Uma apreensão de mais de 100 kg de skunk, conhecido como “supermaconha”, no Sertão da Paraíba, neste domingo (7), vai além de uma vitória policial e acende um sinal de alerta para a saúde pública. A droga, interceptada pela Polícia Civil durante o transporte de Ponta Porã (MS) para São Bento (PB), é reconhecida por seu altíssimo poder alucinógeno e por representar um perigo significativamente maior à saúde mental dos usuários, conforme evidenciado por pesquisas científicas.
Dois homens foram presos em flagrante com a carga, escondida em mantas e redes dentro do veículo. A operação, que contou com a DRACO, UNINTELPOL, Delegacia de Roubos e Furtos de Patos e PRF, é um duro golpe ao tráfico regional. Com essa ação, a DRACO ultrapassa a marca de duas toneladas de entorpecentes apreendidas apenas em 2025.
O Perigo Invisível da “Supermaconha”
Enquanto a operação combate o crime, a natureza da droga apreendida preocupa especialistas. Um estudo seminal do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King’s College de Londres traz dados alarmantes: o uso de skunk triplica o risco de desenvolvimento de psicose, condição que envolve delírios e alucinações, presentes em doenças como esquizofrenia e transtorno bipolar.
De acordo com a pesquisa, que acompanhou 780 pessoas, o risco não está apenas no uso, mas na potência e na frequência. “Usuários de maconha do tipo ‘skunk’, mais potente, tiveram um risco três vezes maior de psicose em comparação com aqueles que nunca tinham experimentado”, afirmou a coordenadora do estudo, Marta Di Forti. O perigo é ainda maior para usuários diários, que têm cinco vezes mais chances de desenvolver o problema.
Potência e Composição Química: A Chave do Risco
A diferença de perigo entre as variedades de cannabis está em sua composição química. O skunk é geneticamente modificado para conter concentrações extremamente altas de THC (tetrahidrocanabinol), seu principal composto psicoativo, que provoca os efeitos alucinógenos.
Em contrapartida, o estudo londrino apontou que o haxixe, uma forma mais branda da maconha, não aumenta o risco de psicose. A explicação está na presença de outro composto: o canabidiol (CBD). O haxixe contém quantidades substanciais de CBD, que parece ter um efeito moderador e até antipsicótico, amenizando os efeitos negativos do THC. O skunk, por outro lado, é pobre em CBD, deixando o usuário exposto ao THC puro e potente sem a proteção química natural.