GUERRA COMERCIAL

Trump impõe nova taxa à importação de aço e alumínio; medida afeta o Brasil

Medida vale a partir de 23 de março e exclui Canadá e México da nova tributação; outros países poderão pedir para entrar em lista de exceção

O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (8) a criação de novas taxas para a importação de aço e alumínio ao país. O país cobrará uma sobretaxa de 25% para o aço importado e de 10% para o alumínio. A medida vale para o aço que entrar nos EUA a partir de 23 de março.

  • Nova taxa ao aço é de 25%; para o alumínio, tarifa é de 10%.
  • Canadá e México entram em lista de exceções e não serão tributados.
  • Trump poderá negociar a exclusão de outros países separadamente.
  • Medida foi tomada por meio da seção 232, que visa a proteger a segurança nacional.
  • Brasil é o 2º maior exportador de aço para os EUA, atrás do Canadá.
  • Ações das siderúrgicas lideraram as perdas na bolsa de valores.

As novas tarifas serão aplicadas a todos os países em um primeiro momento, com exceção de Canadá e México. Segundo ele, as negociações com esses países serão feitas separadamente no âmbito do Nafta ( Tratado de Livre-Comércio da América do Norte).

Trump abriu a possibilidade de que outros países sejam excluídos da cobrança e que a medida será “muito justa”, mas ressalvou: “especialmente para aqueles países que nos tratam bem”.

Segurança nacional

Para aumentar a tributação do aço importado, Trump acessou um dispositivo criado para defender a segurança nacional norte-americana, a chamada seção 232, que não era usado desde 2001.

Em seu discurso, Trump disse que a decisão visa a acabar com práticas comerciais injustas e preservar a segurança nacional. “A indústria americana de aço e alumínio vem sendo devastada por práticas comerciais internacionais agressivas. É um assalto ao nosso país”, disse Trump, em seu discurso antes da assinatura da medida.

Ele ressaltou que a indústria nacional precisa ter “independência” e isso requer a produção de aço. “Se não tem aço, não tem país. Nossas indústrias foram pressionadas há anos por um comércio injusto. E isso vai parar,” afirmou.

O presidente americano lembrou que a medida, considerada protecionista por outros países, é uma de suas promessas de campanha. “Estou entregando uma promessa que fiz durante minha campanha”, lembrou o presidente. “Essa é uma das mais importantes”.

Ele citou que o país tem um déficit comercial da ordem de US$ 800 bilhões, sendo US$ 500 bilhões com a China.

“Isso vai ter que mudar”, afirmou.

“Estamos mudando as coisas. Acho que as empresas ficarão muito felizes no fim. E países ficarão muito felizes, nós vamos mostrar alguma flexibilidade”, disse Trump.

Trump trouxe representantes da indústria americana para acompanhar o anúncio e dar depoimentos sobre como a importação afetou seus empregos e prejudicou o setor.

Impactos no Brasil

O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA e as vendas para o país representam um terço das exportações brasileiras do produto.

Após o anúncio, o Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas nacionais, afirmou que a medida causa “dano significativo” às empresas brasileiras e em que deverá entrar imediatamente com recurso nos EUA.
Nesta quinta-feira (8), as ações das siderúrgicas nacionais foram os destaques negativos do Ibovespa. Os papéis da CSN caíram 5,08%, enquanto a Gerdau teve perdas de 4,18%.

Autoridades do governo brasileiro também se manifestaram contra a medida de Trump. Os ministros das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e Marcos Jorge, da Indústria, Comércio Exterior e Serviços disseram, em comunicado conjunto, que a decisão de Trump trará “graves prejuízos” às exportações brasileiras.

Antes do anúncio oficial de Trump, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou em Nova York, que a medida é negativa tanto para os países exportadores como para os Estados Unidos.

“A medida é negativa para todos os envolvidos, inclusive a indústria americana e o consumidor americano, porque vai ter que pagar mais por seus produtos, o insumo fica mais caro”, disse.

Afirmações no Twitter há 1 semana

Donald Trump já havia manifestado suas intenções de criar essa tarifa na última quinta-feira (1º), mas o anúncio oficial só foi realizado uma semana depois.

Mesmo antes de oficializar a medida, diversos países reagiram à decisão de Trump e ameaçaram questionar os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC).

A União Europeia disse que poderá retaliar os EUA, com imposição de tarifas para ícones da indústria americana exportados aos países do bloco, como uísque bourbon e as motocicletas Harley-Davidson.

Fonte: G1
Créditos: G1