
Paraíba - O Instituto de Polícia Científica (IPC) afirmou que, inicialmente, a colisão com o poste e a narrativa de acidente de trânsito por parte da polícia e do Samu, dificultaram a identificação de um disparo de arma de fogo que matou Guilherme Pereira, em novembro de 2024, no bairro do Muçumagro. A mesma ocorrência também vitimou sua namorada dele, Ana Luiza.
A Polícia Militar informou que o caso se tratava de um acidente de trânsito, mas novos laudos, que o Jornal da Paraíba teve acesso com exclusividade, confirmaram a presença de um disparo na cabeça do jovem. Segundo a Polícia Científica, o impacto da colisão acabou mascarando as marcas do tiro, o que impediu a correta identificação da causa da morte.
A diretora do IPC, Raquel Azevedo, afirmou que, quando a perícia chegou, encontrou um local de crime que não estava preservado; os capacetes já haviam sido retirados das cabeças e não foi encontrado projétil. Com a narrativa de acidente de trânsito, o perito decidiu não passar no scanner.
Raquel Azevedo explica que, de fato, houve um acidente de trânsito, mas não ficou comprovado o que causou a ocorrência. Na época, foram solicitados apenas exames de alcoolemia e toxicológico. Segundo ela, o acidente mascarou a entrada e saída do disparo, e não havia indícios de homicídio.
O diretor do Numol, Flávio Fabres, afirma que não sabe o motivo de por que os capacetes não estavam nos corpos. Ele explicou que há uma perícia específica para acidente de trânsito e, por estar claro o motivo da morte, não seria necessário passar os corpos por um scanner que poderia identificar o disparo.
Fabres também afirma que a cabeça do jovem não apresentava entrada e saída de disparo, destacando que o projétil de fuzil não é comum ao dia a dia dos peritos. Segundo ele, o disparo penetrou o crânio, se deformou e transfixou a cabeça do jovem.
“A gente tem dois corpos que chegam, ambos sem capacete. E a gente procede a necropsia. Durante a necropsia, a gente não encontra nenhuma lesão consistente com disparo de arma de fogo. Não tem nenhum orifício típico, orifício de saída típico de disparo de arma de fogo”, destacou o diretor do Numol, sobre a primeira perícia realizada nos corpos de Guilherme e Ana Luiza.
Ele explica que foi necessário usar técnicas complexas para identificar microfragmentos do projétil, o que só foi possível a partir da reconstrução do crânio, porque estava explodido.
Sobre o laudo do corpo de Ana Luiza, Fabres afirma que ela morreu de politraumatismo, o mesmo motivo identificado inicialmente.
Jornal da Paraíba