Democracia em jogo

TRUMP x BIDEN: EUA decide próximo presidente hoje, em eleição histórica; fique por dentro

Donald Trump e Joe Biden disputam nesta terça (3) uma eleição presidencial histórica. A eleição põe em cheque a democracia no país e influencia países importantes, como China, Rússia e o próprio Brasil

Donald Trump e Joe Biden disputam nesta terça (3) uma eleição presidencial histórica. A eleição põe em cheque a democracia no país e influencia países importantes, como China, Rússia e o próprio Brasil. As pesquisas apontam o democrata como favorito, diante do republicano desgastado por sua gestão da pandemia e da crise econômica trazida pelo coronavírus.

Por isso, o processo pode registrar um recorde de participação, com mais de 150 milhões de votos. O número se torna ainda mais impressionante se considerarmos que o voto não é obrigatório nos Estados Unidos. A média histórica gira em torno de 50% e o recorde moderno foi atingido em 1960, na vitória de John Kennedy sobre Richard Nixon, com pouco mais de 62%. Neste ano a porcentagem deve ficar acima dos 65%, segundo projeções.

Votos antecipados

Em 2020, grande parte dos eleitores optaram por adiantar a votação, seja presencialmente ou por correios. Por causa da pandemia do novo coronavírus, o sistema de votar à distância, antes disponível apenas em alguns estados, foi adotado em todo o país.

Quase 100 milhões de americanos votaram antes do dia da eleição, número que bateu todos os recordes e representa 72,3% de todos os votos da disputa de 2016. Foram 35,7 milhões de votos presenciais e 63,9 milhões enviados pelo correio.

Em 4 estados a votação antecipada superou toda a votação de 2016 (Havaí, Texas, Washington e Montana) e em outros 7 ela chegou bem perto disso: Novo México, Nevada, Oregon, Colorado, Carolina do Norte, Flórida e Arizona.

Anúncio do vencedor

O dia do anúncio do vencedor ainda é incerto. Diferentemente de 2016, quando Trump foi confirmado vitorioso já na madrugada seguinte ao dia da votação, espera-se que a apuração dos votos neste ano demore mais. Isso porque alguns estados só começam a contar os votos que chegam por correspondência após o fechamento das urnas.

Como é preciso validar a autenticidade da cédula e houve aumento nessa modalidade de votação, a demora é prevista pela maioria dos analistas eleitorais americanos.

Sistema eleitoral

Para vencer a eleição e se tornar presidente, não basta conquistar a maior quantidade de votos populares. Os Estados Unidos adotam o sistema de Colégio Eleitoral, que tem 538 integrantes. Um candidato à presidência precisa garantir 270 deles para chegar ao cargo.

Quando os eleitores norte-americanos votam, eles na verdade estão decidindo para quem vão entregar os delegados de seus estados. E estados com mais habitantes têm mais delegados no Colégio Eleitoral. O sistema do Colégio Eleitoral existe justamente para que estados mais populosos tenham peso maior na decisão.

Para ajudar, quase todos os estados, com exceção apenas de Maine e Nebraska, adotam um sistema chamado “winner takes all” (ganhador leva tudo), no qual o candidato que conseguir o maior número de delegados fica com todos.

Trump x Biden: o presidente mais velho da história estadunidense

Independente do vencedor, os Estados Unidos terão seu mais velho presidente da história a partir de 20 de janeiro de 2021. Trump aos 74 anos e Biden, 77. O democrata pode se tornar o 46º presidente da história dos EUA.

O vice-presidente do governo de Barack Obama aparece com vantagem em todas as pesquisas, incluindo em alguns estados que são tradicionalmente redutos republicanos, mas não se pode garantir que vá conquistar os 270 votos necessários no Colégio Eleitoral. Em 2016, por exemplo, Hillary Clinton teve mais votos populares, mas não foi eleita.

Polarização

Em uma eleição polarizada e que envolve não só os EUA, mas inúmeros países importantes no mundo, inclusive o Brasil, republicanos e democratas tiveram uma campanha eleitoral totalmente diferente este ano, com muito menos comícios e eventos públicos e apenas dois debates entre os candidatos à presidência. Um tema foi dominante: o vírus que contaminou mais de 9 milhões de cidadãos, matou mais de 230 mil e deixou a economia norte-americana, grande aposta de Trump em sua campanha pela reeleição, em desordem.

Se o medo de aglomerações foi um dos fatores que levou muita gente a votar antes desta terça, também o temor de distúrbios fez com que alguns preferissem ficar em casa no dia da eleição. Um documento divulgado no início de outubro pelo Departamento de Segurança Nacional (Homeland Security) dos EUA aponta riscos relacionados às eleições, de acordo com a BBC.

Além de ameaças estrangeiras e crimes digitais, o departamento diz que “extremistas violentos domésticos (EVD) e outros atores podem ter como alvo eventos relacionados às campanhas presidenciais de 2020, a própria eleição, os resultados das eleições ou o período pós-eleitoral”.

Também contribuiu para o clima tenso o discurso do próprio presidente Donald Trump, que por diversas vezes afirmou, sempre sem apresentar qualquer evidência, que poderia haver fraude no sistema de votação pelo correio. Principalmente em seu perfil no Twitter, ele questionou a integridade do processo eleitoral, causou tumulto ao orientar seus eleitores na Carolina do Norte a votarem duas vezes, um crime, e chegou a afirmar, ainda em setembro, que acreditava que a decisão sobre o vencedor poderia acabar na Suprema Corte.

Com receio de que haja protestos violentos ou confrontos nesta terça-feira, lojas e escritórios de cidades dos Estados Unidos ergueram proteções de fachadas com placas de compensado de madeira para evitar danos.

Na cidade de Nova York, a loja de departamentos Macy’s e o prédio onde fica a sede da Fox News foram protegidos por compensados de madeira. Em Beverley Hills, as lojas de joias tiraram os bens mais caros das vitrines.

Fonte: G1
Créditos: Polêmica Paraíba