ao Creed, Centro de Reeducação de Policiais Militares.

Feminicídios em 2020 

O Anuário de Segurança, contabilizou  até outubro 648 vítimas  de feminicídio. O número registrado no primeiro semestre desse ano cresceu 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Em relação aos casos de violência contra a mulher durante a pandemia, o Anuário registrou uma queda no número de registros em delegacias. A diminuição foi de 9,9% em registros de agressão em decorrência de violência doméstica. Ao mesmo tempo, aumentaram os chamados para o número 190 e cresceu 3,8% o número de acionamentos da PM para casos de violência doméstica.

Diante dessas situações e desses dados nós mulheres nos fazemos sempre a mesma pergunta: quando nossas vidas estarão seguras? Aparentemente e infelizmente parece que vai demorar. Não existe previsão para isso acontecer.

Não é aceitável, que após matar uma mulher um homem não seja preso. Não é aceitável não conseguir terminar um relacionamento por medo.  Eles matam e sabem que ficarão impunes. Nossas vidas são tiradas, e não valem nada.

Vai ser preciso mesmo continuar vivendo relacionamentos tóxicos por medo de perder a vida?

É difícil ser mulher, e é ainda mais difícil e perigoso ser mulher no Brasil.

Fonte: POLÊMICA PB
Créditos: POLÊMICA PB