Donald Trump ou Joe Biden ?

PANDEMIA, MEIO AMBIENTE E PAÍS PARTIDO: os desafios para o novo presidente dos EUA

Em meio à pandemia do coronavírus, os Estados Unidos enfrentam mais um dilema: decidir, nesta terça-feira (3/11), quem estará à frente do país pelos próximos quatro anos. Seja Donald Trump ou Joe Biden, o eleito terá enorme influência em questões essenciais para os norte-americanos, respigando no resto do mundo.

O principal, é claro, será o enfrentamento da Covid-19. O futuro presidente herdará um país assolado pela doença – até agora são pouco mais de 231 mil mortos, segundo balanço da Universidade Johns Hopkins – e, ao mesmo tempo, dividido sobre a real extensão do problema e as medidas necessárias de enfrentamento.

A economia dos Estados Unidos, depois do lockdown estipulado desde março, foi ladeira abaixo e precisará ser reconstruída. Em meio ao cenário pandêmico, o país atingiu alto índice de desemprego. Os comerciantes, principalmente os pequenos, tiveram que desistir dos negócios e o número de desempregados disparou, saltou de 3,5% para taxas de desocupação acima dos 10,2%.

Polarização política e combate ao racismo
Mesmo diante do avanço da Covid-19, um debate nacional ganhou ainda mais força: o combate ao racismo. O assassinato de George Floyd em Minnesota, em maio, desencadeou a maior onda de protestos em cinco décadas nos EUA, deixando o país, já polarizado, ver as diferenças se aprofundarem dramaticamente.

A nova liderança do país enfrentará uma população indignada com o nível de desigualdade social, um país assolado por tensões raciais e sem saber como lidar com constantes episódios de violência policial – o que retroalimenta a inquietação. Seja o líder republicano ou o rival, o democrata Joe Biden, o próximo mandatário terá o desafio de governar um país onde a polarização parece quase irreversível neste momento.

“As questões raciais e de valor social, como aborto, por exemplo, vieram para ficar. Elas acabam criando um caldo cultural que se mistura com questões de ordem política. Não tem como fugir dessa agenda”, afirma Robson Valdez, doutor em estudos estratégicos internacionais e pós-doutorando em relações internacionais pela Universidade de Brasília (UnB).

“Diante disso, para Valdez, um dos grandes desafios para os próximos anos será acalmar os ânimos da população. “A eleição está realmente polarizada, reforçando o que vem acontecendo há um bom tempo. Independentemente de quem ganhar, o mandato será iniciado em uma condição de muita disputa e forte mobilização contrária“, continua.

Relação com a China
“Desde 2016, Trump tinha anunciado que a China seria o novo e o principal adversário da América”, explicou Valez. A relação entre os dois países, segundo o pesquisador, foi tornando-se mais tensa quando a China passou a competir em áreas estratégicas nas quais os EUA eram hegemônicos.

A Covid-19 veio e mexeu ainda mais nessa dinâmica, gerando novos embates, como imposições de tarifas sobre produtos importados, barreiras comerciais, acusações de espionagem e até de conspiração sobre a real origem do vírus.

Com duração e final imprevisíveis, o futuro presidente dos EUA terá esse imbróglio, nada pequeno, para lidar. “Os democratas sempre foram mais complacentes com a China e mais conflitivos com os russos. O Trump, não. Ele governou ao contrário. Acredito que, caso Biden seja eleito, ele tentará trazer a relação com a China para o campo da negociação, não do conflito”, disse Valdez.

Clima
Outro assunto que deverá ser tratado com urgência pelo próximo presidente é a questão climática. Os EUA são o segundo maior emissor de CO2 no mundo e cientistas e ativistas de todo o planeta alertam para o perigo da situação.

Desde que foi eleito, o atual presidente, Donald Trump, reverteu regras ambientais, afrouxou regulamentos sobre poluição de ar e água e retirou o país do Acordo de Paris, assinado pelos EUA e por 196 nações para enfrentar a crise climática.

Influente em todo o mundo e desafeto de Trump, a ativista ambiental Greta Thunberg anunciou, em outubro, apoio à candidatura do democrata Joe Biden, incentivando os eleitores preocupados com o meio ambiente a fazerem o mesmo. Pelo Twitter, ela afirmou que nunca se engajou em disputas políticas, mas que por causa do peso dos EUA na situação climática do mundo, esta “eleição está acima disso tudo”.

Fonte: METRO
Créditos: Polêmica Paraíba