Tragédias

Anielle Teixeira, Patrícia Roberta, Kelton Marques: relembre os crimes que abalaram a Paraíba em 2021

 

2021, foi um ano em que continuamos amedrontados com a pandemia, pico de casos e mortes no país, vacinação atrasada, novas variantes, tudo isso contribuiu para um ambiente cada vez mais difícil psicologicamente no nosso país. Infelizmente, atrelado a todos esses problemas, crimes graves foram notícia na Paraíba em 2021.

Casos que foram pauta nas rodas de conversa, nos grupos de WhatsApp, que fomentaram discussões e protestos na opinião pública. Nessa retrospectiva que não temos prazer em escrever, mas que é importante, iremos relembrar esses casos, para que sirva de aviso à população e que seja um lembrete de justiça que essas famílias necessitam.

Caso Anielle Teixeira: Um dos casos de maior repercussão no ano foi o da menina Anielle Teixeira, de 11 anos, que desapareceu no dia 5 de setembro, um domingo, enquanto dormia em um quiosque da praia do Cabo Branco. Após buscas incessantes pelo seu paradeiro, O corpo de Anielle foi encontrado na quarta-feira (8), em uma mata do bairro Miramar. Haviam sinais de estrangulamento e violência sexual.

O suspeito José Alex da Silva foi encontrado e detido um dia após o corpo da menina ser encontrado no município de Ferrreiros, na Zona da Mata pernambucana. Ele confessou o crime, mas negou o abuso sexual.

No dia do crime, a mãe decidiu dormir com os filhos em um quiosque cujos donos são conhecidos da mulher. Ela explicou que as taxas de transportes por aplicativo estavam muito altas, então resolveu ficar no local e ir embora de manhã. Por volta das 5h, Anielle sumiu. O suspeito teria esperado a mãe da criança dormir e chegou até o local de bicicleta, onde teria permanecido por algum tempo conversando com a menina. Em seguida, os dois saíram de bicicleta pela orla do Cabo Branco. A delegada explicou que tanto a mãe de Anielle quanto o homem faziam bicos no local, portanto, ele era conhecido da menina.

No dia 28 de outubro, o resultado dos exames de DNA, demonstram que o material genético colhido no corpo da vítima não possui material biológico, sêmen ou sangue do acusado, José Alex de Sousa. O processo do caso Anielle segue em segredo de justiça.

 

Caso Patrícia Roberta: No mês de Abril, o caso Patrícia Roberta foi o crime que parou dois estados Paraíba e Pernambuco, televisões fizeram plantões nas delegacias, todos os desdobramentos do caso eram trazidos em tempo real nas redes sociais, Patrícia, que é de Caruaru, veio a João Pessoa a convite do assassino Jonathan. Eles se conheciam há cerca de 10 anos, pois teriam estudado juntos em Caruaru, onde Jonathan chegou a morar. Na quinta-feira (22), ela disse à prima que Jonathan a chamou para passar o fim de semana na casa dele, para que ela conhecesse João Pessoa.

Ela chegou em João Pessoa na manhã de sexta-feira (23). Jonathan teria combinado de ir buscá-la, mas não foi e disponibilizou um carro por aplicativo para levá-la até a sua casa. No sábado (24), Jonathan deixou Patrícia trancada no apartamento, dizendo que precisava resolver uma “situação”. Por chamada de vídeo com a mãe, Patrícia disse que estava triste porque eles teriam combinado de passear.

Jonathan só chegou no domingo (25) no apartamento. Patrícia avisou a mãe que Jonathan tinha chegado e que os dois iriam juntos para Caruaru. A partir desse momento, a mãe de Patrícia, Vera Lúcia, não conseguiu mais falar com a filha. A família dela veio para João Pessoa e registrou o desaparecimento da jovem na noite da segunda-feira (26). Na madrugada de terça-feira (27), uma testemunha contou que viu Jonathan com algo que seria um corpo enrolado em um tapete. A partir daí, a polícia iniciou as buscas pelo assassino. O corpo de Patrícia foi encontrado em uma mata no Novo Geisel, nas imediações de onde Jonathan morava, na tarde de terça-feira.

A causa da morte foi por asfixia por esganadura, Jonathan foi preso no fim da noite, após o corpo ter sido encontrado. Ele estava escondido na casa de um amigo, no bairro de Mangabeira II, onde também foi encontrada a moto que teria sido usada para transportar o corpo da jovem até o local onde foi encontrado. Durante a perícia, foram encontrados livros supostamente relacionados a ocultismo, um altar, uma lista com nomes de mulheres (incluindo o de Patrícia e o da companheira atual de Jonathan), fronhas com possíveis manchas de sangue, manuscritos “perturbadores” e indícios de acesso a deep web.

A Polícia Civil indiciou Jonathan, pelo feminicídio e pela ocultação de cadáver de Patrícia Roberta. A namorada dele, Ivyna Oliveira, também foi indiciada por ocultação de cadáver.

Caso Kelton Marques: Uma batida violenta entre um carro e uma moto no bairro de Manaíra, em João Pessoa, na madrugada do sábado 11 de setembro, causou uma revolta coletiva na população e em uma categoria de trabalhadores, os motoboys.

O motoboy Kelton Marques tinha 33 anos, duas filhas e morava em Santa Rita. Ele trabalhava em um restaurante que atendia nas madrugadas, e na hora do acidente já tinha terminado as entregas do dia e voltava para casa. O motorista Ruan Ferreira que dirigia em alta velocidade, no momento do acidente, ultrapassou o sinal vermelho do cruzamento da avenida Governador Flávio Ribeiro Coutinho, com a rua Mirian Barreto, e acertou o motoboy em cheio, que teve morte imediata.

O suspeito não prestou assistência a vítima e fugiu do local, A prisão preventiva foi decretada no dia seguinte à colisão, e desde então Ruan é considerado foragido da justiça. O delegado do caso disse que não se pode afirmar se o suspeito está ainda na Paraíba ou não, porém, diz que não existe nenhuma pista sobre o paradeiro dele.

Desde a data do acidente, diversos protestos foram realizados por motoboys. cobrando justiça e a prisão do acusado Ruan Ferreira. Uma lei foi criada em homenagem ao motoboy, A Lei Kelton Marques, de autoria do deputado federal paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP), que visa responsabilizar civilmente quem provocar acidente, com dolo ou culpa, sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que altera a capacidade de discernimento. Ela foi apresentada no dia 13 de setembro, dois dias após a morte do motoboy e tem o objetivo de punir mais intensamente o motorista que assume o risco de matar alguém no trânsito.

Caso Igor Caetano: 3 meses após a morte de Kelton Marques, um outro acidente no mesmo local, trouxe de volta a sensação de injustiça e insegurança na função de motoboy. De acordo com imagens de uma câmera de segurança do entorno do local do acidente, um motorista tentou sair da faixa da esquerda do Retão de Manaíra para entrar na Rua Comerciante Jaime Tavares de Melo, mas não viu que o motoboy vinha na faixa da direita. Com a colisão, o motoboy foi arremessado em direção ao meio-fio e colidiu em uma placa de publicidade instalada na esquina.

Igor Caetano tinha 27 anos, ele chegou a ser socorrido para o Hospital de Trauma, mas não resistiu aos ferimentos. O motorista envolvido no acidente, um Policial Militar da reserva, ficou no local, e chegou a se abrigar em uma farmácia com medo da reação dos populares. Dezenas de motoboys e motociclistas se reuniram em frente ao cemitério Santa Catarina, no Bairro dos Estados, durante o enterro de Igor Caetano, o protesto saiu do cemitério, até o local do acidente, cobrando melhores condições de trabalho, redução de velocidade na via e justiça aos envolvidos nos dois casos.

 

Caso Isaac Cell: Isaac Filho, mais conhecido por Isaac Cell foi mais uma vítima do trânsito em 2021, ele era neto do pastor presidente da Assembleia de Deus na Paraíba (ADPB), José Carlos de Lima. Isaac tinha uma loja de equipamentos eletrônicos que fica no Centro da cidade. No dia anterior ao acidente, dezenas de celulares foram roubados em um assalto ao estabelecimento. Os suspeitos, no entanto, foram presos em seguida, e os objetos recuperados. Isaac chegou a publicar nas redes sociais, um vídeo em que agradece as contribuições de amigos e da Polícia Civil, que recuperou os itens roubados.

Na terça feira dia 8 de Junho, quando Isaac estava se dirigindo ao trabalho, o condutor de um automóvel teria jogado o carro para a esquerda sem sinalizar, no momento em que a vítima estava passando de moto, e causou o acidente. O jovem chegou a ser atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu e morreu no local.

O Motorista um idoso de 70 anos, fez o teste do bafômetro no local do acidente que deu positivo para a presença de álcool. Ele foi designado para cumprir a pena em prisão domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica por conta da idade avançada, o idoso deve responder criminalmente por homicídio por dolo eventual.

Caso Gefferson Moura: Gefferson Moura, 32 anos, foi morto a tiros no dia 16 de Março, durante uma abordagem feita por um delegado da Polícia Civil, um investigador e um policial militar, todos de Sergipe, que estavam tentando cumprir um mandado de prisão em Santa Luzia-PB contra um traficante.

O delegado atirou pelo menos oito vezes contra Gefferson. Após o crime, os policiais teriam colocado o corpo na caçamba de uma caminhonete descaracterizada e deixado na calçada do Hospital e Maternidade de Santa Luzia. A denúncia do Ministério Público da Paraíba, ainda consta que após a execução, os denunciados “plantaram” uma arma, que, segundo eles, teria sido usada pela vítima, o que foi desmentido pela investigação. as provas colhidas no dossiê apontam que a arma não foi apresentada à Polícia Civil da Paraíba no local do crime, mas somente no momento em que os acusados foram ouvidos na delegacia.

A revolta da família do advogado paraibano tomou conta dos noticiários do nosso estado, A Justiça recebeu a denúncia do Ministério Público da Paraíba (MPPB) e tornou réus os três policiais do estado de Sergipe envolvidos na morte de Gefferson Moura, Os acusados chegaram a ser presos, mas ganharam liberdade em novembro, após decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O primeiro a deixar a cadeia foi o delegado Osvaldo Resende Neto, no dia 23. José Alonso Santana e Gilvan Moraes de Oliveira tiveram seus pedidos de habeas corpus aceitos pela corte no dia 26.

Caso DJ Ivis: Em 11 de Julho, vídeos gravados por câmeras de segurança mostraram o paraibano Iverson de Souza Araújo, conhecido como DJ Ivis, agredindo a ex-mulher Pamella Holanda na frente da filha de nove meses, da sogra e do amigo e funcionário Charles. Os vídeos haviam sido registrados na residência do casal, em datas diferentes, Pamella foi agredida enquanto estava com covid e amamentando a filha do casal. O músico, por sua vez, admitiu as agressões, mas no primeiro momento acusou a ex-esposa de chantagem.

O fato acarretou na demissão de Ivis da produtora Vybbe, do cantor Xand Avião. O músico teve parcerias canceladas com cantores famosos como Latino e Zé Felipe. Emissoras de rádio e serviços de streaming de músicas excluíram e bloquearam as músicas do artista e nas quais ele tinha participação.

No dia 14 de Julho, DJ Ivis foi preso em Fortaleza pela Polícia Civil em uma medida de prisão preventiva. No dia 22 de outubro do mesmo ano, o cantor foi libertado, depois de seis pedidos de habeas corpus negados. No sétimo pedido, a Vara Única da Comarca de Eusébio concedeu liberdade ao artista, para aguardar o julgamento em liberdade.

Caso Lucas Guimarães: No dia 1 de Setembro, um crime misterioso abalou Manaus, e a vítima do assassinato era o paraibano Lucas Guimarães, O sargento do Exército de 29 anos, foi assassinado a tiros dentro da própria cafeteria, no bairro Praça 14. Um homem chegou ao local em uma motocicleta, entrou no estabelecimento e atirou em Lucas à queima roupa. A vítima foi socorrida para um hospital particular, localizado ao lado do local do crime. Ele foi atingido por três tiros na cabeça, não resistiu aos ferimentos e morreu.

Após várias hipóteses sobre qual teria sido a causa do assassinato, se descobriu que se tratava de um crime passional, o Sargento teria um relacionamento amoroso com Jordana Azevedo Freire, casada com o empresário Joabson Agostinho Gomes, donos de uma rede famosa de supermercados em Manaus.

Além do relacionamento extraconjugal, a polícia informou também que houve um desvio de dinheiro por Jordana para Lucas, após descobrir tanto o caso, como também o desfalque nas contas, Joabson contratou um atirador e ordenou o assassinato de Lucas.

Joabson e Jordana foram presos no dia 22 de setembro . Após vários habeas corpus negados, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu um habeas corpus para revogar a prisão temporária do casal, em novembro desse ano, os dois foram acusados do assassinato do Sargento e até o fechamento da matéria, o paradeiro do atirador ainda é desconhecido.

 

Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba