péssima campanha de vacinação

Rússia expõe as dificuldades para controlar a Covid e ultrapassa pela 1ª vez marca de mil mortes pelo vírus em um só dia

Pela primeira vez desde o início da pandemia de coronavírus, a Rússia registrou mais de mil mortes provocadas pela doença em só um dia. Com 1.002 óbitos neste sábado (16), o país expõe as dificuldades para controlar a Covid em meio a uma campanha de vacinação que custa a avançar.

 

Além do recorde de mortes, os russos também viram o número de casos diários chegar a 33.208, a maior cifra de infecções pelo quinto dia consecutivo, de acordo com a força-tarefa do país para o tema.

Autoridades culpam o ritmo lento da campanha de imunização tanto pela alta nas contaminações quanto pelo aumento de mortes, panorama que forçou o ministro da Saúde russo, Mikhail Murashko, a pedir nesta semana que médicos aposentados e já imunizados voltem a trabalhar em hospitais.

A Rússia estima que 45% de sua população tenha imunidade contra o vírus, seja por meio da aplicação de vacinas ou por anticorpos gerados após a recuperação da doença, segundo dados divulgados neste sábado pela força-tarefa. Em Moscou, esse número seria de 61%, e na região em torno da capital, 64%.
Ainda que tenha sido um dos primeiros a desenvolver e lançar um imunizante para combater a Covid, o país ainda luta para aplicá-lo na população, já que muitos russos citam desconfiança nas autoridades e temor em relação a novos fármacos. Um outro fator que desestimula os esforços de vacinação é que a criação da Sputnik V foi uma operação cercada de polêmicas.

A primeira notícia acerca de uma vacina russa surgiu em maio, quando Alexander Ginzburg, diretor do instituto Gamaleia, responsável pelo desenvolvimento do imunizante, revelou em uma entrevista ao Ministério da Saúde russo que havia testado o fármaco em si mesmo e em outros pesquisadores.

A prática, amplamente condenada no Ocidente, gerou discussões. Os detalhes vieram a conta-gotas: 40 voluntários, metade dos quais das Forças Armadas, começaram a ser testados em junho. A chamada fase 1 acabou, e os russos, considerando os resultados satisfatórios, pularam direto para a fase 3.

 

Apenas cerca de 45,7 milhões dos 144 milhões de russos, ou pouco mais de 31% da população, estão totalmente vacinados, de acordo com os dados mais recentes do site Our World in Data, ligado à Universidade Oxford. Os que tomaram ao menos uma dose do imunizante somam 50,1 milhões.

Outro fator que contribuiu para a piora da crise sanitária, a ausência de restrições rígidas permitiu que o vírus se propagasse descontroladamente, embora várias regiões tenham restabelecido a obrigação de passaportes sanitários com códigos QR para acessar lugares públicos.

O governo, que comunicou nesta semana que as autoridades devem garantir que “a economia siga funcionando”, acabou culpando o ceticismo da população frente à imunização pelo aumento de casos e mortes. Dmitri Peskov, o porta-voz do Kremlin, por exemplo, disse que a gestão de Putin fez todo o possível para dar aos russos a oportunidade de “salvar suas vidas tomando a vacina”.

Agora, o número total de mortes oficialmente registradas no país chegou a 222.315, e a soma de infecções atingiu a marca de 7,95 milhões. A Rosstat, serviço federal de estatísticas, que mantém uma contabilização independente de mortes por Covid, no entanto, apontou neste mês que cerca de 418 mil óbitos foram registrados entre abril de 2020 e agosto deste ano.

Assim, a cifra de mortes em excesso na Rússia, que alguns epidemiologistas afirmam ser a melhor maneira de medir o impacto de uma pandemia, chegou a 575 mil óbitos extras em comparação à taxa de mortalidade média no mesmo período entre 2015 e 2019.

Fonte: Notícias ao Minuto
Créditos: Polêmica Paraíba