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'Se encontrá-las, corra e nos chame!': cientistas nos EUA alertam para chegada de 'vespas assassinas'

Vespas gigantes asiáticas têm provocado alarme em diversas regiões dos Estados Unidos

Elas podem medir mais de 5 cm e são tão letais que receberam de cientistas o apelido de “vespas assassinas”. Nativas da Ásia, as chamadas vespas gigantes asiáticas (Vespa mandarinia) foram vistas pela primeira vez nos Estados Unidos em dezembro do ano passado, e sua presença vem provocando alarme entre apicultores e entomologistas americanos.

Capazes de dizimar uma colmeia de abelhas em poucas horas, essas vespas são as maiores do mundo e liberam uma toxina tão potente que pode causar a morte de uma pessoa que tiver levado várias picadas, mesmo se não for alérgica.

“No Japão, entre 30 e 50 pessoas morrem por ano (vítimas de múltiplas picadas da vespa gigante asiática)”, disse à BBC News Brasil a bióloga Jenni Cena, do Departamento de Agricultura do Estado de Washington (WSDA, na sigla em inglês).

O que aconteceria se todos os insetos desaparecessem da face da Terra?
Sua picada é descrita como extremamente dolorosa, e o ferrão é tão longo que pode penetrar até mesmo o traje de proteção usado por apicultores. Mas, segundo Cena, elas só atacam humanos caso sejam provocadas ou se sintam ameaçadas.

Para a população de abelhas, porém, sua presença pode ser devastadora, com impacto não apenas na produção de mel, mas também nas diversas culturas que dependem da polinização, como maçã, cereja, framboesa, mirtilo e amêndoas.

Diante da ameaça, autoridades, pesquisadores e apicultores da região lançaram um esforço para tentar localizar e erradicar os ninhos dessa espécie invasora antes que ela possa se estabelecer no país e arrasar a população de abelhas, já em declínio por causa de fatores como doenças, uso de pesticidas e perda de habitat.

Mas os cientistas alertam os residentes para que não tentem matar as vespas por conta própria nem tentem remover os ninhos e que, caso encontrem os insetos, entrem em contato com as autoridades.

“Se encontrá-las, corra e nos chame! É realmente importante para nós saber de todas as vezes que forem observadas, se quisermos ter esperança de erradicação”, disse o entomologista Chris Looney, também do WSDA.

Abelhas decapitadas
Armadilhas estão sendo espalhadas pelas regiões em que ‘vespas assassinas’ apareceram
Os cientistas não sabem ao certo como as vespas gigantes asiáticas chegaram aos Estados Unidos. Segundo Cena, o inseto foi inicialmente detectado na província canadense de British Columbia, que faz fronteira com o Estado de Washington, em agosto do ano passado.

“É possível que tenham chegado em um navio de carga”, afirma Cena. A bióloga diz que também não está descartada a possibilidade de que tenham sido trazidas deliberadamente, para serem usadas como componente em algum tipo de mistura caseira para aumento de performance.

A presença da invasora no país começou a ser notada quando diferentes apicultores do Estado de Washington relataram terem encontrado milhares de suas abelhas decapitadas. Segundo Cena, o relato inicial, no ano passado, levou à descoberta de duas invasoras. Ainda não se sabe quantas há no Estado no momento.

As vespas gigantes asiáticas chegam a ser três vezes maiores que as abelhas. Elas invadem e ocupam as colmeias, matando as abelhas adultas e devorando as larvas e pupas.

“Com menos de 30 (vespas gigantes), podem dizimar uma colmeia inteira em questão de horas”, observa Cena.

Diferentemente de abelhas na Ásia, nos Estados Unidos as abelhas não têm mecanismo de defesa natural contra as vespas gigantes asiáticas.

Segundo os cientistas, o ciclo de vida da invasora começa em abril, quando as rainhas emergem da hibernação e passam a procurar um local para construir seus ninhos e formar suas colônias. O período de julho a outubro (fim do verão e início do outono no Hemisfério Norte) é considerado o melhor para capturá-las.

Identificar, localizar e destruir
Entidade americana pediu que apicultores e moradores comuniquem imediatamente qualquer encontro com ‘vespas assassinas’ para evitar a propagação delas
Na esperança de conseguir erradicar as vespas gigantes asiáticas antes que se espalhem pelo país, o WSDA está pedindo que apicultores e moradores comuniquem imediatamente qualquer encontro com esses insetos.

O objetivo é identificar as vespas e localizar e destruir os ninhos enquanto a população ainda é pequena, antes que elas se reproduzam de tal maneira que torne impossível a erradicação.

Vários apicultores, cientistas e voluntários participam do esforço, espalhando armadilhas caseiras pela região — já que as armadilhas vendidas em lojas comerciais não puderam ser usadas, porque têm um buraco pequeno demais para a vespa gigante.

O WSDA pede que os residentes enviem imagens, caso consigam tirar uma foto em segurança, para que seja possível confirmar se o inseto encontrado é mesmo a vespa asiática gigante. Os casos suspeitos podem ser comunicados pelo site do WSDA e também por um aplicativo lançado especialmente para isso.

Há planos de rastrear as vespas vivas de volta aos ninhos. Foram encomendados trajes especiais reforçados, vindos da China, para garantir a segurança na hora de destruir os ninhos.

Redes sociais
Presença das vespas gigantes asiáticas causou comoção nas redes sociais e chegou a ficar entre assuntos mais comentados do Twitter nos EUA
A notícia sobre a presença das vespas gigantes asiáticas nos Estados Unidos provocou comoção nas redes sociais.

No fim de semana, depois que o jornal The New York Times publicou uma matéria sobre os esforços para tentar erradicar as invasoras, o termo “vespas assassinas” estava entre os trending topics no Twitter.

Em meio à pandemia de covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, que até segunda-feira (04/05) já havia infectado mais de 1,2 milhão de pessoas e deixado mais de 70 mil mortos no país, muitos americanos reagiram com incredulidade diante de mais uma “praga” em 2020.

“Outro dia eu estava pensando: ‘Sabe do que 2020 precisa? Vespas assassinas.’. Elas finalmente estão aqui!”, tuitou um internauta, resumindo um sentimento expressado por milhares de outros americanos nas redes sociais.

Fonte: BBC Brasil
Créditos: BBC Brasil